Três mortos em Kiev devido a ataque russo com mísseis e drones. Moscovo fala em resposta a "atos terroristas"
Várias regiões da Ucrânia foram atingidas na última noite em "mais um ataque maciço às cidades e à vida quotidiana", disse esta sexta-feira, 6 de junho, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Kiev foi um dos alvos das forças russas. Ataque com mísseis e drones fez três mortos na capital, segundo a mais recente atualização das autoridades locais. Anteriormente, o balanço inicial dava conta de quatro vítimas mortais,
O presidente da Câmara de Kiev, Vitaliy Klitschko, além de ter confirmado quatro vítimas mortais, relatou incêndios e explosões na cidade, dando conta que mais de 20 pessoas ficaram feridas, sendo que 17 tiveram que ser hospitalizadas. Na plataforma Telegram, o autarca apelou à população para que se protegesse nos abrigos durante a ofensiva.
De acordo com as autoridades de Kiev, citadas pela Reuters, o ataque russo atingiu e danificou carris do metropolitano da cidade. Registaram-se também danos nos caminhos-de-ferro da região, o que afetou a circulação de comboios.
A Rússia fez saber, entretanto, que o ataque maciço lançado durante a noite contra território ucraniano foi uma resposta aos ”atos terroristas".
"Esta noite, em resposta aos atos terroristas do regime de Kiev, as Forças Armadas russas levaram a cabo um ataque maciço com armas de alta precisão de longo alcance por ar, mar e terra" e com drones, disse, em comunicado, o Ministério da Defesa russa.
Ofensiva visou "empresas de produção e reparação de armas e equipamento militar da Ucrânia, oficinas de montagem de drones de ataque, centros de formação de pessoal de voo, bem como armazéns de armas e equipamento militar das Forças Armadas da Ucrânia", acrescentou o governo de Moscovo.
O Ministério da Defesa russo disse ainda que "o objetivo do ataque foi alcançado" e que todos os alvos "designados foram atingidos".
O presidente da Rússia já tinha prometido uma retaliação ao ataque com drones de Kiev que destruiu aviões bombardeiros em bases aéreas localizadas em território russo.
Além de Kiev, a ofensiva russa teve como alvo "quase toda a Ucrânia", disse o presidente ucraniano ao referir que as regiões de Volyn, Lviv, Ternopil, Sumy, Poltava, Khmelnytskyi, Cherkasy e Chernihiv também foram atingidas.
"No total, mais de 400 drones e mais de 40 mísseis - incluindo mísseis balísticos - foram utilizados no ataque de hoje", revelou Zelensky, sendo que alguns foram abatidos, acrescentou. "Mas, infelizmente, nem todos foram interceptados", lamentou.
Numa publicação nas redes sociais, onde partilhou imagens e vídeos que mostram as consequências dos ataques, o presidente ucraniano revelou que as três vítimas mortais eram elementos dos serviços de emergência.
Zelensky apela a maior pressão do mundo sobre a Rússia
Na cidade de Lutsk, cinco pessoas ficaram feridas no ataque russo, que danificou casas particulares, instituições de ensino e edifícios governamentais, segundo o presidente da câmara, Ihor Polishchuk.
Já na região de Ternopil ocorreu "o ataque aéreo mais massivo" desde o início da guerra, de acordo com declarações do chefe da administração militar regional, Vyacheslav Negoda, nas redes sociais. Há registo de cinco feridos.
Em Ternopil, "a infraestrutura industrial das empresas locais foi danificada", assim como "a rede de transmissão elétrica" na região
Na mensagem partilhada nas redes sociais, Zelensky apela aos países aliados uma maior pressão sobre a Rússia, que, defende, "tem de ser responsabilizada". "Desde o primeiro minuto desta guerra, têm estado a atacar cidades e aldeias para destruir vidas", acusou.
"Agora é exatamente o momento em que a América, a Europa e todas as pessoas em todo o mundo podem parar esta guerra em conjunto, pressionando a Rússia", vincou o presidente ucraniano.
Neste apelo, Zelensky vai mais longe ao afirmar: "Se alguém não está a exercer pressão e está a dar mais tempo à guerra para ceifar vidas - isso é cumplicidade e responsabilidade. Temos de atuar com determinação".
Ucrânia reivindica ataques em território russo
As autoridades ucranianas reivindicaram novas ofensivas em território russo, que visaram bases aéreas, na última noite. Isto depois da operação Teia de Aranha levada a cabo no passado fim de semana, que atingiu bases aéreas da Rússia, tendo destruído cerca de 40 aeronaves, incluindo bombardeiros de longo alcance como os Tu-95 e Tu-22M.
O Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia anunciou um "ataque preventivo", que ocorreu "na véspera do bombardeamento maciço do inimigo". "Foram atingidos aeródromos inimigos e outras instalações militares importantes", refere a nota das forças armadas, partilhada nas redes sociais.
"Na noite de 6 de junho, foi lançado um ataque bem sucedido contra o aeródromo de Engels, na região de Saratov, um local de concentração de aeronaves inimigas. O aeródromo de Dyagilevo, na região de Ryazan, onde estão baseados caças de reabastecimento aéreo e de escolta, utilizados para apoiar ataques com mísseis em território ucraniano, também foi atingido", detalharam as forças armadas.
Já na região russa de Saratov, drones ucranianos atingiram uma “unidade industrial”, segundo o governador Roman Busargin. Na plataforma Telegram, informou ainda que um prédio residencial foi atingido, não havendo registo de vítimas.