Revista corporal e kit novo detido. Sarkozy vai dar entrada na prisão
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Revista corporal e kit novo detido. Sarkozy vai dar entrada na prisão

Antigo presidente francês foi recebido pelo atual chefe do Estado Emmanuel Macron antes de dar entrada nesta terça-feira na prisão parisiense de La Santé.
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Quando forem 9h30 em Paris (menos uma hora em Lisboa) de terça-feira 21 de outubro, Nicolas Sarkozy vai dar entrada no estabelecimento prisional de La Santé. O ex-presidente francês, considerado culpado de associação criminosa e condenado a cinco anos de prisão efetiva no passado dia 25 de setembro, não pediu qualquer medida de exceção e terá, portanto, de seguir o mesmo protocolo que qualquer outro detido.

Considerado culpado num caso de financiamento à sua campanha nas presidenciais de 2007, com dinheiro do governo do então líder líbio Muammar Kadafi, logo à chegada à prisão Sarkozy vai receber o guia de boas-vindas e o regulamento interno. Aos 70 anos, Sarkozy passará então pelo serviço de registo, onde a sua identidade será anotada, sendo-lhe então recordado o motivo pelo qual está preso. De seguida, serão recolhidas as suas impressões digitais e tirada a sua fotografia. É-lhe de seguida atribuído um número de detido e criado o seu cartão de identidade interno da prisão.

A etapa seguinte, segundo a BFMTV é a passagem pelo vestiário, onde o ex-presidente deixará os documentos e objetos proibidos na prisão. Dinheiro e joias terão de ser colocados no cofres, com exceção para a aliança, relógio e eventuais objetos religiosos.

O protocolo prevê de seguida uma revista corporal completa, antes de o detido receber o kit de chegada, com produtos de higiene, roupa interior limpa, mas também lençóis, um cobertor, louça para as refeições, bem como papel e lápis. O sexto presidente da V. República será então colocado na ala chegadas, destinada aos novos detidos. Apesar de não o ter pedido, ficará numa cela individual, por razões de segurança. Nesse espaço de 11m2 com janela, Sarkozy terá ainda uma televisão, mas não o telemóvel. Com ele, confessou ao Le Figaro, vai levar dois livros: O Conde de Monte Cristo e uma biografia de Jesus.

Quando ao tempo livre, o ex-presidente já prometeu aproveitá-lo para escrever um livro sobre a sua experiência na prisão.

À Tribune du Dimanche, Sarkozy garantiu "não tenho medo da prisão. Vou manter a cabeça erguida". Ontem surgiu a notícia de que o ex-presidente foi recebido na sexta-feira pelo atual chefe do Estado, Emmanuel Macron. "É normal que, no plano humano, eu receba um dos meus predecessores, neste contexto", afirmou Macron

Esta é uma sentença inédita para um antigo chefe do Estado francês e um duro golpe para um homem que sempre clamou a sua inocência e que denuncia este e outros processos judiciais que enfrentou como tendo motivações políticas.

Desde que perdeu a reeleição em 2012, Sarkozy tem sido alvo de várias investigações criminais. O ex-presidente recorreu de uma decisão de fevereiro de 2024 que o considerou culpado por gastos excessivos na sua campanha de reeleição e por contratar uma empresa de relações públicas para encobrir o caso. Foi condenado a um ano, dos quais seis meses foram suspensos.

Em 2021, foi considerado culpado de tentar subornar um juiz em 2014 e tornou-se o primeiro ex-presidente francês a receber uma pena privativa de liberdade. Em dezembro, o tribunal de recurso de Paris decidiu que podia cumprir a pena em casa, usando uma pulseira eletrónica, em vez de ir para a prisão.

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