"Organização indesejável". Rússia proíbe Amnistia Internacional
O Gabinete do Procurador-Geral da Federação Russa declarou a Amnistia Internacional uma "organização indesejável" no território russo, considerando que esta está "no centro da preparação de projetos globais russófobos" e é "paga por cúmplices do regime de Kiev".
Fundada em 1961, a organização que tem a sua sede em Londres faz campanha pelos direitos humanos em todo o mundo, incluindo daqueles que apelida de prisioneiros de consciência.
No seu último relatório, referente a 2024, a Amnistia Internacional denunciava o facto de a Rússia ter endurecido a sua campanha de perseguição à dissidência com a desculpa da guerra com a Ucrânia. Também acusou Moscovo de crimes contra a humanidade.
O escritório da Amnistia Internacional em Moscovo foi fechado pelas autoridades russas em abril de 2022 devido a "infrações à legislação local".
O gabinete do procurador-geral, Igor Krasnov, alega, em comunicado, que "desde o inídio da operação militar especial [o nome dado na Rússia à guerra na Ucrânia], os ativistas têm feito todo o possível para intensificar o confronto militar na região - eles justificam os crimes dos neonazis ucranianso, pedem um aumento do seu financiamento, insistem no isolamento político e económico do nosso país".
A declaração da Amnistia Internacional como "organização indesejável" significa que o grupo deve parar de trabalhar na Rússia e que todos aqueles que cooperam com ela ou a apoiam (basta partilhar um dos seus relatórios nas redes sociais) ficam sujeitos a serem acusados pela justiça russa.
A lista de "organizações indesejáveis" inclui 223 entidades, segundo a AP.
A Amnistia Internacional reagiu a esta decisão nas redes sociais, assegurando que vai continuar a "proteger os direitos humanos na Rússia e no mundo".
"Caros apoiantes, a Procuradoria-Geral da Federação Russa declarou hoje a Amnistia Internacional uma 'organização indesejável'. Isto significa que qualquer participação nas nossas atividades, incluindo donativos e republicações, é punível na Federação Russa. Se nos está a ler da Rússia ou planeia viajar para lá, evite partilhar os nossos materiais online e offline. Continuaremos a proteger os direitos humanos na Rússia e no mundo e mantê-lo-emos informado", escreveu a organização.