Mercenários de 48 países contratados pela Rússia foram identificados pelo Important Stories, site de jornalismo de russos no exílio. A investigação foi publicada no mesmo dia em que as forças ucranianas denunciaram a tentativa de aproveitamento da trégua da Páscoa, por parte da Rússia, para intensificarem as operações na região de Zaporíjia. Graças ao grupo de hackers DumpForums, que conseguiu aceder aos sistemas do departamento de tecnologias de informação da autarquia de Moscovo, o Important Stories obteve a base de dados de estrangeiros que assinaram contrato com o exército russo entre abril de 2023 e maio de 2024 na capital russa. Entre os mais de 1500 mercenários, destacam-se os nepaleses (603) e restantes países do sul da Ásia e do extremo oriente, num total de 771 mercenários, incluindo 51 da China. Há duas semanas, Pequim rejeitou qualquer envolvimento na guerra depois de o líder ucraniano ter dito que Kiev tem a documentação de 155 mercenários chineses a lutar ao lado dos russos e que acredita existirem “muitos mais”. Na terça-feira, o embaixador chinês em Kiev foi convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para responder a esta questão, bem como à acusação de que empresas chinesas estão envolvidas na produção de equipamento militar na Rússia.Ainda no que respeita à origem dos mercenários, o segundo maior contingente é oriundo dos países do espaço pós-soviético (523), seguido de longe pelos estados africanos (72). O porta-voz das forças ucranianas do sul disse que os russos transferiram militares e equipamento da Crimeia para a região de Zaporíjia nas últimas horas. “De facto, aproveitando o chamado ‘cessar-fogo da Páscoa’ e a paragem nos bombardeamentos, o inimigo reagrupou as suas forças, deslocou pessoal das unidades de assalto, as suas armas e o equipamento militar para as posições da linha da frente, e continua a realizar ataques em pequenos grupos de infantaria”, disse Vladyslav Voloshyn à agência Ukrinform. O porta-voz disse não se excluir possibilidade de operações de assalto intensificadas em Zaporíjia, e um “aumento da atividade inimiga” na direção de Kherson, mas sem capacidade para uma ofensiva em grande escala, notou. Nas primeiras horas de quarta-feira, mais de cem drones de ataque caíram em várias cidades ucranianas. O caso mais grave deu-se em Marhanets, na região de Dnipropetrovsk, onde uma aeronave não tripulada explodiu num autocarro, tendo matado nove passageiros e ferido 49, quatro deles em estado grave.