Sarkozy dá entrada na prisão no dia 21 e terá uma cela privada, com chuveiro, televisão e frigorífico
EPA/YOAN VALAT

Sarkozy dá entrada na prisão no dia 21 e terá uma cela privada, com chuveiro, televisão e frigorífico

Ex-presidente francês foi condenado a cinco anos de prisão, no dia 25 de setembro, por associação criminosa no caso do financiamento líbio da sua campanha. Cumpre pena na prisão de La Santé, em Paris.
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Considerado culpado de associação criminosa e condenado a cinco anos de prisão efetiva, no passado dia 25 de setembro, Nicolas Sarkozy ficou esta segunda-feira (13) a saber que vai começar a cumprir pena no próximo dia 21 de outubro. O ex-presidente francês, considerado culpado num caso de financiamento líbio à sua campanha nas presidenciais de 2007, com dinheiro do governo do então líder líbio Muammar Kadafi, vai ficar encarcerado na prisão de La Santé, em Paris, onde ficará detido numa "ala vulnerável", onde terá uma cela privada. A divisão tem 9 m² e está equipada com chuveiro, frigorífico e televisão.

A "ala vulnerável" da prisão de La Santé, localizada no 14º arrondissement de Paris, está reservada a detidos que cumpram uma série de requisitos. O ex-presidente é elegível para ali ficar devido à sua idade, 70 anos, e à sua notoriedade. Apesar de esta ala ser por vezes apelidada de "ala VIP, isso não significa que "haverá um tratamento especial", precisou à BFMTV, em setembro, o secretário local do sindicato Force Ouvrière, Hugo Vitry.

O ex-presidente terá direito a sair para "pelo menos um passeio por dia", especifica Vitry. Uma saída que é feita sozinho num pátio isolado do resto dos detidos "clássicos" da prisão.

Esta é uma sentença inédita para um antigo chefe do Estado francês e um duro golpe para um homem que sempre clamou a sua inocência - e que denuncia este e outros processos judiciais que enfrentou como tendo motivações políticas.

À saída do tribunal, após conhecer a sentença, o ex-presidente francês garantiu: "Se querem mesmo que eu durma na prisão, dormirei na prisão, mas de cabeça erguida.""Sou inocente, esta injustiça é um escândalo", disse. "Não tenho espírito de vingança nem ódio. Lutarei até ao meu último suspiro para provar a minha completa inocência", acrescentou.

Antes de ficar a saber onde vai ser encarcerado, Sarkozy reuniu amigos e colaboradores para uma despedida. Foram mais de uma centena aqueles que se juntaram no Pavillon des Étangs, no Bois de Boulogne, em Paris, para ouvir o ex-presidente garantir: "O fim da história ainda não foi escrito". Diante de conselheiros, autarcas, membros dos serviços de segurança, maquilhadoras ou secretárias, Sarkozy exclamou: "Não tenham pena de mim, odeio choraminguices. O que conta para mim é a vossa indignação". E acrescentou: "Dentro de uns dias, quando o escândalo passar, vou precisar da vossa indignação".

Mal Sarkozy pise a prisão, os seus advogados podem apresentar um pedido de libertação no tribunal de recurso. Este tem dois meses para analisar o pedido e, tendo em conta que o ex-presidente preenche vários requisitos para beneficiar da libertação - não apresenta risco de reincidência ou de fuga -, poderá sair da prisão ainda antes do Natal.

Investigações criminais

Desde que perdeu a reeleição em 2012, Sarkozy tem sido alvo de várias investigações criminais. O ex-presidente recorreu de uma decisão de fevereiro de 2024 que o considerou culpado por gastos excessivos na sua campanha de reeleição e por contratar uma empresa de relações públicas para encobrir o caso. Foi condenado a um ano, dos quais seis meses foram suspensos.

Em 2021, foi considerado culpado de tentar subornar um juiz em 2014 e tornou-se o primeiro ex-presidente francês a receber uma pena privativa de liberdade. Em dezembro, o tribunal de recurso de Paris decidiu que podia cumprir a pena em casa, usando uma pulseira eletrónica, em vez de ir para a prisão.

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