Portugal está prestes a reconhecer o Estado da Palestina.
Portugal está prestes a reconhecer o Estado da Palestina.

Reino Unido, Canadá e Austrália reconhecem Estado da Palestina

Portugal vai fazer o mesmo anúncio ainda este domingo, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
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O Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram este domingo, 21 de setembro, oficialmente o Estado da Palestina.

“Hoje, para reavivar a esperança de paz e de uma solução de dois Estados, declaro claramente, como primeiro-ministro deste grande país, que o Reino Unido reconhece oficialmente o Estado da Palestina”, anunciou Keir Starmer, numa declaração em vídeo publicada nas redes sociais.

Em cerca de seis minuos, Starmer explica os fundamentos que levaram o governo britânico a tomar esta decisão e realça que o "Hamas é uma organização terrorista" e que o grupo irá sofrer mais sanções nas próximas semanas. "Esta solução não é uma recompensa para o Hamas, porque significa que o Hamas não terá futuro, nenhum papel no governo, nenhum papel na segurança", disse. No entanto, considerou que "o bombardeamento implacável e crescente do governo israelita em Gaza, a ofensiva das últimas semanas, a fome e a devastação são totalmente intoleráveis".

Starmer voltou a apelar ao Hamas para que liberte os reféns e ao governo israelita para que suspenda as "restrições inaceitaveis" na fronteira, de forma a que a ajuda humanitária chegue a Gaza.

Pouco antes do Reino Unido, tinham sido a Austrália e o Canadá a anunciar o reconhecimento do Estado Palestiniano.

“O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece a sua parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel”, anunciou, num comunicado, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney.

O Governo canadiano admitiu não ter ilusões de que este passo "é uma panaceia”, mas afirmou-se “firmemente alinhado com os princípios de autodeterminação e direitos humanos fundamentais refletidos na Carta das Nações Unidas e com a política consistente do Canadá há gerações”.

“O reconhecimento do Estado da Palestina, liderado pela Autoridade Palestiniana, fortalece aqueles que buscam a coexistência pacífica e o fim do Hamas”, defendeu Carney, para quem esta decisão “não legitima de forma alguma o terrorismo, nem é uma recompensa por ele”.

Segundo o primeiro-ministro canadiano, a decisão de reconhecer o Estado palestiniano “não compromete de forma alguma o apoio inabalável do Canadá ao Estado de Israel, ao seu povo e à sua segurança — segurança que só pode ser garantida, em última instância, através da concretização de uma solução abrangente de dois Estados”.

Quase em simultâneo com o Canadá, a Austrália fez o anúncio do reconhecimento oficial do Estado da Palestina, afirmando reconhecer “as aspirações legítimas e de longa data do povo palestiniano a um Estado próprio”, afirmaram, num comunicado conjunto, o primeiro-ministro, Anthony Albanese, e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong.

o Governo australiano lembrou que “a comunidade internacional estabeleceu requisitos claros para a Autoridade Palestiniana”, cujo Presidente, Mahmud Abbas, “reiterou o reconhecimento do direito de Israel a existir e apresentou garantias diretas à Austrália, incluindo compromissos de realizar eleições democráticas e implementar reformas significativas no financiamento, na governação e na educação”.

Para Camberra, a “organização terrorista Hamas não pode ter qualquer papel na Palestina”.

“Já está em curso um trabalho crucial em toda a comunidade internacional para desenvolver um plano de paz credível que permita a reconstrução de Gaza, fortaleça a capacidade do Estado da Palestina e garanta a segurança de Israel”, sublinhou o Governo australiano.

Portugal vai fazer o mesmo anúncio ainda este domingo, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Uma decisão que tem "pleno apoio" do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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CDS diverge do Governo no reconhecimento da Palestina
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Marcelo afirma "pleno apoio" ao reconhecimento do Estado da Palestina

França também reconhecerá o Estado palestiniano durante uma conferência promovida pela França e Arábia Saudita, sobre a solução dos dois Estados, no âmbito da semana de alto nível da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, esta segunda-feira.

Outros países que deverão fazê-lo são Bélgica, Malta, Luxemburgo (todos da União Europeia), Andorra e São Marino.

Netanyahu diz que um Estado palestiniano ameaça existência de Israel

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu também este domingo que a criação de um Estado palestiniano colocará em risco a existência de Israel e prometeu combater os apelos nesse sentido perante a Assembleia Geral da ONU.

“Teremos de (...) lutar na ONU e em todos os outros fóruns contra a propaganda enganosa contra nós e contra os apelos à criação de um Estado palestiniano, que colocaria em risco a nossa existência e constituiria uma recompensa absurda ao terrorismo”, afirmou.

“A comunidade internacional ouvirá a nossa posição sobre este assunto nos próximos dias”, disse Netanyahu antes de uma reunião do Conselho de Ministros, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Netanyahu deverá discursar perante a Assembleia Geral em Nova Iorque na sexta-feira, 28 de setembro, e reunir-se na segunda-feira seguinte, 29, com o Presidente Donald Trump em Washington, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

“Esta será a quarta vez que me reunirei com ele desde o início do seu segundo mandato, mais do que com qualquer outro líder mundial. E temos muito sobre o que conversar”, disse Netanyahu.

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Reconhecimento do Estado da Palestina nada mudará na ocupação israelita. Meramente simbólico, dizem analistas

Ministros radicais apelam a anexação da Cisjordânia

Em retaliação pelo reconhecimento do Estado da Plaestina pelo Reino Unido, Canadá e Austrália, os ministros israelitas ultradireitistas Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich apelaram à anexação por Israel do território ocupado da Cisjordânia.

"O reconhecimento de um Estado palestiniano por países como o Reino Unido, o Canadá e a Austrália [...] impõe uma resposta imediata: a anexação imediata da Judeia e Sumaria [nome usado por Israel para designar o território ocupado da Cisjordânia]", disse o ministro de Segurança, Itamar Ben Gvir, num comunicado citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).

Na nota, o também líder do partido extremista Otzma Yehudit defendeu ainda o "desmantelamento completo da Autoridade Palestiniana".

Já o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, considerou, numa publicação na rede social X, que "a única resposta a esta atitude anti-israelita é a anexação das terras da pátria do povo judeu na Judeia e Samaria e o abandono definitivo da ideia absurda de um Estado palestiniano".

"Senhor primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu], o momento chegou e decisão está nas vossas mãos", exortou.

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