O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, alertou esta sexta-feira, 14 de novembro, que o surgimento de novos escândalos de corrupção pode dificultar a manutenção de um consenso europeu sobre a ajuda à Ucrânia face aos ataques russos. Tusk observou que já tinha alertado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para a necessidade de ser extremamente sensível até aos mais pequenos sinais de corrupção no seu círculo, uma vez que isso também afeta a sua reputação, segundo a agência Ukrinform. O primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu afirmou que Zelensky reagiu de forma decidida ao escândalo no sector energético e que o Estado ucraniano está determinado a processar os responsáveis, mas que as consequências do escândalo já se fizeram sentir e que o custo será muito elevado. .Europa pressiona Kiev por causa da corrupção, mas garante mais apoio. Os ministros da Energia e da Justiça ucranianos tiveram de se demitir na quarta-feira, depois de uma entidade anti corrupção ter anunciado o desmantelamento de um vasto esquema de corrupção no setor energético. O esquema envolvia vários funcionários ucranianos e um empresário próximo de Zelensky, e subornos no valor de 100 milhões de dólares (86 milhões de euros, ao câmbio atual). De acordo com Tusk, as forças russas e pró-russas na Europa estão a disseminar ativamente narrativas sobre a alegada corrupção na Ucrânia independente. .Governo ucraniano afasta ministro da Justiça por suspeitas de corrupção. Salientou ainda que, na Polónia e em vários outros países, as pessoas estão cansadas da guerra e dos seus custos, o que dificulta a manutenção do apoio à Ucrânia na sua defesa dos ataques da Rússia e alertou que, se os escândalos de corrupção continuarem a ocorrer na Ucrânia, será cada vez mais difícil persuadir os vários parceiros a demonstrarem solidariedade com o país. O primeiro-ministro polaco alertou ainda as autoridades ucranianas para se precavessem contra o que descreveu como o modelo russo de corrupção, explicando que tolerar tais ações poderia comprometer o esforço de guerra da Ucrânia. O escândalo surge numa altura particularmente difícil na frente de batalha, com o exército ucraniano a recuar em várias regiões perante o avanço das tropas russas. .Ucrânia acusa sete pessoas por escândalo de corrupção de 100 milhões de dólares no setor energético. Ocorre também num momento em que a Alemanha tinha acabado de anunciar, no início de novembro, um aumento do apoio à Ucrânia em três mil milhões de euros em 2026, elevando-o para cerca de 11,5 mil milhões. O chanceler alemão exigiu na quarta-feira ao Presidente ucraniano uma luta enérgica contra a corrupção, depois de a Ucrânia ter sido abalada por um escândalo de subornos, anunciou o gabinete de Friedrich Merz. Numa conversa telefónica, Merz "sublinhou que o Governo alemão espera que a Ucrânia avance com energia na luta contra a corrupção, bem como noutras reformas, em particular no domínio do Estado de direito", disse a chancelaria num comunicado. .UE elogia caminho para a adesão da Ucrânia, mas alerta para combate à corrupção. De acordo com o gabinete do chefe do Governo alemão, Zelensky garantiu que as autoridades ucranianas estavam determinadas a recuperar a confiança dos aliados após este caso. Zelensky prometeu "a implementação rápida de novas medidas destinadas a restaurar a confiança da população ucraniana, dos parceiros europeus e dos doadores internacionais", disse o gabinete de Merz, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP). O Governo alemão anunciou na quarta-feira que os pagamentos à Ucrânia iriam continuar, embora manifestando preocupação com o escândalo de corrupção, tendo em conta a ajuda da Alemanha ao setor energético ucraniano. . A Ucrânia está extremamente dependente da ajuda ocidental para resistir à invasão russa e a luta contra a corrupção tem sido uma exigência dos aliados desde antes da guerra. A Alemanha é o principal doador da Ucrânia na Europa e o segundo mundialmente, atrás dos Estados Unidos. Berlim participa no armamento de Kiev contra Moscovo, e nas reparações e proteção da rede energética ucraniana, devastada pelos ataques russos desde o início da invasão, em fevereiro de 2022. A Ucrânia é candidata à União Europeia e as reformas anti corrupção fazem parte dos critérios para a adesão.