Egan Bernal (INEOS) venceu, esta terrça-feira, dia 9 de setembro, a 16.ª etapa da Volta a Espanha (Vuelta), encurtada devido a novos protestos pró-Palestina, que bloquearam o local previsto para a chegada da tirada, em Mos-Castro de Herville.Mas, ao contrário da etapa de Bilbao, que foi neutralizada e ficou sem vencedor, desta vez a organização decidiu que quem ganhou a etapa e os tempos para a classificação geral seriam tirados a 8 quilómetros da meta inicial. E assim, Bernal concluiu a tirada em 3:35.10 horas, batendo, num sprint a dois, o espanhol Mikel Landa (Soudal Quick-Step). Na classificação geral, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) manteve a distância - 48 segundos - para o português João Almeida (UAE Emirates), segundo classificado. O britânico Tom Pidcock (Q36.5) é terceiro, a 2.38 minutos.Os manifestantes pró-Palestina exigem a retirada da equipa israelita, a Israel-Premier Tech, uma das mais respeitadas do ciclismo mundial, que já impulsionou a carreira de muitos jovens ciclistas e por onde passaram lendas como Chris Froome (final de carreira). Ideia do empresário Ron Baron e do antigo ciclista Ran Margaliot, a Israel-Premier Tech foi criada em 2014 visando participar no Tour e, ao mesmo tempo, oferecer oportunidade para jovens talentos israelitas competirem internacionalmente.Um objetivo ambicioso tendo em conta que o ciclismo não era sequer uma das modalidades mais conhecidas em Israel. Os fundadores tiveram o apoio do Governo para tentar exportar uma imagem positiva do país para o mundo e, em 10 anos, a equipa cresceu ao ponto de ser hoje uma das melhores do pelotão, muito devido ao forte investimento de Sylvan Adams, empresário, filho de um sobrevivente do Holocausto que se tornou milionário no Canadá, que se juntou ao projeto, acelerando o desenvolvimento da equipa. O problema, segundo os manifestantes, é que Adams é amigo próximo do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu e defensor da intervenção em Gaza, como declarou recentemente. Esta é uma das razões dos protestos, que os organizadores prometem manter diariamente até à chegada da Vuelta a Madrid, no dia 14. Mas ontem os protestos elevaram o problema, depois de Javier Romo ser obrigado a abandonar devido a sequelas da queda provocada por um manifestante. A organização defendeu que, pelas regras da União Ciclista Internacional, não pode rejeitar a inscrição de uma equipa que tem ranking para participar. Esta terça-feira, depois de mais uma etapa problemática, Javier Guillén, diretor da Volta à Espanha, garantiu que tudo está a ser feito para a prova chegar ao fim: “A Vuelta não vai parar e amanhã haverá partida. O nosso propósito é levar a corrida até Madrid."Os ciclistas da equipa também têm sofrido com toda a situação. Na segunda-feira, a equipa foi vigiada de perto pela polícia em Vigo para conseguirem treinar e o hotel onde ficam hospedados a cada etapa é sempre guardado pelo Guardia Civil. O autocarro que transporta os atletas e a comitiva de apoio deixou de ter o nome da equipa estampado, assim como os equipamentos dos corredores deixaram de ter o nome Israel.É neste ambiente, que, na quarta-feira, vai para a estrada a 17.ª de 21 etapas. São 143,2 quilómetros entre Barco de Valdeorras ao Alto de El Morredero.