Parlamento húngaro ratificou adesão da Suécia à NATO
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Parlamento húngaro ratificou adesão da Suécia à NATO

O secretário-geral da NATO diz que a Suécia tornará a Aliança Atlântica "mais forte e segura".
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 O parlamento húngaro ratificou esta segunda-feira a adesão da Suécia à NATO, o passo final necessário para o país nórdico que deseja aderir à Aliança Atlântica desde a invasão russa da Ucrânia.

A candidatura de Estocolmo foi aprovada por uma esmagadora maioria de deputados (188 votos em 199 lugares), após quase dois anos de espera.

Após a ratificação, há um mês, pelo Parlamento turco, a Hungria era o último dos 31 membros da Aliança que ainda não tinha aprovado a entrada da Suécia, num processo que começou há quase dois anos e até agora era bloqueado por estes dois países.

A ratificação pelo Parlamento húngaro, onde o Fidesz do primeiro-ministro, Viktor Orbán, tem uma maioria de dois terços, foi adiada várias vezes, tendo os deputados deste partido justificado o atraso, por exemplo, com as críticas "injustas" da Suécia sobre a política e a deriva democrática na Hungria, também denunciada pela União Europeia.

Na sexta-feira, Orbán tinha anunciado a reunião desta segunda-feira do parlamento para tomar "as decisões necessárias, que encerrarão esta fase", numa conferência de imprensa junto do seu homólogo sueco, Ulf Kristersson.

Na mesma ocasião, Orbán revelou ainda a compra de quatro aviões de combate à Suécia, demonstrando o desejo de uma cooperação militar reforçada.

"Hoje (dia 23 de fevereiro) chegámos a um acordo para adicionar quatro aeronaves à frota de caças-bombardeiros Gripen das Forças de Defesa Húngaras", além das 14 já operadas em regime de arrendamento desde 2006, declarou.

Também foram assinados acordos relacionados com a manutenção e prestação de serviços destes aparelhos.

Orbán garantiu que esta operação não se relaciona com a ratificação da entrada da Suécia na NATO e afirmou que restaurar a confiança entre os dois países tem sido um processo longo, mas reconheceu que a aquisição dos caças "contribuirá para restabelecê-la".

Na altura, o chefe do Governo sueco evitou criticar a Hungria e afirmou que quando um país pede para ser membro da NATO sabe que o pedido terá de ser ratificado por todos os países.

"Respeitamos que o Parlamento húngaro tenha tomado a sua decisão de forma mais lenta", indicou Kristersson, que anunciou que os dois países continuarão a procurar pontos de cooperação.

O governante afirmou que Hungria e Suécia, apesar das suas diferenças, são parceiros na União Europeia "e em breve também na NATO".

"Não concordamos em vários assuntos com a Hungria, mas numa coisa estamos de acordo: temos de cooperar nos assuntos em que partilhamos posições. Ambos os países são membros da UE e em breve também da NATO", disse.

O anúncio da visita do governante sueco ocorreu pouco depois de os deputados do Fidesz terem anunciado, na passada terça-feira, que tinham pedido ao presidente do Parlamento que incluísse o assunto na ordem do dia.

Stoltenberg diz que Aliança fica mais forte após adesão da Suécia

O secretário-geral da NATO afirmou esta segunda-feira que a Suécia tornará a Aliança Atlântica "mais forte e segura", depois de o parlamento do último país aliado a ratificar a adesão, a Hungria, ter concluído o processo.

"Congratulo-me com o voto do Parlamento húngaro para ratificar a adesão da Suécia à NATO. Agora que todos os Aliados a aprovaram, a Suécia tornar-se-á o 32º Aliado da NATO. A adesão da Suécia tornar-nos-á a todos mais fortes e mais seguros", escreveu Jens Stoltenberg na conta pessoal na rede social X (ex-Twitter).

Também na rede social X, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, afirmou já que a Suécia está "pronta para assumir as suas responsabilidades" na NATO, considerando a adesão de Estocolmo à Aliança Atlântica como "histórica".

"Hoje é um dia histórico. A Suécia está pronta para assumir as suas responsabilidades na segurança euro-atlântica", escreveu o chefe do executivo sueco.

Após a recente aprovação da Turquia, no final de janeiro, só faltava a Hungria dar o seu parecer oficial à adesão da Suécia.

Tanto a Finlândia como a Suécia solicitaram conjuntamente a adesão à Aliança no seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022.

A Finlândia tornou-se membro de pleno direito da NATO a 4 de abril do ano passado - o que mais do que duplicou a fronteira da Aliança com a Rússia -, mas a Turquia e a Hungria mantiveram o seu veto em relação à Suécia.

Ancara, que tinha acordado compromissos de segurança com Helsínquia e Estocolmo, ainda tinha dúvidas sobre o envolvimento sueco na luta contra o alegado terrorismo curdo.

Agora que se chegou a um consenso entre todos os países para que a Suécia se torne membro de pleno direito da Aliança e beneficie de defesa coletiva em caso de ataque, há ainda algumas etapas administrativas a cumprir.

A Suécia deve depositar o chamado protocolo de adesão junto dos Estados Unidos, que ficará à guarda do Departamento de Estado norte-americano em Washington.

Como final simbólico, a bandeira da Suécia será hasteada numa cerimónia na sede da NATO, em Bruxelas, juntamente com as dos outros 31 aliados.

Alemanha, França e Reino Unido saúdam adesão da Suécia

O chanceler alemão, Olaf Scholz, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, saudaram esta segunda-feira a adesão da Suécia à NATO.

"O caminho está livre para a Suécia na NATO, é uma vitória para todos (...). Esta decisão reforça a nossa aliança de defesa e, com ela, a segurança da Europa e do mundo", declarou Scholz numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).

"Parabéns ao vosso país", disse Macron na abertura de uma conferência de apoio à Ucrânia organizada no Palácio do Eliseu (sede da Presidência francesa) com mais de 20 dirigentes europeus, congratulando-se com o facto de a Suécia e, antes dela, a Finlândia terem aderido à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).

Por sua vez, o chefe do Governo britânico, Rishi Sunak, classificou o dia de hoje como "um dia histórico" para a NATO, após a 'luz verde' do parlamento da Hungria à adesão da Suécia, o único obstáculo que faltava ultrapassar para a sua entrada na Aliança Atlântica.

"Mal podemos esperar por vos acolher na NATO muito em breve", escreveu Sunak na rede social X.

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