Relatadas explosões em Caxemira, horas depois de anunciado o cessar-fogo entre Índia e Paquistão
EPA/MUKESH

Relatadas explosões em Caxemira, horas depois de anunciado o cessar-fogo entre Índia e Paquistão

O presidente dos EUA anunciou um cessar-fogo "total e imediato" e as duas potencias nucleares confirmaram a trégua.
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O presidente dos EUA anunciou este sábado (10 de maio) um cessar-fogo total entre a Índia e o Paquistão. A informação foi dada na rede social de Donald Trump, a Truth Social.

"Após uma longa noite de negociações mediadas pelos Estados Unidos, tenho o prazer de anunciar que a Índia e o Paquistão chegaram a acordo sobre um cessar-fogo total e imediato", escreveu o presidente norte-americano na mensagem. "Parabéns a ambos os países por usarem bom senso e grande inteligência", destacou Trump.

Tanto a Índia como o Paquistão confirmaram o cessar-fogo, mas horas depois do anúncio da trégua foram relatadas explosões na cidade de Srinagar, na Caxemira administrada por Nova Deli.

“Que raio aconteceu ao cessar-fogo? Ouviram-se explosões em Srinagar”, relatou Omar Abdullah, ministro-chefe do território, na rede social X.

Numa outra publicação, o governante publicou um vídeo, indicando que as defesas aéreas de Srinagar estavam a funcionar. "Isto não é um cessar-fogo", escreveu. Esta informação não foi confirmada.

O ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês confirmou o cessar-fogo "com efeitos imediatos", após o anúncio de Trump. "O Paquistão sempre lutou pela paz e segurança na região, sem comprometer a sua soberania e integridade territorial", declarou Ishaq Dar, também vice-primeiro-ministro do país, na rede social X.

A Índia confirmou igualmente a trégua, alcançada após as hostilidades entre as duas potências nucleares na sequência do ataque na madrugada da passada quarta-feira levado a cabo pelas forças armadas indianas, visando locais do Paquistão e da Caxemira paquistanesa, que, segundo Nova Deli, albergavam infraestruturas terroristas.

"Foi acordado entre ambas as partes que cessariam todos os combates e ações militares em terra, no ar e no mar, com efeito a partir das 17:00" (12:30 hora em Lisboa), informou o secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misr, em conferência de imprensa, segundo os media internacionais.

Numa mensagem publicada na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, S. Jaishankar, afirmou que o seu país e o Paquistão chegaram a um "entendimento sobre a cessação dos disparos e das ações militares".

"A Índia tem mantido sistematicamente uma posição firme e intransigente contra o terrorismo em todas as suas formas e manifestações. Continuará a fazê-lo", assegurou o chefe da diplomacia da Índia.

O governo indiano fez saber que o acordo foi “negociado diretamente” entre os dois países em conflito, isto depois de Donald Trump ter afirmado que Índia e Paquistão tinham concordado com um cessar-fogo mediado pelos EUA.

O cessar-fogo foi negociado entre o chefe das operações militares do Paquistão e o seu homólogo indiano durante uma conversa telefónica, disse o secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Nova Deli aos jornalistas, dando ainda conta que na segunda-feira vão decorrer negociações entre os dois países.

“Os líderes das operações militares voltarão a reunir-se em 12 de maio”, acrescentou.

“Não foi tomada qualquer decisão para abrir novas discussões [entre os dois países] sobre outras questões”, adiantou uma outra fonte do Governo indiano sob anonimato.

Para o primeiro-ministro do Paquistão, o cessar-fogo marca um “novo começo".

Shehbaz Sharif agradeceu a Donald Trump, ao vice-presidente dos EUA, JD Vance e ao secretário de Estado norte-americano Marco Rubio pelo contributo que deram para a paz, que o Paquistão aceitou “no interesse da paz e da estabilidade regionais”.

“O Paquistão acredita que isto marca um novo começo na resolução de questões que têm atormentado a região e impedido a sua jornada em direção à paz, prosperidade e estabilidade”, declarou.

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Depois de Islamabade, Nova Deli e Washington terem anunciado um cessar-fogo imediato entre a Índia e o Paquistão, o espaço aéreo paquistanês foi reaberto “a todos os voos”, avançou a Autoridade de Aviação do país.

Durante vários dias, o Paquistão fechou e reabriu vários dos seus aeroportos e espaço aéreo em resposta a ataques e contra-ataques do seu vizinho indiano, com quem teve recentemente o pior confronto militar entre os dois estados das últimas duas décadas.

O Paquistão acusou a Índia de ter iniciado as hostilidades com o ataque aéreo lançado na quarta-feira. Nova Deli garante ter atacado infraestruturas terroristas em solo paquistanês, matando mais de 100 terroristas, enquanto Islamabade nega as afirmações e diz que foram atingidos civis.

A Índia diz que foi o Paquistão a desencadear a atual crise, acusando-o de ter ajudado o ataque terrorista de 22 de abril na Caxemira administrada pela Índia, no qual morreram 26 pessoas.

Nos primeiros dias, o ataque indiano de quarta-feira conduziu a uma escalada das hostilidades entre os países vizinhos.

Desde então, as trocas de tiros e artilharia tornaram-se habituais ao longo da fronteira de facto entre os dois países na região disputada de Caxemira, enquanto por via aérea também se travou uma batalha de mísseis e 'drones'.

Pelo menos 80 pessoas morreram desde o início do conflito. A Índia registou 49 mortes, incluindo os 26 turistas indianos que perderam a vida no ataque terrorista.

Do lado paquistanês, o número de mortos é de 33, com mais 62 feridos, incluindo 14 soldados.

A última vaga de ataques ocorreu na manhã deste sábado. De acordo com o Paquistão, o ataque com mísseis teve como alvo várias posições indianas perto da fronteira, incluindo postos militares, e destruiu duas bases aéreas.

O exército do Paquistão também afirmou que se defendeu de um ataque indiano a várias bases aéreas paquistanesas, alegando ter intercetado os 'drones'. Os postos militares não foram danificados, indicou Islamabade.

Já o exército indiano revelou que foram identificados vários 'drones' durante a noite a sobrevoar a cidade de Amritsar, no Punjab indiano.

Índia e Paquistão, que reivindicam a totalidade da região de Caxemira, têm estado em conflito desde a independência, em 1947.

Com Lusa

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