Com a Ordem Executiva Garantir a Superioridade Americana no Espaço, Donald Trump não esconde qual é o seu objetivo. O presidente dos Estados Unidos assinou há dias o decreto presidencial em que traça a sua estratégia para o espaço, com algumas prioridades bem definidas: voltar a pôr um Homem na Lua até 2028, colocar reatores nucleares em órbita e desenvolver tecnologias de mísseis que possam ser lançados para o espaço antes do final desta década.A ordem foi emitida horas depois de o bilionário astronauta privado e antigo cliente da SpaceX, Jared Isaacman, ter tomado posse como 15.º administrador da NASA. E também reorganizou a coordenação da política espacial americana sob a liderança do conselheiro científico principal de Trump, Michael Kratsios.Trump, que no seu primeiro mandato já havia traçado algumas prioridades para uma nova conquista do espaço, apela agora ao Pentágono e às agências de inteligência dos EUA para que criem uma estratégia de segurança espacial. Neste momento, a prioridade é o regresso à Lua até 2028, com o estabelecimento de um “posto avançado lunar permanente” até 2030.A NASA e os parceiros como a Agência Espacial Europeia (ESA) estão a preparar-se para o lançamento das missões Artemis, que levarão os humanos de volta à superfície lunar pela primeira vez desde a última missão Apollo, em dezembro de 1972. Para já, a Artemis II, com órbita em torno da Lua prevista para fevereiro de 2026, vai transportar três astronautas americanos e um canadiano. Ainda não há lista de tripulantes para a Artemis III, que levará de novo os astronautas a pisar a superfície do satélite da Terra. Em março, a NASA recuou no seu compromisso público de longa data de levar a primeira mulher e a primeira pessoa de cor à Lua, em resposta às diretrizes da segunda Administração Trump para eliminar as práticas de diversidade, equidade e inclusão nas agências federais.A Ordem Executiva de Trump também não esquece Marte. O presidente prometeu que os EUA serão “a primeira nação a colocar um astronauta em Marte”. No início deste seu segundo mandato, o presidente republicano insistira muito nestas missões, seguindo a obsessão de Elon Musk, o bilionário dono da SpaceX que fez do envio de humanos ao Planeta Vermelho uma prioridade para a sua empresa. Mas na sua missão de ‘czar’ da eficiência governamental, Musk reduziu a força de trabalho da NASA em 20% e procurou cortar o orçamento da agência para 2026 em cerca de 25% dos habituais 25 mil milhões de dólares, colocando em risco dezenas de programas de ciência espacial.Entretanto - e com Musk afastado de Trump e o Departamento de Eficiência Governamental em segundo plano -, o Congresso voltou a colocar a Lua em foco, pressionando Isaacman, então ainda só nomeado para a NASA, a manter o programa lunar da agência, no qual milhares de milhões de dólares já foram gastos. Mas Isaacman, que deve fazer o primeiro discurso aos funcionários na sexta-feira, disse acreditar que a agência espacial deve tentar atingir tanto a Lua como Marte, priorizando o regresso à Lua para superar a China, que ali quer chegar em 2030.Outra prioridade traçada nesta Ordem Executiva é defender a “segurança nacional e económica vital dos EUA” no espaço através do desenvolvimento de tecnologias de defesa antimísseis. Estas irão reforçar o projeto Golden Dome de Trump: um sistema de defesa em camadas que protegerá o país de vários tipos de mísseis, incluindo balísticos, hipersónicos e de cruzeiro. Também será capaz de combater drones e ameaças aéreas avançadas.Em maio, Trump anunciou que o Golden Dome custaria 175 mil milhões de dólares (mais de 150 mil milhões de euros) e poderia ser construído antes do final do seu mandato, em 2028.A Ordem Executiva determina ainda a implantação de reatores nucleares na Lua e em órbita, incluindo um reator na superfície lunar pronto para ser lançado até 2030. Em abril foi a China a revelar planos para construir uma central nuclear na Lua até 2035. Para Michelle L.D. Hanlon: “Como advogada espacial focada no avanço humano a longo prazo no espaço, não vejo isso como uma corrida armamentista, mas como uma corrida estratégica por infraestrutura. E, neste caso, infraestrutura é influência”, disse a especialista à PBS..NASA vai pôr um reator nuclear na Lua em 2030