Michel Barnier já terá apresentado a demissão a Macron. Esquerda radical vetará qualquer PM não esquerdista
O ainda primeiro-ministro Michel Barnier já terá apresentado a demissão ao presidente francês, Emmanuel Macron. Os dois estiveram esta quinta-feira reunidos cerca de uma hora no Palácio do Eliseu, segundo a AFP.
A reunião acontece um dia depois da Assembleia Nacional francesa ter aprovado a moção de censura ao primeiro-ministro, menos de três meses após ter assumido o cargo. É o primeiro chefe de governo francês a cair numa moção de censura em mais de 60 anos, sendo também aquele que menos tempo esteve no cargo.
Depois de Barnier, o presidente francês vai ainda reunir-se no Eliseu com a líder da Assembleia Nacional, Yael Braun-Pive, e com o presidente do Senado. Gerard Larcher.
A líder dos deputados da formação de extrema-esquerda França Insubmissa (LFI, sigla em francês) declarou, entretanto, que o seu partido irá vetar de certeza qualquer primeiro-ministro que não seja da aliança esquerdista.
Mathilde Panot avisou esta quinta-feira que o seu partido iria "certamente" vetar na Assembleia Nacional qualquer primeiro-ministro indicado [pelo Presidente francês, Emmanuel Macron] que não seja da aliança Nova Frente Popular (NFP), que reúne ecologistas, socialistas, comunistas e a esquerda radical.
Na quarta-feira, o Governo francês foi censurado por uma moção, a primeira vez que tal acontece em França desde 1962, o que agravará a incerteza política e económica num país-chave da União Europeia (UE).
Ao longo da Quinta República em França, apenas uma moção de censura foi bem sucedida, em 1962. No entanto, este instrumento parlamentar tem servido nos últimos anos como ferramenta de pressão contra o governo e contra o presidente Emmanuel Macron, com dezenas de iniciativas falhadas durante as governações de Elisabeth Borne e Gabriel Attal.
A votação da moção de censura, que decorreu por volta das 19:00 de quarta-feira (menos uma hora em Lisboa), resultou na queda do Executivo francês, liderado por Michel Barnier, com os blocos da esquerda radical e da extrema-direita Reunião Nacional (RN), a terem muito mais do que a maioria necessária de votos.
O Presidente francês vai falar aos franceses hoje às 20:00 locais (19:00 em Lisboa), na sequência da aprovação da moção de censura ao Governo francês.