Musk pediu "abolição" da UE depois de multa ao X. Comissão Europeia refuta “declarações malucas”

Musk pediu "abolição" da UE depois de multa ao X. Comissão Europeia refuta “declarações malucas”

A Comissão Europeia multou o X em 120 milhões de euros por violar a lei comunitária. O dono da rede social e o secretário de Estado dos EUA criticaram a decisão.
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A Comissão Europeia rejeitou as “declarações malucas” do empresário norte-americano dono da rede social X, Elon Musk, de que foi visado na multa aplicada à plataforma, e da administração norte-americana relativamente a um ataque aos Estados Unidos.

“Essas alegações são simplesmente erradas […]. Não identificamos indivíduos. Isso não faz sentido e não é o que a Comissão está a fazer”, disse o porta-voz do executivo comunitário para a área da Soberania Tecnológica, Thomas Regnier, quando questionado esta sgunda-feira, 8 de dezembro, na conferência de imprensa do executivo comunitário, em Bruxelas.

“Essa decisão [a multa] foi dirigida a toda a estrutura corporativa [do X], mas não tem nada a ver com o próprio senhor Elon Musk”.

A posição surge depois de o empresário norte-americano Elon Musk ter, no fim de semana, demonstrado a sua revolta pela multa num conjunto de publicações em que pedia a abolição da União Europeia.

“A soberania [deve] ser devolvida aos países individuais, para que os governos possam representar melhor o seu povo”, escreveu Musk na sua conta no X.

“A UE impôs esta multa absurda não só à [X], mas também a mim pessoalmente, o que é ainda mais insano”, criticou.

Já antes, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, tinha criticado a multa, que classificou como um “ataque” a Washington “por parte de governos estrangeiros”.

“A multa […] da Comissão Europeia não é apenas um ataque à X: é um ataque a todas as plataformas tecnológicas americanas e ao povo americano por parte de governos estrangeiros”, disse Mark Rubio numa mensagem nesta plataforma.

Esta segunda-feira, falando em “declarações malucas”, o porta-voz do executivo comunitário para a área da Soberania Tecnológica disse ainda que a lei comunitária “se aplica da mesma forma a todas as plataformas na UE, tanto às chinesas como às americanas ou europeias”.

Na passada sexta-feira, a Comissão Europeia multou a rede social X em 120 milhões de euros por violar a lei comunitária com uma enganosa marca de verificação, falta de transparência na publicidade e dificuldade no acesso de dados aos investigadores.

Musk pediu "abolição" da UE depois de multa ao X. Comissão Europeia refuta “declarações malucas”
Bruxelas multa X em 120 milhões de euros por violar lei da UE com visto azul e falta de transparência

Em causa está uma investigação iniciada em dezembro de 2023 para determinar se o X violou a lei dos serviços digitais da UE, que, apesar de continuar, leva já Bruxelas a concluir sobre infrações como a enganadora marca de verificação azul (dado que todos podem subscrevê-la mediante pagamento), o repositório inadequado para o seu objetivo de transparência para com os utilizadores e a limitação aos investigadores de acederem de forma independente aos seus dados públicos.

Tais violações valem uma multa de 120 milhões de euros: respetivamente, 45 milhões, 35 milhões e 40 milhões de euros.

O executivo comunitário justifica tais montantes com a natureza destas infrações, a sua gravidade em termos de utilizadores da UE afetados e a sua duração.

Esta é a primeira multa comunitária ao abrigo da nova lei dos serviços digitais, em vigor há cerca de um ano e meio.

Em agosto de 2024, a UE tornou-se na primeira jurisdição do mundo com regras para plataformas digitais (sobretudo as de grande dimensão), que passam a estar obrigadas a remover conteúdos ilegais e nocivos, no âmbito da nova Lei dos Serviços Digitais.

A lei foi criada para proteger os direitos fundamentais dos utilizadores ‘online’ na UE e tornou-se numa legislação inédita para o espaço digital que responsabiliza as plataformas por conteúdos prejudiciais, nomeadamente desinformação e conteúdos impróprios.

As tecnológicas que não cumprem podem ser alvo de multas de até 6% do volume de negócios anual global das empresas.

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