Merkel pede a Putin que atue na crise na fronteira entre Bielorrússia e Polónia

Presidente russo terá dito que o tema é entre Minsk e Bruxelas, com Kremlin a negar acusações de responsabilidade. Conselho de Segurança reúne hoje.
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A crise dos migrantes presos na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia, que se agravou esta semana, vai ser discutida esta quinta-feira no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas sendo a Rússia, aliada do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, um dos membros permanentes, com direito de veto, dificilmente haverá uma resolução a condenar o regime.

A chanceler alemã, Angela Merkel, falou ontem ao telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, e segundo o seu porta-voz, Steffen Seibert, pediu-lhe que atue junto da Bielorrússia para que Minsk pare a "desumana e inaceitável instrumentalização dos migrantes". De acordo com o Kremlin, Putin sugeriu que o tema fosse discutido diretamente entre a União Europeia e a Bielorrússia. Também o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, defendeu que só o diálogo pode solucionar esta crise.

Bielorrússia, Polónia e União Europeia estão contudo envolvidas numa troca de acusações, que envolve também a Rússia. Na terça-feira, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, acusou Minsk de "terrorismo de Estado" e Putin de ser o verdadeiro "arquiteto" desta crise. O Kremlin considerou a acusação "absolutamente irresponsável e inaceitável".

Os europeus acusam Lukashenko de atrair os migrantes do Médio Oriente e Norte de África até ao seu país e depois empurrá-los para as fronteiras europeias (Letónia e Lituânia também têm denunciado um aumento das tentativas de passagem ilegal). O esquema seria uma represália face as sanções impostas por Bruxelas após as contestadas eleições de 2020 e posterior repressão dos protestos e da oposição do país.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, voltou a denunciar uma "instrumentalização orquestrada de seres humanos" por parte do regime bielorrusso, que acusa de organizar "escoltas armadas" para levar os migrantes até à fronteira "com o objetivo de forçar entradas ilegais". Em comunicado, Borrell diz que isso mostra "o cinismo" do regime, que tenta "distrair as atenções" do que se passa no país, "onde repressões brutais e violações dos direitos humanos continuam e estão a piorar". E promete alargar as sanções aos que estão a facilitar este processo.

Por seu lado, o chefe da diplomacia bielorrusso, Vladimir Makei, defende que o seu país não é o problema, acusando Bruxelas de não ter "uma estratégia" no seu relacionamento com Minsk. "Deve sempre haver coragem para falar, mesmo em situações complexas", disse. No terreno, há mais de dois mil migrantes em campos improvisados junto à fronteira, com as temperaturas a descer abaixo dos zero graus durante a noite. A Polónia enviou 15 mil soldados para a zona.

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