Ex-presidente de Taiwan foi recebido por Xi Jinping em Pequim.
Ex-presidente de Taiwan foi recebido por Xi Jinping em Pequim.EPA/XINHUA / Ju Peng

“Reunião de família” de Xi e Ma antes de Biden receber Kishida e Marcos

Presidente chinês recebeu ex-líder de Taiwan. Em Washington, cimeira a três de olhos em Pequim.
Publicado a
Atualizado a

O presidente chinês, Xi Jinping, recebeu esta quarta-feira o antigo homólogo de Taiwan, Ma Ying-jeou, no final da “Viagem da Paz” de 11 dias deste pela China e numa altura de tensão entre os dois lados do estreito. O encontro inédito ocorreu horas antes de, em Washington, o presidente norte-americano, Joe Biden, receber numa visita de Estado o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e na véspera da cimeira a três com o líder filipino, Ferdinand Marcos Jr., que terá Pequim na agenda.

“A interferência externa não pode parar a tendência histórica de reunião do país e da família”, defendeu Xi após o encontro no Grande Salão do Povo com Ma, ex-dirigente do Kuomitang  (mais aberto a Pequim). “Não há rancor que não possa ser resolvido, problema que não possa ser discutido e força que nos possa separar”, reforçou, alegando que os dois lados pertencem à nação e povo chinês.

A China considera Taiwan uma província rebelde cuja soberania não afasta recuperar pela força, tendo a tensão aumentado nos últimos anos de Governo do Partido Democrático Progressista (pró-independência). “A guerra seria insuportável e os dois lados do estreito têm a sabedoria para evitar um conflito”, disse o “senhor Ma”, como foi tratado pelo líder chinês. O ex-presidente de Taiwan (2008-2016), por seu lado, tratou o interlocutor por “secretário-geral Xi”, o título do dirigente do Partido Comunista Chinês.

Esta foi a primeira vez que um ex-líder de Taiwan se reuniu com um presidente chinês na China continental - depois de uma primeira viagem há um ano sem esse encontro -, sendo que nunca um líder da ilha em funções visitou o território chinês. Este não foi, contudo, o primeiro encontro entre ambos.

Em novembro de 2015, em Singapura, a reunião entre Xi e Ma - a primeira entre os dois lados desde a fuga de Chiang Kai-shek para a ilha, após o final da Guerra Civil, em 1949 - ficou marcada por um aperto de mão de 80 segundos. Na altura falou-se num “novo capítulo na História”, mas meses depois a atual presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, ganhou as eleições. Em janeiro, o seu partido venceu um novo mandato e Lai Ching-te toma posse em maio.

ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Entretanto, Biden recebeu Kishida na Casa Branca, destacando a “indestrutível” parceria entre EUA e Japão. Esta aliança é uma “pedra angular da paz, segurança e prosperidade, no Indo-Pacífico e em todo o mundo”, acrescentou, falando numa parceria “verdadeiramente global” e destacando também o reforço das relações entre Tóquio e Seul, diante da ameaça de Pyongyang.

Kishida teve esta quarta-feira direito a um Jantar de Estado e hoje vai discursar no Congresso - o último primeiro-ministro japonês a fazê-lo foi Shinzo Abe, há nove anos. Mais tarde, os dois líderes juntam-se ao presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., para uma cimeira trilateral que terá o foco nas disputas territoriais com Pequim no Mar do Sul da China.

susana.f.salvador@dn.pt

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt