A Comissão Europeia garantiu esta quinta-feira, 13 de novembro, que a descoberta do alegado esquema de subornos no setor da energia ucraniano, e que já levou à demissão de dois ministros, mostra que os esforços de Kiev no combate à corrupção estão a surtir efeito, mas voltou a deixar um aviso quanto à sua adesão ao bloco comunitário. “Esta investigação demonstra que os organismos anticorrupção estão presentes e a funcionar na Ucrânia”, declarou o porta-voz da UE Guillaume Mercier. “O combate à corrupção é fundamental para que um país possa entrar na UE. Isto exige esforços contínuos para garantir uma forte capacidade de combate à corrupção e o respeito pelo Estado de direito.”Ao mesmo tempo, Bruxelas quis deixar claro que o seu apoio à Ucrânia continua, com a presidente da Comissão Europeia a anunciar que esta quinta-feira iriam libertar um empréstimo de 6 mil milhões de euros a Kiev. “Vamos cuidar das necessidades financeiras da Ucrânia durante os próximos dois anos”, afirmou Ursula von der Leyen.A primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, anunciou esta quinta-feira planos para uma auditoria à empresa estatal de energia nuclear Energoatom, envolvida no caso conhecido esta semana, e a outras empresas públicas, num esforço para combater a corrupção no país. “Quando o inimigo destrói diariamente o nosso sistema energético e o nosso povo vive sob constantes cortes de energia, qualquer tipo de corrupção é absolutamente inaceitável”.Paralelamente, os ministros das Finanças da UE concordaram esta quinta-feira que a opção mais eficaz para financiar Kiev será com um empréstimo para reparações baseado nos ativos congelados russos, como defende von der Leyen. Proposta que já foi discutida pelos líderes dos 27, recebendo um largo consenso, mas que conta com a oposição da Bélgica.Outras duas opções seriam a UE contrair um empréstimo para cobrir as necessidades de Kiev em 2026 e 2027, utilizando como garantia o seu orçamento a longo prazo, ou cada país do bloco poderia contrair um empréstimo individual e conceder uma subvenção à Ucrânia. “Houve um amplo reconhecimento de que esta opção é o meio mais viável de colmatar rapidamente o défice de financiamento da Ucrânia sem impor um encargo fiscal adicional substancial aos Estados-membros”, afirmou o comissário europeu com a pasta da Economia, Valdis Dombrovskis, após a reunião.O letão acrescentou que haverá mais “diálogos com os Estados-membros para abordar as preocupações remanescentes”, numa clara referência à Bélgica, mas sublinhando que “as consequências de não fazer nada, as consequências da Europa falhar com a Ucrânia, também terão impacto na Europa, pelo que precisamos de ter tudo em conta daqui para a frente no diálogo com todos os Estados-membros.” Dombrovskis revelou ainda que Reino Unido e Canadá - que, além de pertencerem à NATO, fazem parte da Coligação dos Dispostos - deram indicações a Bruxelas de que estão abertos a “replicar uma abordagem semelhante à dos empréstimos de reparação ligados a ativos russos congelados nos seus territórios” para financiar mais ajuda à Ucrânia. “Estamos também em contacto, por exemplo, com as autoridades japonesas sobre o mesmo assunto”.O Fundo Monetário Internacional vai iniciar em breve uma missão na Ucrânia para discutir as suas necessidades de financiamento e um possível novo programa de empréstimos, disse esta quinta-feira a porta-voz do FMI Julie Kozack, sublinhando a necessidade de combater a corrupção. Kiev tem atualmente um programa a quatro anos no valor de 15,5 mil milhões de dólares, tendo já recebido 10,6 mil milhões.Numa entrevista à Bloomberg publicada esta quinta-feira, o presidente ucraniano pediu aos aliados europeus para que ultrapassem as suas divergências sobre a utilização de bens russos congelados, afirmando que os novos fundos são cruciais para que Kiev continue a combater Moscovo. “Espero, se Deus quiser, que consigamos essa decisão”, disse Volodymyr Zelensky, sublinhando que, caso contrário, “teremos de encontrar uma alternativa, é uma questão de sobrevivência. É por isso que precisamos tanto dele. E conto com os parceiros.”.Zelensky afasta ministros e garante que quem prejudicar o Estado ou violar a lei “será responsabilizado”