Orçamento e Nova Caledónia, as prioridades de Lecornu nas negociações para salvar o governo em França
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Orçamento e Nova Caledónia, as prioridades de Lecornu nas negociações para salvar o governo em França

Primeiro-ministro demissionário começou esta terça-feira as discussões com várias forças políticas para estabilizar o país. Reagrupamento Nacional recusou encontro.
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No primeiro dia de discussões com as forças políticas para tentar estabilizar o país, o primeiro-ministro demissionário Sébastien Lecornu traçou as suas duas prioridades: a aprovação do Orçamento de Estado e para a Segurança Social, bem como o futuro da Nova Caledónia.

"Propus que nos concentrássemos em duas prioridades, que se impõem a toda a classe política. Em primeiro lugar, a aprovação de um orçamento para o Estado e para a segurança social. Em segundo lugar, o futuro institucional da Nova Caledónia", escreveu Lecornu na rede social X. "Todos os presentes concordaram com estas duas urgências e manifestaram a vontade de encontrar uma solução rápida", acrescentou.

Na segunda-feira, 6 de outubro, Lecornu apresentou a demissão após apenas 27 dias na chefia do Governo e poucas horas depois de ter anunciado a composição do seu executivo. Apesar disso, aceitou o desafio do presidente Emmanuel Macron para tentar umas discussões de última hora para evitar o aprofundar da crise política em França.

Desde que chegou chegou ao poder em 2017, Macron já teve sete primeiros-ministros, cinco dos quais desde o início do segundo mandato, com Lecornu a ser o menos duradouro de toda a V República, ou seja, desde 1958.

Tendo convocado os partidos com assento parlamentar e também os presidentes das duas Câmaras do Parlamento francês, o primeiro-ministro demissionário explicou na mesma mensagem que "sobre a urgência orçamental, discutimos os parâmetros de um possível compromisso com a oposição". A questão do orçamento já estivera na origem da queda do seu antecessor, François Bayrou.

Lecornu tem até ao final de quarta-feira, 8, para tentar encontrar uma saída para a crise, caso contrário, Macron já disse que irá "assumir as suas responsabilidades".

Na oposição, multiplicam-se apelos, por um lado, à convocação de novas eleições legislativas, por outro, à demissão do próprio Macron, cujo mandato só termina em 2027.

Para já, o Reagrupamento Nacional (ex-Frente Nacional, de extrema-direita) já rejeitou o convite de Lecornu. Tanto o líder do partido, Jordan Bardella, como a sua líder parlamentar e figura de proa, Marine Le Pen, já disseram que não irão a Matignon.

Na direita, o líder de Os Republicanos, Bruno Retailleau, não fechou, por seu lado, a porta a entrar no governo, "com uma condição: que seja um governo que eu chamaria de coabitação". Para ele, "hoje existem apenas duas soluções para avançar: um governo de coabitação ou a dissolução".

Na esquerda, um entendimento parece difícil, tendo em conta que a França Insubmissa e os Ecologistas se reuniram por um lado, sem os socialistas e os comunistas que, por sua vez, se reuniram noutro momento também com os Ecologistas.

No campo macronista, algumas vozes começam a afastar-se do presidente, a pensar em 2027. Na segunda-feira à noite foi Gabriel Attal a ir ao jornal da noite da TF1dizer que "já não compreendo as decisões" de Macron, esta manhã, outro ex-primeiro-ministro do centrista, Édouard Philippe, a defender que este devia convocar umas "presidenciais antecipadas" depois de nomear um primeiro-ministro para aprovar o orçamento.

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