Trump propôs assumir o controlo das centrais ucranianas. Zelensky acredita em "paz duradoura ainda este ano"

As negociações para um cessar-fogo na Ucrânia "vão começar no domingo em Jeddah", na Arábia Saudita.
Zelensky e Trump conversaram há quase três semanas na Sala Oval.
Zelensky e Trump conversaram há quase três semanas na Sala Oval.JIM LO SCALZO / POOL

Líderes da UE sem Hungria vão pedir à Rússia verdadeira vontade política para cessar-fogo

Os líderes da União Europeia (UE), reunidos na quinta-feira em Bruxelas, vão pedir "verdadeira vontade política" à Rússia para um cessar-fogo na Ucrânia, apelo que não deverá ser subscrito pela Hungria, que continua intransigente contra o apoio a Kiev.

Tal como aconteceu na cimeira extraordinária de há duas semanas, neste Conselho Europeu, que começa na quinta-feira e se pode estender até sexta-feira, deverá ser adotado um texto de conclusões do presidente da instituição, António Costa, subscrito pelos 26 Estados-membros sem a Hungria sobre o apoio da UE à Ucrânia, anteciparam fontes comunitárias na véspera do encontro.

Com a Hungria a manter a sua oposição à ajuda a Kiev por considerar que os direitos das minorias húngaras na Ucrânia não são salvaguardados, previsto está que, nesse texto, "o Conselho Europeu apele à Rússia para que demonstre uma verdadeira vontade política de pôr termo à guerra", segundo um rascunho consultado pela agência Lusa.

No documento preliminar, os 26 chefes de Governo e de Estado da UE -- incluindo o primeiro-ministro português, Luís Montenegro -- admitem estar "dispostos a intensificar a pressão sobre a Rússia, nomeadamente através de novas sanções e do reforço da aplicação das medidas existentes" e vincam que "todo o apoio militar, bem como as garantias de segurança para a Ucrânia, serão prestados no pleno respeito da política de segurança e defesa" e dos interesses dos países.

Porta-voz da Casa Branca garante que EUA continuarão a partilhar informações militar com a Ucrânia 

Karoline Leavitt foi questionada sobre a partilha de informações militares secretas dos Estados Unidos com a Ucrânia, tendo a porta-voz da Casa Branca garantido que "continuará a acontecer".

Já sobre o acordo de minerais, disse que a conversa entre os presidentes foi "além do acordo económico de minerais", com foco no "cessar-fogo parcial", reforçando a ideia de que "aproxima-se um cessar-fogo total e uma paz duradoura neste conflito".

A porta-voz da Casa Branca foi ainda questionada sobre a proposta de Putin para o jogo de hóquei no gelo entre os dois países, tendo garantido que os EUA estavam “mais interessados ​​em garantir um acordo de paz do que em agendar jogos de hóquei”.

Casa Branca revela proposta de Trump para assumir controlo das centrais ucranianas

Na Casa Branca, Karoline Leavitt leu um comunicado sobre a conversa entre Trump e Zelensky, que descreveu como "fantástica", "produtiva" e que "ajudou significativamente" nos esforços para acabar com a guerra.

De acordo com a nota, Zelensky agradeceu aos EUA pelos mísseis Javelin, fornecidos pela administração Trump. Foi ainda passado em revista a situação militar em Kursk, com as duas partes a concordarem em partilhar informações.

"Trump sugeriu ainda que os EUA assumissem o controlo das centrais ucranianas para garantir a sua segurança, enquanto Zelensky pediu mais mísseis de defesa aérea para proteger os civis da Ucrânia", revela o comunicado, acrescentando que o presidente norte-americano mostrou disponibilidade para trabalhar com o líder ucraniano nesse assunto, embora a prioridade seria analisar aquilo que a Europa tem disponível para entregar à Ucrânia.

A Casa Branca confirma que as duas partes vão voltar a conversar na cidade saudita Jeddah nos próximos dias.

"Zelensky agradeceu a Trump por ter pressionado a Rússia para que se consumasse a troca de prisioneiros", que aconteceu hoje, sendo que a Casa Branca confirmou que Zelensky abordou o tema das crianças desaparecidas, por terem sido levadas para a Rússia, com "ambas as partes a concordaram em trabalhar para garantir que elas sejam devolvidas a casa".

O comunicado lido por Leavitt terminou com a certeza que "os dois presidentes instruíram as suas equipas a prosseguir com os trabalhos para se alcançar um cessar-fogo parcial", sendo que também foi abordado a extensão do cessar-fogo para o Mar Negro.

"Nunca estivemos tão perto da paz", garantiu Leavitt.

Zelensky fala de conversa "positiva e franca" com Trump e diz acreditar na paz duradoura "ainda este ano"

Volodymyr Zelensky fez uma publicação na rede social X, onde revelou que teve "uma conversa positiva, muito substancial e franca com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump".

Numa extensa publicação, o presidente da Ucrânia diz ter felicitado Trump "pelo bom e produtivo" trabalho das delegações norte-americanas e ucranianas em Jeddah, na Arábia Saudita, no passado dia 11 de março, que "ajudou a avançar significativamente na em direção do fim da guerra".

"Concordamos que a Ucrânia e os Estados Unidos devem continuar a trabalhar juntos para alcançar o fim real da guerra e uma paz duradoura", sublinhou, acrescentando que "sob a liderança americana, podemos alcançar a paz duradoura ainda este ano".

Zelensky revelou que Trump partilhou com ele "detalhes da conversa que teve com Putin", bem como "as questões que foram discutidos".

"Um dos primeiros passos para acabar com a guerra poderá ser acabar com os ataques à energia e a outras infraestruturas civis. A Ucrânia apoia esse passo e está pronta a implementá-lo", sublinhou, revelando que, em Jeddah, os representantes americanos já tinham proposto "um cessar-fogo incondicional na linha de frente", que "a Ucrânia também aceitou".

"Continuaremos a trabalhar para que isso aconteça", garantiu Zelensky, admitindo esses são "passos necessários para criar a possibilidade de ser implementado um acordo de paz abrangente a ser preparado durante o cessar-fogo".

O presidente ucraniano diz ter fornecido igualmente "uma atualização sobre a situação do campo de batalha e as consequências dos ataques russos". "Falámos sobre a situação na região de Kursk, abordámos a questão da libertação de prisioneiros de guerra e o regresso das crianças ucranianas que foram levadas pelas forças russas".

Zelensky diz também ter abordado "o estado da defesa aérea da Ucrânia e a possibilidade de fortalecê-la para proteger vidas".

O presidente ucraniano revelou ainda que os representantes ucranianos e americanos vão reunir-se nos próximos dias na Arábia Saudita com o objetivo de "coordenar os próximos os passos para a paz", sendo que os assessores e representantes foram instruídos para "realizar o trabalho o mais rápido possível".

Zelensky terminou a sua publicação dizendo que agradeceu ao presidente Trump e ao povo americano pelo apoio que têm prestado à Ucrânia e sublinhou que "os ucranianos querem paz", razão pela qual aceitou a proposta de cessar-fogo incondicional.

Porta-voz da Casa Branca diz que Trump "está determinado" a acabar com a guerra

Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, repetiu praticamente aquilo que o presidente Donald Trump tinha publicado na rede social Truth Social sobre a conversa telefónica com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky

"O presidente Trump falou com o presidente Zelenskyy para alinhar a Rússia e a Ucrânia sobre as necessidades e pedidos de cada um. Como o presidente Trump disse repetidamente, as vidas preciosas e o dinheiro que a Ucrânia e a Rússia têm gasto nesta guerra seriam melhor gastos nas necessidades de seu povo. Este terrível conflito nunca teria começado com o presidente Trump no comando, mas ele está determinado a acabar com o conflito de uma vez por todas", limitou-se a dizer na conferência de imprensa.

Ucrânia denuncia segundo ataque russo à infraestrutura ferroviária do dia 

A Ucrânia denunciou que a Rússia fez hoje o segundo ataque do dia às infraestruturas ferroviárias do país.

"Quatro trabalhadores ficaram feridos, dois deles estão em estado grave", disse a empresa Ukrzaliznytsya em comunicado, revelando que o ataque foi na região de Dnipropetrovsk.

"O primeiro ataque foi realizado por um míssil balístico, com os trabalhadores a fazerem todos os esforços para garantir que os ataques não afetaria o movimento dos comboios de passageiros", diz a Ukrzaliznytsya.

Trump após falar com Zelensky: "Estamos no caminho certo"

Donald Trump acaba de publicar na rede social Truth Social que teve uma conversa telefónica "muito boa" com Volodymyr Zelensky, que "durou aproximadamente uma hora". "Estamos no caminho certo", sublinhou.

"Grande parte da discussão teve por base a conversa que tive ontem com o presidente Putin por forma a alinhar a Rússia e a Ucrânia em relação às exigências e às necessidades", acrescentou Trump, prometendo para breve um comunicado sobre a conversa.

Enviado dos EUA espera trégua total em duas semanas

O enviado dos EUA, Steve Witkoff, disse hoje esperar um cessar-fogo total na Ucrânia "dentro de duas semanas", acrescentando que as negociações com a Rússia terão lugar na Arábia Saudita no início da próxima semana.

Steve Witkoff, enviado do Presidente Donald Trump para a Ucrânia e Rússia, saudou a conversa telefónica entre o líder norte-americano e o homólogo russo, Vladimir Putin, no dia anterior, assegurando que os dois responsáveis "acordaram um caminho para um cessar-fogo com condições".

"Um cessar-fogo completo será negociado nos próximos dias. Acredito que o conseguiremos dentro de duas semanas", acrescentou Witkoff.

Lusa

Montenegro considera "cessar-fogo parcial primeiro sinal positivo" longe do desejável

O primeiro-ministro português considerou hoje que o "cessar fogo parcial" na Ucrânia acordado entre os Presidentes dos Estados Unidos e da Rússia "é um primeiro sinal positivo", mas salientou "não sendo a situação desejável".

Luís Montenegro falava na abertura no debate preparatório do Conselho Europeu, no último plenário da XVI legislatura, cerca de uma semana depois da demissão do Governo, provocada pelo chumbo de uma moção de confiança apresentada pelo executivo minoritário PSD/CDS-PP.

"Todos sabemos que estamos numa altura crítica, numa altura em que foi anunciado um cessar-fogo parcial aplicado às infraestruturas energéticas e que, não sendo a situação desejável, é ainda assim um primeiro sinal positivo", afirmou.

Montenegro acrescentou que será necessário "aguardar para ver como evolui", considerando ser ainda cedo "para tirar grandes ilações".

"Não há dúvida também que há um consenso muito alargado no seio da União de que um processo de paz para a Ucrânia e para este conflito tem de envolver a Ucrânia, tem de envolver a União Europeia, para poder compaginar uma paz justa e duradoura no respeito pela soberania da Ucrânia e no respeito pela aplicação do direito internacional", defendeu.

Lusa

Conselheiro de Zelensky nega que Ucrânia participe nas conversações de EUA e Rússia na Arábia Saudita

O conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky, Mykhailo Podolyak, disse ao jornal britânico The Guardian que não está previsto que a Ucrânia participe nas conversas entre EUA e Rússia, marcadas para domingo na Arábia Saudita.

Sobre o telefonema com Trump, que está a decorrer, disse que Zelensky pretende "entender os resultados de conversa que teve com Putin e tirar daí conclusões".

Já sobre a famosa discussão entre os presidentes da Ucrânia e dos EUA na Sala Oval, há cerca de um mês, Podolyak considerou-a “uma conversa bastante emocional" que tornou evidentes "as contradições que se haviam acumulado".

Questionado sobre a exigência de Putin segundo a qual deveria terminar o apoio militar do Ocidente à Ucrânia antes do cessar-fogo, Podolyak considerou-a "muito estranha". "Na prática, Putin diz : ‘Queremos que vocês sejam desarmados e para podermos continuar a guerra’. É isso que parece. Ele quer que a Ucrânia desista do seu exército, desista das garantias de segurança, desista do seu direito a ter alianças e desista de vários territórios", argumentou.

Trump e Zelensky já falam ao telefone

Um dia depois da conversa de 1h30 com o presidente russo Vladimir Putin, Donald Trump está agora a falar ao telefone com o homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky.

Em cima da mesa um possível entendimento para um cessar-fogo de 30 dias.

A Casa Branca diz que o presidente dos Estados Unidos está na Sala Oval. Por sua vez, Sergiy Nykyforov, porta-voz de Zelensky, também confirmou que está a decorrer a conversa, sendo que o presidente ucraniano encontra-se na Finlândia, onde está em visita de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa diz que trégua limitada "não é uma boa notícia"

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, manifestou-se hoje insatisfeito com a trégua limitada na Ucrânia acordada entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, dado nem sequer ser "um primeiro passo para a resolução" do conflito.

Em declarações na localidade eslovena de Piran, na última etapa da visita oficial que realizou à Eslovénia, Marcelo considerou que "tem sido unânime a reação" de desapontamento, após questionado sobre o contacto telefónico da véspera entre Donald Trump e Vladimir Putin, que acordaram uma trégua limitada em vez de um cessar-fogo.

"Aquilo que Portugal tem defendido é que o cessar-fogo, bem-vindo, não devia ser uma ilusão, devia ser uma oportunidade para construir uma paz digna, justa, duradoura. Ficámos ontem a saber que não é ainda isso. Não se trata de ser um primeiro passo para a resolução do problema e a criação de condições para uma paz justa, digna e duradoura. Nessa medida, embora sendo esperado, ou temido, não é uma boa notícia", disse.

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância de os Estados Unidos da América (EUA) permanecerem comprometidos com o processo até ser alcançada uma paz duradoura e depois disso.

"Do mesmo modo que Portugal tem defendido que a Europa deve estar envolvida e que a Ucrânia tem de estar envolvida, é evidente que os EUA têm de estar envolvidos e que, por exemplo, uma solução de cessar-fogo e tentativa de avançar para uma paz sustentável precisa da Europa, mas precisa dos EUA, como é evidente".

Segundo o Presidente da República, "os EUA porem-se de fora de repente em relação à construção da paz seria um enfraquecimento enorme relativamente a uma paz que se quer que dure" e "por uma razão muito simples: são a potência que são, estiveram envolvidos como estiveram, tiveram realmente um papel importante", e "é fundamental que mantenham esse papel importante, até porque são importantes no diálogo com a União Europeia e são importantes na NATO".

Lusa

Rússia e Ucrânia trocaram 175 prisioneiros de guerra

O Ministério da Defesa da Rússia revelou em comunicado que 175 soldados ucranianos foram trocados por 175 militares russos.

Moscovo também entregou mais 22 prisioneiros ucranianos gravemente feridos que precisavam de cuidados médicos urgentes, no que descreveu como um "gesto de boa vontade".

Os Emirados Árabes Unidos mediaram o acordo, explicou o ministério russo.

Os soldados russos libertados estão na Bielorrússia a aguardar trânsito para Moscovo.

"Esta é uma das maiores trocas de prisioneiros de guerra. Os nossos soldados, sargentos e oficiais estão a regressar a casa", disse Volodymyr Zelensky, que partilhou fotografias na rede social Telegram.

Zelensky espera que Trump pressione russos que violam sanções dos EUA

Volodymyr Zelensky disse hoje esperar que Trump aumente a pressão sobre pessoas e entidades russas que violam as sanções aplicadas pelos EUA, mostrando ainda algum ceticismo numa trégua com a Rússia, pois diz que Vladimir Putin irá tentar "qualquer possibilidade" de evitar um cessar-fogo total.

O presidente da Ucrânia falava na Universidade de Helsínquia ao lado de Alexander Stubb, presidente da Finlândia.

Volodymyr Zelensky com o presidente finlandês, Alexander Stubb.
Volodymyr Zelensky com o presidente finlandês, Alexander Stubb.EPA/KIMMO BRANDT

Comissão Europeia "vai ver o que mais tem de fazer" para financiar aposta da defesa na UE

A Comissão Europeia disse hoje que "vai ver o que mais é necessário" para financiar uma maior aposta em defesa na União Europeia (UE), não abordando eventual nova emissão de dívida conjunta para não prejudicar a discussão sobre pacotes atuais.

"Veremos o que mais precisamos de fazer. Não queremos agora antecipar já as próximas possibilidades ou novas possibilidades porque sabemos que, se começarmos a falar, vão surgir muito rapidamente outras possibilidades e isso pode prejudicar a forma como os Estados-membros vão olhar para o que é oferecido agora", disse o comissário europeu da Defesa, Andrius Kubilius, em Bruxelas.

O responsável europeu da tutela respondia a uma questão da Lusa na conferência de imprensa de apresentação do Livro Branco sobre a Defesa Europeia - Prontidão 2030, bem como um plano para Rearmar a Europa, com medidas para reforço da segurança da União Europeia, como colaboração na contratação pública e preferência para empresas e fornecedores do espaço comunitário.

No documento, não é referida eventual nova dívida conjunta para arrecadar mais verbas, mas a medida é pedida por países como Portugal e Espanha.

Na mesma ocasião, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, lembrou que as discussões sobre o próximo orçamento comunitário a longo prazo "estão a chegar" e são "separadas" das medidas agora propostas.

"Se apresentarmos algo muito concreto neste momento, toda a gente quer os seus projetos", adiantou, também em resposta à Lusa.

Kaja Kallas disse ainda que os Estados-membros têm estado "muito positivos" sobre o pacote agora proposto.

A proposta de hoje surge quando se estima que a UE possa ter de gastar 250 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 3,5% do seu Produto Interno Bruto, para a sua segurança num contexto de acesas tensões geopolíticas, principalmente a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.

Lusa

Trump e Zelensky vão conversar às 14h00

A conversa telefónica entre Volodymyr Zelenskyy e Donald Trump está agendada para as 14h00 (horário de Portugal continental), de acordo com uma informação divulgada pela Sky News.

A Rússia é uma ameaça para todos os países europeus, diz António Costa

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou esta quarta-feira que a Rússia é uma ameaça a todos os países europeus, independentemente da distância a que se encontram de Moscovo.

As declarações do antigo primeiro-ministro à AFP acontecem na véspera de uma reunião de líderes europeus, agendada para esta quinta-feira.

Moscovo acusa Kiev de ataque contra depósito de petróleo na Rússia

O Governo de Moscovo acusou hoje a Ucrânia de atacar um depósito de petróleo na Rússia durante a noite, numa ação que diz ter sido deliberada para afetar o acordo entre Putin e Trump.

"É evidente que se trata de uma nova provocação especialmente preparada pelo regime de Kiev, destinada a fazer descarrilar as iniciativas de paz do Presidente dos Estados Unidos", declarou o Ministério da Defesa russo em comunicado.

Antes, o Executivo de Kiev acusou a Rússia de disparar seis mísseis e 145 drones contra a Ucrânia.

Zelensky vai falar ainda hoje com Trump e garante que não reconhecerá territórios ocupados pela Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que vai conversar ainda hoje com o seu homólogo norte-americano Donald Trump acerca da conversa telefónica deste com Vladimir Putin, na terça-feira.

Na Finlândia, onde se encontra hoje, Zelensky defendeu que os próximos passos das negociações, marcadas para domingo na Arábia Saudita, terão de acontecer com a presença dos ucranianos.

Questionado acerca das exigências de Putin, nomeadamente o fim do rearmamento de Kiev e a interrupção da ajuda militar ocidental às forças ucranianas, Zelensky defendeu que "não pode haver concessões nas ajuda à Ucrânia". "Devemos, pelo contrário, reforçar a ajuda à Ucrânia, porque isso é um sinal de que a Ucrânia está pronta contra quaisquer surpresas dos russos”, disse, citado pelo jornal britânico The Guardian.

"A Rússia vai querer que os nossos parceiros deixem de nos ajudar porque isso significaria enfraquecer as condições ucranianas", defendeu, segundo a BBC.

Citado pela Reuters, Zelensky insistiu que irá reconhecer nenhum dos territórios ocupados como fazendo parte da Rússia. “Essa é uma linha vermelha para a Ucrânia”, garantiu, reforçando a ideia de que a Rússia demonstrou que não está preparada para acabar com a guerra.

Exército ucraniano acusa Rússia de ataques após acordo sobre trégua limitada

O Exército da Ucrânia acusou a Rússia de ter atacado com seis mísseis e 145 'drones' o território ucraniano durante a noite, um dia depois de Moscovo e Washington terem anunciado um acordo sobre uma trégua limitada.

De acordo com a mesma fonte, a defesa aérea ucraniana reclamou ter neutralizado 72 'drones' no ataque russo ocorrido nas últimas horas. 

Já ontem à noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha afirmado que Putin "rejeitou efetivamente a proposta de cessar-fogo" apresentada pelos Estados Unidos e que prosseguiu os ataques contra a Ucrânia.

Zelensky relatou nas redes sociais que perto de 40 'drones' de ataque russos Shahed cruzavam os céus ucranianos durante a noite, em várias regiões do país, e que a defesa aérea estava ativa.

O presidente ucraniano está hoje na Finlândia.

Putin demonstrou intransigência face à Ucrânia

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, disse hoje que o contacto entre Vladimir Putin e Donald Trump demonstrou que a Rússia não está disposta a fazer concessões em relação à Ucrânia.

Um dia após o contacto telefónico estabelecido entre o Presidente norte-americano, Donald Trump e o homólogo russo, a responsável pela diplomacia do bloco europeu referiu que a Rússia mantém-se intransigente em relação à Ucrânia. 

"Se lermos os dois resumos desta chamada [telefónica], é evidente que a Rússia não quer fazer quaisquer concessões", disse Kaja Kallas aos jornalistas em Bruxelas.

Negociações para cessar-fogo começam domingo na Arábia Saudita

As negociações para um cessar-fogo na Ucrânia "vão começar no domingo em Jeddah", na Arábia Saudita, disse o enviado norte-americano para o Médio Oriente, depois de a Rússia ter anunciado uma trégua de 30 dias, limitada a ataques contra alvos energéticos e infraestruturas.

"Penso que os russos aceitaram ambos os pontos. Tenho esperança de que os ucranianos aceitem", disse na terça-feira Steve Witkoff à televisão norte-americana Fox News, em referência à trégua limitada às infraestruturas energéticas e um cessar-fogo marítimo no mar Negro.

Zelensky e Trump conversaram há quase três semanas na Sala Oval.
Putin aceita parar ataques a estruturas energéticas durante 30 dias. Zelensky apoia ideia com mediação dos EUA

Numa conversa telefónica, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, concordaram com uma trégua na Ucrânia, limitada às infraestruturas energéticas, que Witkoff esclareceu que "diz respeito à energia e às infraestruturas em geral".

O enviado disse que a delegação dos EUA na Arábia Saudita seria liderada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, mas não especificou quem seriam os interlocutores do lado da Rússia.

Na terça-feira à noite, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que Putin "rejeitou efetivamente a proposta de cessar-fogo" apresentada pelos Estados Unidos e que prosseguiu os ataques contra a Ucrânia.

Zelensky relatou nas redes sociais que perto de 40 'drones' de ataque russos Shahed cruzavam os céus ucranianos durante a noite, em várias regiões do país, e que a defesa aérea estava ativa.

Isto poucas horas depois de Moscovo ter anunciado, na sequência de uma conversa telefónica entre Putin e Trump, uma trégua de 30 dias nos ataques às infraestruturas e alvos energéticos ucranianos, aquém do cessar-fogo pretendido por Washington e aceite sem condições preliminares por Kiev.

"Infelizmente, também há impactos nas infraestruturas civis. Ataque direto de um Shahed contra um hospital em Sumy, ataques em cidades na região de Donetsk, 'drones' agora mesmo nos céus das regiões de Kiev, Jitomir, Sumy, Chernihiv, Poltava, Kharkiv, Kirovohrad, Dnipropetrovsk e Cherkasy", afirmou o Presidente ucraniano.

"São estes ataques noturnos da Rússia que destroem o nosso sistema energético, as nossas infraestruturas e a vida normal dos ucranianos. E o fato de esta noite não ter sido exceção mostra que devemos continuar a pressionar a Rússia pela paz", adiantou.

Putin "rejeitou efetivamente a proposta de cessar-fogo total" e "seria correto o mundo responder rejeitando qualquer tentativa de Putin de prolongar a guerra", acrescentou Zelensky.

Zelensky e Trump conversaram há quase três semanas na Sala Oval.
Putin rejeita trégua total, mas propõe jogo de hóquei no gelo
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