Pelo menos 3 mortos em Sumy. Zelensky acusa Rússia de "ataque selvagem" e "totalmente deliberado contra civis"
Um dia após a segunda ronda de conversações diretas em Istambul, entre as delegações de Kiev e Moscovo, um ataque russo contra Sumy, no noroeste da Ucrânia, fez na manhã desta terça-feira (3) pelo menos três mortos e feriu cerca de 20 pessoas, incluindo crianças, informaram as autoridades locais.
"Os russos lançaram um ataque selvagem contra Sumy - atingindo diretamente a cidade e as suas ruas comuns (...). Tratou-se de um ataque totalmente deliberado contra civis", acusou o presidente ucraniano, indicando que "muitas pessoas ficaram feridas" e que, até agora, foram confirmados três mortos.
Volodymyr Zelensky aproveitou as redes sociais para lamentar o ataque e acusar Moscovo de atacar civis, tendo partilhado um vídeo que mostra as consequências da ofensiva russa na cidade de Sumy.
Na publicação, o chefe de Estado da Ucrânia referiu que "pelo menos um projétil MLRS" (de um "lançador múltiplo de rockets") "perfurou a parede de um vulgar quarto de apartamento no 9.º andar". "Este facto, por si só, diz tudo o que é preciso saber sobre o chamado 'desejo' da Rússia de acabar com esta guerra", condenou Zelensky, que apelou a uma maior pressão contra o líder russo.
Para o presidente ucraniano, "é óbvio" que "sem pressão global - sem ações decisivas dos EUA, da Europa e de todos os que têm poder no mundo - Putin não concordará sequer com um cessar-fogo".
"Não passa um único dia sem que a Rússia ataque cidades e aldeias ucranianas. Todos os dias, perdemos o nosso povo para o terror russo. Todos os dias, a Rússia apresenta novas razões para impor sanções mais duras e para reforçar o apoio à nossa defesa", defendeu Zelensky, que agradeceu a "todos os que, em todo o mundo", promovem "sanções contra a agressão e o assassínio de pessoas" e que ajudam na "assistência na defesa das vidas dos ucranianos".
Cinco mísseis lançados contra Sumy. Atingida instalação médica, assim como veículos e casas
De acordo com o chefe da administração militar regional, Oleg Grygorov, Sumy foi alvo na manhã desta terça-feira de cinco mísseis russos, que também danificaram uma instalação médica, veículos e casas.
Nas últimas semanas, o Exército russo intensificou a pressão sobre a região ucraniana de Sumy, que faz fronteira com a Rússia.
Kiev teme uma grande operação por parte das forças russas, que no sábado afirmaram ter conquistado uma nova aldeia na região.
Volodymyr Zelensky disse na semana passada que Moscovo estava a reunir mais de 50 mil soldados perto da região de Sumy, em preparação para uma possível ofensiva.
Nos últimos meses, o homólogo russo, Vladimir Putin, ordenou ao seu Exército que criasse uma zona tampão na região de Sumy para evitar incursões das forças de Kiev em território russo
Delegação de Kiev nos EUA para conversações sobre defesa e economia
Uma delegação da Ucrânia chefiada pela vice-primeira-ministra e ministra da Economia, Yulia Svyrydenko, chegou aos Estados Unidos para conversações sobre defesa e economia, anunciou hoje a presidência ucraniana.
A delegação vai manter reuniões em Washington sobre o apoio à defesa, o Fundo de Investimento para a Reconstrução e o reforço das sanções contra a Rússia, disse o chefe do gabinete da presidência, Andriy Yermak.
“Iremos promover ativamente questões importantes para a Ucrânia. A nossa agenda é bastante abrangente”, afirmou Yermak, que integra a delegação, citado pela agência de notícias oficial Ukrinform.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha anunciado na segunda-feira que uma delegação ucraniana iria aos Estados Unidos discutir um projeto de acordo de defesa e de um acordo de comércio livre.
Yermak disse que a delegação chefiada pela vice-primeira-ministra integra elementos dos ministérios da Economia e da Defesa, e do gabinete do Presidente.
A delegação vai ter encontros com representantes dos partidos Republicano e Democrata que apoiam a Ucrânia e com a equipa do presidente Donald Trump, anunciou Yermak numa mensagem nas redes sociais.
Segundo Yermak, será discutida igualmente a questão do regresso das crianças ucranianas deportadas pela Rússia e o apoio ao processo, bem como “a propaganda russa” sobre questões religiosas.
“Falaremos sobre os resultados das reuniões em Istambul, bem como sobre a forma como a Rússia está a empatar o tempo com um cessar-fogo e negociações em nome da guerra. A verdade é nossa”, acrescentou, citado pela Ukrinform.
Delegações dos dois países reuniram-se na segunda-feira na cidade turca de Istambul e decidiram proceder a mais uma nova troca de prisioneiros, tal como na reunião anterior, em 16 de maio.
A Rússia entregou à Ucrânia as condições para uma trégua de 30 dias, que inclui o recuo das forças ucranianas nas regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, que Moscovo declarou como anexadas em setembro de 2022.
Propôs também um cessar-fogo de dois a três dias em certas zonas para recolha de corpos.
As conversações resultam da mediação dos Estados Unidos e da Turquia para tentar pôr fim à guerra desencadeada pela Rússia quando invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
A Rússia ocupa atualmente cerca de 20% do território da Ucrânia.
A guerra já custou dezenas de milhares de vidas civis e militares de ambos os lados.