Zelensky: Rússia usou míssil balístico norte-coreano no ataque a Kiev

Pelo menos nove pessoas morreram e 63 ficaram feridas, incluindo crianças, num ataque, esta madrugada, com mísseis russos contra Kiev, anunciou o Serviço de Emergência do Estado (DSNS) ucraniano.
Zelensky: Rússia usou míssil balístico norte-coreano no ataque a Kiev
EPA/SERGEY SHESTAK

Zelensky: Rússia usou míssil balístico norte-coreano no ataque a Kiev

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicou hoje que a Rússia usou um míssil balístico de fabrico norte-coreano no ataque na última noite em Kiev, que matou pelo menos 12 pessoas.

"De acordo com informações preliminares, os russos utilizaram um míssil balístico de fabrico norte-coreano. Os nossos serviços especiais estão a verificar todos os detalhes", afirmou Zelensky nas redes sociais.

O líder ucraniano realçou que, a confirmar-se a informação, será "mais uma prova da natureza criminosa da aliança” entre Moscovo e Pyongyang.

"Matam pessoas e atormentam vidas juntos, esse é o único objetivo da sua cooperação. A Rússia usa mísseis e artilharia [norte-coreanos] continuamente. Pyongyang, por sua vez, tem a oportunidade de tornar as suas armas mais letais em condições reais de guerra", observou.

Esta não é a primeira vez que a Ucrânia acusa a Rússia de utilizar mísseis balísticos fornecidos pela Coreia do Norte.

De acordo com uma declaração em novembro passado do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, a Rússia recebeu sistemas de artilharia autopropulsada M-1989 e M-1991 de 170 milímetros da Coreia do Norte, juntamente com cerca de cem mísseis KN-23 e pelo menos cinco milhões de cartuchos de munições.

O último ataque russo com mísseis da Coreia do Norte tinha ocorrido em dezembro de 2024 contra Kiev, de acordo com as autoridades ucranianas, seguindo-se a outros executados em junho e em setembro do ano passado.

A Força Aérea ucraniana informou no seu relatório diário de hoje que, entre os mísseis lançados durante a noite pela Rússia, incluíram-se 11 mísseis balísticos Iskander-M/KN-23, dos quais sete foram abatidos.

O Presidente ucraniano assinalou que as Forças Armadas russas usaram mais de 200 mísseis e drones no ataque em grande escala contra Kiev e outras cidades do país.

Pelo menos 12 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas na capital ucraniana, referiu Zelensky.

"Mesmo entre os esforços diplomáticos internacionais para pôr fim a esta guerra, a Rússia continua a assassinar civis. Isto significa que [o Presidente russo, Vladimir] Putin não tem medo", avisou.

Para o Presidente da Ucrânia, "deve haver uma cessação completa e incondicional dos ataques, e a Rússia deve aceitar isso", ao mesmo tempo que pediu o reforço das defesas antiaéreas do seu país.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse hoje que tem o seu próprio prazo para um acordo entre Rússia e Ucrânia e insistiu que espera um entendimento rápido, após ter criticado Kiev pela demora e Moscovo pelos seus últimos ataques.

O enviado norte-americano, Steve Witkoff, é esperado em Moscovo, segundo a Casa Branca e o Kremlin mas sem indicar datas, tendo o portal Axios noticiado, citando fontes de Washington, que deverá encontrar-se com Putin na sexta-feira.

A Rússia tem fustigado a Ucrânia com intensos bombardeamentos diários desde que o Presidente ucraniano propôs no domingo a extensão da trégua que vigorou na Páscoa - declarada unilateralmente por Putin e aceite por Kiev - a um cessar-fogo de 30 dias nos ataques aéreos contra infraestruturas civis.

DN/Lusa

Pelo menos 9 pessoas morreram em ataques russos a Kiev

Pelo menos nove pessoas morreram e 63 ficaram feridas, incluindo crianças, num ataque, esta madrugada, com mísseis russos contra Kiev, anunciou o Serviço de Emergência do Estado (DSNS) ucraniano.

“De acordo com dados preliminares, nove pessoas morreram, 63 ficaram feridas e 42 foram hospitalizadas, incluindo seis crianças", referiu o DSNS, no mais recente balanço.

Uma contagem anterior divulgada pelo presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, dava conta de dois mortos e 54 feridos.

“Os edifícios residenciais foram danificados: está a decorrer a busca de pessoas sob os escombros”, referiu o serviço de emergência na plataforma de mensagens Telegram.

Vários incêndios, agora extintos, deflagraram também na sequência dos bombardeamentos russos.

Em Kiev, um jornalista da agência France-Presse observou quando uma dezena de habitantes se refugiaram num abrigo na cave de um edifício residencial, assim que soou o alerta antiaéreo.

O último ataque com mísseis contra Kiev ocorreu no início de abril.

Em Kharkiv (leste), o presidente da câmara, Igor Terekhov, também anunciou “repetidos ataques com mísseis” contra a cidade, que deixaram pelo menos duas pessoas feridas.

Numa declaração no Telegram, Andriï Iermak, chefe de gabinete do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou o facto de “a Rússia estar a atacar Kiev, Kharkiv e outras cidades com mísseis e 'drones'”.

O Presidente russo, Vladimir "Putin, mostra unicamente o desejo de matar", afirmou Iermak, exigindo o cessar das hostilidades e que “os ataques a civis parem”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andri Sybiga, disse esta quinta-feira que este ataque prova que Moscovo persiste na invasão militar.

Sybiga disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, demonstra que não respeita quaisquer esforços de paz e que só quer continuar a guerra.

O chefe da diplomacia expressou a opinião do governo do país através de uma mensagem nas redes socais, em que também critica as "exigência de Moscovo", referindo-se às declarações da liderança russa que pediu à Ucrânia a "retirada" de territórios como condição para a paz.

O presidente ucraniano, por seu lado, decidiu encurtar a visita à África do Sul, onde chegou esta quinta-feira para conversações com o presidente Cyril Ramaphosa sobre a cooperação bilateral e os esforços para pôr fim à guerra.

Nas redes sociais, Volodymyr Zelensky anunciou que regressaria à Ucrânia "imediatamente" após o encontro com o homólogo sul-africano. "Os ataques devem ser interrompidos de forma imediata e incondicional", defendeu, recordando que "já passaram 44 dias desde que a Ucrânia concordou com um cessar-fogo total e a suspensão dos ataques", no âmbito de uma proposta dos Estados Unidos.

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Zelensky disse na terça-feira que reconhecer a Crimeia como parte da Rússia violaria a constituição da Ucrânia e garantiu que a Ucrânia está empenhada em procurar um cessar-fogo total e incondicional.

Em Washington, o Presidente dos EUA, Donald Trump, atacou violentamente Volodymyr Zelensky na quarta-feira, acusando-o de fazer comentários inflamatórios sobre a Crimeia, uma península ucraniana anexada pela Rússia em 2014. Isto numa altura em que um acordo com Moscovo estava "muito próximo", de acordo com Trump.

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O “homem sem cartas para jogar” resiste (para já) à pressão de Trump

Já esta quinta-feira, a Rússia acusou o presidente ucraniano de prejudicar a diplomacia que visava chegar a um acordo de paz. A ministra dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, disse aos jornalistas que estava a tornar-se mais claro a cada minuto que Zelenskiy não tinha capacidade para negociar um acordo para pôr fim à guerra.

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ONU apela à Rússia para parar "uso insensato da força"

O coordenador humanitário das Nações Unidas para a Ucrânia denunciou esta quinta-feira os ataques russos contra Kiev, que causaram pelo menos nove mortos e dezenas de feridos, e advertiu Moscovo para que pare “este uso insensato da força”.

Em comunicado, Matthias Schmale, responsável para a Ucrânia do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), condenou “veementemente o último ataque das Forças Armadas da Federação Russa sobre Kiev, que matou e feriu civis, incluindo crianças e uma mulher grávida”.

Segundo o OCHA, “pelo menos nove pessoas foram mortas e mais de 70 ficaram feridas, incluindo várias crianças e uma mulher grávida”.

Os ataques, acrescentou, “também causaram danos generalizados em casas, empresas e infraestruturas públicas”.

A ONU antecipa que o número de vítimas aumente à medida que as equipas de emergência prosseguem as operações de busca e salvamento no meio dos escombros.

“O ataque em grande escala perpetrado ontem [quarta-feira] à noite pelas Forças Armadas da Federação Russa contra zonas residenciais de Kiev e regiões limítrofes constitui mais uma terrível violação do direito internacional humanitário”, sublinhou Matthias Schmale.

O responsável advertiu que “os civis nunca devem ser alvos”.

“Este uso insensato da força tem de acabar”, apelou.

Trump deixa mensagem a Putin: "Pare! 5000 soldados morrem por semana. Vamos concluir o acordo de paz"

Donald Trump enviou esta quinta-feira uma mensagem a Vladimir Putin. Na sua conta na rede Truth Social, Trump disse que os ataques mortais em Kiev "não eram necessários e ocorreram num mau momento".

"Vladimir, pare! 5000 soldados morrem por semana. Vamos concluir o acordo de paz", escreveu Trump.

A mensagem surgiu poucas horas depois de o presidente americano ter criticado também Zelensky.

“Ele [Zelensky] pode ter paz ou pode lutar por mais três anos antes de perder o país inteiro”, escreveu Trump, acrescentando que Zelensky é o “homem sem cartas para jogar”.

A mensagem de Trump a Putin é uma condenação rara dos ataques russos quase diários na Ucrânia.

O presidente dos EUA prometeu resolver a guerra na Ucrânia no "primeiro dia" da sua presidência, mas o 100.º dia vai chegar já no final deste mês.

Como mostram os ataques mortais ocorridos durante a noite em Kiev e em outros lugares da Ucrânia, não há um fim à vista para a guerra na Ucrânia.

O Kremlin afirmou na manhã desta quinta-feira que a Rússia vai continuar a sua operação militar para "atingir alvos militares e adjacentes". Segundo o governo russo, o cessar-fogo citado por Zelensky expirou, mas garantem que continuam a trabalhar com os EUA para chegar à paz.

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