O Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram este domingo, 21 de setembro, oficialmente o Estado da Palestina.“Hoje, para reavivar a esperança de paz e de uma solução de dois Estados, declaro claramente, como primeiro-ministro deste grande país, que o Reino Unido reconhece oficialmente o Estado da Palestina”, anunciou Keir Starmer, numa declaração em vídeo publicada nas redes sociais.Em cerca de seis minuos, Starmer explica os fundamentos que levaram o governo britânico a tomar esta decisão e realça que o "Hamas é uma organização terrorista" e que o grupo irá sofrer mais sanções nas próximas semanas. "Esta solução não é uma recompensa para o Hamas, porque significa que o Hamas não terá futuro, nenhum papel no governo, nenhum papel na segurança", disse. No entanto, considerou que "o bombardeamento implacável e crescente do governo israelita em Gaza, a ofensiva das últimas semanas, a fome e a devastação são totalmente intoleráveis".Starmer voltou a apelar ao Hamas para que liberte os reféns e ao governo israelita para que suspenda as "restrições inaceitaveis" na fronteira, de forma a que a ajuda humanitária chegue a Gaza.Pouco antes do Reino Unido, tinham sido a Austrália e o Canadá a anunciar o reconhecimento do Estado Palestiniano.“O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece a sua parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel”, anunciou, num comunicado, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney.O Governo canadiano admitiu não ter ilusões de que este passo "é uma panaceia”, mas afirmou-se “firmemente alinhado com os princípios de autodeterminação e direitos humanos fundamentais refletidos na Carta das Nações Unidas e com a política consistente do Canadá há gerações”.“O reconhecimento do Estado da Palestina, liderado pela Autoridade Palestiniana, fortalece aqueles que buscam a coexistência pacífica e o fim do Hamas”, defendeu Carney, para quem esta decisão “não legitima de forma alguma o terrorismo, nem é uma recompensa por ele”.Segundo o primeiro-ministro canadiano, a decisão de reconhecer o Estado palestiniano “não compromete de forma alguma o apoio inabalável do Canadá ao Estado de Israel, ao seu povo e à sua segurança — segurança que só pode ser garantida, em última instância, através da concretização de uma solução abrangente de dois Estados”.Quase em simultâneo com o Canadá, a Austrália fez o anúncio do reconhecimento oficial do Estado da Palestina, afirmando reconhecer “as aspirações legítimas e de longa data do povo palestiniano a um Estado próprio”, afirmaram, num comunicado conjunto, o primeiro-ministro, Anthony Albanese, e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong.o Governo australiano lembrou que “a comunidade internacional estabeleceu requisitos claros para a Autoridade Palestiniana”, cujo Presidente, Mahmud Abbas, “reiterou o reconhecimento do direito de Israel a existir e apresentou garantias diretas à Austrália, incluindo compromissos de realizar eleições democráticas e implementar reformas significativas no financiamento, na governação e na educação”.Para Camberra, a “organização terrorista Hamas não pode ter qualquer papel na Palestina”.“Já está em curso um trabalho crucial em toda a comunidade internacional para desenvolver um plano de paz credível que permita a reconstrução de Gaza, fortaleça a capacidade do Estado da Palestina e garanta a segurança de Israel”, sublinhou o Governo australiano.Portugal vai fazer o mesmo anúncio ainda este domingo, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Uma decisão que tem "pleno apoio" do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa..CDS diverge do Governo no reconhecimento da Palestina.Marcelo afirma "pleno apoio" ao reconhecimento do Estado da Palestina . França também reconhecerá o Estado palestiniano durante uma conferência promovida pela França e Arábia Saudita, sobre a solução dos dois Estados, no âmbito da semana de alto nível da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, esta segunda-feira.Outros países que deverão fazê-lo são Bélgica, Malta, Luxemburgo (todos da União Europeia), Andorra e São Marino..Netanyahu diz que um Estado palestiniano ameaça existência de Israel. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu também este domingo que a criação de um Estado palestiniano colocará em risco a existência de Israel e prometeu combater os apelos nesse sentido perante a Assembleia Geral da ONU.“Teremos de (...) lutar na ONU e em todos os outros fóruns contra a propaganda enganosa contra nós e contra os apelos à criação de um Estado palestiniano, que colocaria em risco a nossa existência e constituiria uma recompensa absurda ao terrorismo”, afirmou.“A comunidade internacional ouvirá a nossa posição sobre este assunto nos próximos dias”, disse Netanyahu antes de uma reunião do Conselho de Ministros, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).Netanyahu deverá discursar perante a Assembleia Geral em Nova Iorque na sexta-feira, 28 de setembro, e reunir-se na segunda-feira seguinte, 29, com o Presidente Donald Trump em Washington, segundo a agência de notícias espanhola EFE.“Esta será a quarta vez que me reunirei com ele desde o início do seu segundo mandato, mais do que com qualquer outro líder mundial. E temos muito sobre o que conversar”, disse Netanyahu. .Reconhecimento do Estado da Palestina nada mudará na ocupação israelita. Meramente simbólico, dizem analistas .Ministros radicais apelam a anexação da Cisjordânia.Em retaliação pelo reconhecimento do Estado da Plaestina pelo Reino Unido, Canadá e Austrália, os ministros israelitas ultradireitistas Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich apelaram à anexação por Israel do território ocupado da Cisjordânia."O reconhecimento de um Estado palestiniano por países como o Reino Unido, o Canadá e a Austrália [...] impõe uma resposta imediata: a anexação imediata da Judeia e Sumaria [nome usado por Israel para designar o território ocupado da Cisjordânia]", disse o ministro de Segurança, Itamar Ben Gvir, num comunicado citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).Na nota, o também líder do partido extremista Otzma Yehudit defendeu ainda o "desmantelamento completo da Autoridade Palestiniana".Já o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, considerou, numa publicação na rede social X, que "a única resposta a esta atitude anti-israelita é a anexação das terras da pátria do povo judeu na Judeia e Samaria e o abandono definitivo da ideia absurda de um Estado palestiniano"."Senhor primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu], o momento chegou e decisão está nas vossas mãos", exortou.