Putin fala com Trump sobre a Ucrânia e garante que não vai ceder nos seus objetivos
Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia falaram esta quinta-feira, 3 de julho, ao telefone pela sexta vez desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca em janeiro, uma conversa que, segundo o Kremlin, durou cerca de uma hora e na qual Vladimir Putin fez saber ao seu homólogo que Moscovo quer um fim negociado para a guerra na Ucrânia, mas que não recuará nos objetivos.
“Vladimir Putin observou que continuamos a procurar uma solução política e negociada para o conflito”, disse Yuri Ushakov, conselheiro do Kremlin em política externa, citado pela Reuters. “O nosso presidente disse ainda que a Rússia alcançará os objetivos que estabeleceu: nomeadamente, a eliminação das causas profundas bem conhecidas que levaram ao estado atual das coisas, ao atual confronto agudo, e a Rússia não recuará nesses objetivos”, acrescentou a mesma fonte.
O Kremlin informou ainda que Vladimir Putin pôs Donald Trump a par da implementação dos acordos assinados nos últimos meses entre a Rússia e a Ucrânia nas conversações em Istambul para a troca de prisioneiros de guerra e soldados mortos.
Ushakov notou também que o presidente russo referiu que Moscovo está pronto para continuar as negociações com Kiev, mas que os dois não discutiram a decisão dos Estados Unidos de interromper alguns envios de armas essenciais para a Ucrânia, medida que foi tornada pública esta semana e que o Kremlin já havia aplaudido.
De acordo com o relato do telefonema feito pela presidência russa, Trump, por sua vez, pediu a Vladimir Putin que cessasse as hostilidades na Ucrânia o mais rapidamente possível. Foi ainda notado que os dois chefes de Estado não discutiram um possível encontro.
A última chamada entre os líderes da Casa Branca e do Kremlin ocorreu a 14 de junho e girou em torno dos ataques de Israel às instalações nucleares do Irão, bem como da retaliação de Teerão. Um assunto que também foi abordado ontem.
Para esta sexta-feira, 4 de julho, está prevista uma conversa telefónica entre Trump e Volodymyr Zelensky, que deverão discutir a interrupção abrupta de algumas entregas importantes de armas dos EUA a Kiev, sendo que o presidente ucraniano deverá aumentar o potencial de vendas futuras de armas, segundo o Financial Times.
Enquanto decorria o telefonema entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Zelensky estava na Dinamarca a pedir um reforço da cooperação entre a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte face às “dúvidas” do apoio militar norte-americano à Ucrânia.
“Agora, quando há dúvidas sobre a continuação do apoio dos Estados Unidos à Europa, é ainda mais importante reforçar a nossa cooperação e coordenação através da UE e NATO e também nas nossas relações diretas, tanto entre nós na Europa como com os Estados Unidos”, disse Zelensky.
O presidente ucraniano, que estava na Dinamarca para o arranque oficial da presidência rotativa do Conselho da UE ocupada por Copenhaga país neste semestre, vincou que, apesar da suspensão do fornecimento de certas armas dos Estados Unidos à Ucrânia, Kiev ainda “conta com a continuação do apoio” de Washington.
“Há alguns elementos que a Europa não tem atualmente, especialmente quando falamos do campo de batalha, e refiro-me aos mísseis Patriot. (…) Mas contamos também com a nossa produção ucraniana e, para tal, precisamos de mais financiamento de fundos para o efeito”, prosseguiu o líder ucraniano.
Questionado sobre a chamada entre Trump e Putin, Zelensky afirmou: “Não tenho a certeza de que tenham muitas ideias e temas comuns para falar porque são pessoas muito diferentes, mas se falarmos sobre a Ucrânia, nós apoiámos desde o início a ideia do cessar-fogo incondicional do presidente Trump e sempre dissemos que estamos prontos para qualquer tipo de formato de reunião”.