O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou esta segunda-feira, 15 de setembro, no Congresso, que Israel não deve participar em competições internacionais, desportivas e outras, “enquanto não cessar a barbárie”, defendendo uma exclusão semelhante à que é imposta à Rússia desde a invasão da Ucrânia.A posição surge depois de a última etapa da Volta a Espanha ter sido cancelada no domingo, na sequência de protestos pró-palestinianos contra a presença de uma equipa israelita e contra o que os manifestantes classificaram como “genocídio” em Gaza.“A imensa maioria dos cidadãos, independentemente do seu voto, está do lado do senso comum, dos direitos humanos e do direito internacional, que hoje estão a ser atropelados pela Rússia e por Israel”, justificou Sánchez, citado pela agência EFE.O chefe do Governo espanhol defendeu que o debate iniciado em torno da Volta a Espanha deve espalhar-se a nível global, lembrando que Israel não pode usar palcos internacionais para “branquear a sua imagem”.“Se a Rússia foi expulsa das competições após invadir a Ucrânia, porque é que Israel continua presente depois da invasão de Gaza?”, questionou, sublinhando que a coerência deve ser exigida também às organizações desportivas.Esta não é, de resto, a primeira vez que Sánchez levanta esta questão. Em maio já tinha pedido a exclusão de Israel do Festival da Eurovisão, tal como aconteceu com a Rússia, e de outros eventos culturais e desportivos.“Voz própria” na política externaNo seu discurso, Sánchez insistiu que Espanha voltou a usar o seu peso diplomático para “fazer o que é correto”, mesmo que isso signifique divergir dos consensos internacionais. “Diziam que estávamos sozinhos, mas a verdade é que estamos a ser os primeiros. O certo é estar do lado das vítimas, não dos agressores”, frisou, citando o ex-primeiro-ministro francês Dominique de Villepin: “Espanha é hoje quem salva a honra da Europa.”Oposição pede fim do "circo"Já o líder do Partido Popular, Alberto Núñez Feijóo, acusou esta segunda-feira o primeiro-ministro espanhol de praticar "violência política", pela sua atitude em relação aos protestos anti-israelitas na Vuelta, e pediu que Sánchez ponha fim ao "circo".Segundo Feijóo, o que está a acontecer em Gaza pode ser condenado "sem cair no antissemitismo ou ser aplaudido por um grupo terrorista", afirmou. O que aconteceu em Gaza "pode e deve ser condenado, mas não desta forma", concluiu o líder da oposição, citado pela agência EFE.O presidente do PP culpou Sánchez por incitar os distúrbios durante a Volta à Espanha para encobrir os casos de corrupção pelos quais está "encurralado", e disse que a Espanha "não quer mais circo", mas sim "mais pão". ..Porque há protestos pró-Palestina na Vuelta? Culpa é da Israel-Premier Tech e de um dos seus donos .UCI critica ações do governo espanholTambém a União Ciclista Internacional (UCI) emitiu um comunicado nesta segunda-feira, expressando sa ua "total desaprovação e profunda preocupação" com os protestos pró-palestinianos que levaram ao cancelamento histórico da etapa final da Vuelta em Madrid. De acordo com o roganismo que rege o ciclismo mundial, esses protestos "constituem uma grave violação da Carta Olímpica e dos princípios fundamentais do desporteo", cita o jornal El Mundo. Além disso, a UCI criticou as "ações" do governo espanhol e a "exploração do desporto para fins políticos", afirmando que os eventos na capital " colocam em questão a capacidade de Espanha para sediar grandes eventos desportivos internacionais"..Sánchez diz que situação em Gaza "não se resolve com negócio imobiliário"