Bastaram três dias de uma ofensiva-surpresa a partir da região de Idlib, no noroeste da Síria, para os rebeldes jihadistas do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e os seus aliados conseguirem controlar inúmeras áreas de Aleppo, bem como o seu aeroporto, além de várias cidades na zona rural de Hama, segundo informações do Observatório Sírio de Direitos Humanos (SOHR), uma organização não-governamental sediada em Londres e que conta com uma ampla rede de colaboradores no terreno..A entrada dos rebeldes em Aleppo aconteceu na sexta-feira, marcando a primeira vez que os insurgentes que lutam desde 2011 contra o regime de Bashar al-Assad entram na segunda maior cidade do país desde que foram forçados a sair pelo Exército sírio, em 2016, naquele que foi um ponto de viragem na Guerra Civil do país..“O HTS e as fações assumiram o controlo do Aeroporto Nacional de Aleppo, que é o primeiro aeroporto civil controlado pelo HTS, depois da retirada das forças curdas que tinham chegado no dia anterior à saída das forças do regime”, explicava ontem SOHR. Segundo a mesma fonte, a ofensiva relâmpago do Hayat Tahrir al-Sham, iniciada a 27 de novembro, já fez pelo menos 327 mortos - 183 rebeldes, 100 membros das forças do regime sírio e seus aliados e 44 civis..Há também relatos de ataques aéreos russos na madrugada de ontem em Aleppo e, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, à tarde “pelo menos 16 civis foram mortos e outros 20 ficaram feridos” numa incursão de “caças que se acredita serem russos, tendo como alvo uma concentração de pessoas na rotunda de Al-Basel, na cidade de Aleppo”..Na sexta-feira, o Kremlin reagiu à ofensiva sobre Aleppo liderada pelos rebeldes jihadistas dizendo que “é um ataque à soberania síria e somos a favor de que as autoridades sírias ponham ordem na área e restaurem a ordem constitucional o mais rapidamente possível”. Questionado sobre se Bashar al-Assad estaria em Moscovo, como afirmam alguns meios de comunicação e canais das redes sociais, o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, afirmou não ter “nada a dizer”..Do lado do regime Assad, as suas forças militares levaram ontem a cabo uma “retirada temporária das tropas” em Aleppo para se prepararem para uma contraofensiva para atingir os “terroristas”. Segundo a Reuters, o comando militar sírio informou ontem que os rebeldes atacaram em grande número e em várias direções em Aleppo, situação que levou “as nossas forças armadas a realizar uma operação de redistribuição destinada a fortalecer as linhas de defesa, com o objetivo de absorver o ataque e preservar as vidas de civis e soldados”.