Secretário da Defesa dos EUA afasta adesão da Ucrânia à NATO e remete para a Europa a proteção das fronteiras
O secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou esta quarta-feira que a guerra entre Ucrânia e Rússia “tem de acabar”, mas avisou que a entrada da Ucrânia na NATO não é realista e que os Estados Unidos não vão mais dar prioridade à segurança da Ucrânia e da Europa, porque o foco vai passar a ser proteger as fronteiras norte-americanas e impedir uma guerra com a China.
Em declarações antes de uma reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, em Bruxelas, Hegseth vincou ainda que devem ser as tropas europeias a principal força para proteger a Ucrânia do pós-guerra, uma vez que as tropas norte-americanas não estarão envolvidas.
O responsável disse que “os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à NATO seja um resultado realista de um acordo negociado” e que eventuais garantias de segurança oferecidas àquele país do leste europeu “devem ser apoiadas por tropas europeias e não europeias capazes”. “Para que fique claro, como parte de qualquer garantia de segurança, não haverá tropas norte-americanas enviadas para a Ucrânia”, vincou, reforçando também o apelo de Donald Trump para que os aliados aumentem as despesas com a defesa para 5% do PIB, em vez dos atuais 2%.
Hegseth considerou ainda “um objetivo irrealista” o regresso da Ucrânia às fronteiras que tinha antes de 2014, ano em que a Rússia invadiu a Crimeia e o leste da Ucrânia.
O sentimento de que a recuperação da Crimeia não é realista merece a concordância de muitos aliados da NATO e nem o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem insistido nisso.
A CNN, que cita um responsável europeu de Defesa, salienta que muitos membros da NATO não acreditam que a Ucrânia possa aderir à aliança, mas que não o dizem publicamente para não fortalecer a posição da Rússia.
As declarações de Hegseth, embora fortes e distantes da abordagem da administração Biden, não apanharam de surpresa os aliados europeus dos Estados Unidos, podendo o Reino Unido assumir o papel de aliado ocidental mais próximo da Ucrânia. No entanto, os países mais pequenos do flanco leste da NATO, como a Letónia, estão preocupados com o recuo norte-americano.