O Governo reiterou esta terça-feira, 30 de setembro, o apelo aos ativistas portugueses a bordo da flotilha que pretende levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza para que se mantenham em águas internacionais, alertando para “riscos muito sérios”.“Dada a informação disponível sobre a localização atual da flotilha, fazemos um novo apelo a que não deixem as águas internacionais; sair desse espaço comporta riscos muito sérios de que estarão decerto cientes”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, à líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, à atriz Sofia Aparício e ao ativista Miguel Duarte.Na mensagem, a que a Lusa teve acesso, o chefe da diplomacia portuguesa recorda que as fragatas italianas que se disponibilizam para prestar ajuda consular e humanitária não sairão das águas internacionais.“Sem pôr em causa o respeito pela autonomia individual, deixamos este novo apelo e recordamos que há disponibilidade efetiva para fazer chegar a ajuda humanitária que transportam a Gaza através de Chipre”, insistiu o Governo.Esta proposta, avançada por Itália e que teria a colaboração da Igreja Católica, já foi rejeitada pelos ativistas, que afirmam querer romper o bloqueio israelita ao enclave palestiniano.Na mesma mensagem, Rangel refere que as autoridades italianas “têm reiterado este pedido para que não se deixe esse domínio marítimo internacional”.“A proteção que nos asseguraram só pode ser dada nesse espaço”, sublinhou..Flotilha prevê chegar à zona vermelha na madrugada de quarta-feira, diz Mortágua. "Estamos em alerta máximo", afirma organização.A flotilha espera chegar nas próximas horas na zona de risco israelita, adiantou à Lusa a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua.Em resposta à Lusa através da rede social WhatsApp, Mariana Mortágua referiu que a flotilha prevê chegar à zona vermelha na madrugada de quarta-feira e à Faixa de Gaza na madrugada seguinte (quinta-feira).A Lusa tentou obter uma reação a Mariana Mortágua sobre o apelo do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, mas não foi possível.Apesar do apelo, também manifestado pela Itália, a Flotilha Global Sumud, composta por mais de 50 embarcações com destino a Gaza, indicou na rede social Instagram, pelas 22:30 (hora de Lisboa), que se encontrava a dez milhas náuticas (cerca de 18,5 quilómetros) da "zona de alto risco" e a 160 milhas náuticas (cerca de 296 quilómetros) do enclave palestiniano."Estamos em alerta máximo, pois a nossa flotilha está a 10 milhas náuticas da zona de alto risco", pode ler-se.Durante o dia, responsáveis da Flotilha Global Sumud garantiram que a missão humanitária não iria parar, apesar dos apelos, e que previam entrar na zona de alto risco esta noite..Marinha israelita preparada para intercetar flotilha .A Marinha israelita já fez saber que está pronta para intercetar a Flotilha Global Sumud, composta por mais de 50 embarcações com destino a Gaza e que entrará esta noite numa zona de risco, informaram fontes militares à estação pública israelita Kan.Segundo as mesmas fontes, a operação contará com a participação da unidade especial “Shayetet 13”, encarregada de assumir o controlo das embarcações que integram a flotilha humanitária em alto mar, dentro da área de interceção do exército israelita.A Marinha planeia transferir os ativistas para um grande navio militar e rebocar as embarcações para o porto de Ashdod, com a possibilidade de algumas serem afundadas no mar, indicaram as mesmas fontes.Israel tem reiterado que não permitirá a entrada da flotilha nas águas de Gaza, mantendo o bloqueio imposto ao enclave palestiniano.Entre os participantes de mais de 40 nacionalidades constam três portugueses: a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício. .Flotilha para Gaza chega esta terça-feira à noite a zona de risco e avisa que não vai parar.Fragata italiana vai deixar de acompanhar flotilha. "Deve parar agora", pede Giorgia Meloni.Flotilha humanitária "deve parar agora", pediu esta terça-feira a primeira-ministra italiana. Para Giorgia Meloni, prosseguir com a missão poderá perturbar os objetivos do plano de paz para a Faixa de Gaza, apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump. "Muitos ficariam felizes em atrapalhar" esse plano, referiu Meloni em comunicado, citado pela Reuters."Temo que a tentativa da flotilha de violar o bloqueio naval israelita possa servir de pretexto para isso. Também por esse motivo, acredito que a frota deve parar agora", apelou a chefe do governo italiano. O Ministério da Defesa italiano já tinha informado que a fragata que acompanha a flotilha humanitária iria deixar de o fazer quando a frota se aproximar das 278 quilómetros da costa, "conforme comunicado várias vezes nos últimos dias".De acordo com a Reuters, a fragata italiana emitirá dois alertas aos ativistas quando chegar a altura de deixar de acompanhar a frota humanitária.Maria Elena Delia, porta-voz italiana da flotilha, fez saber que os ativistas foram informados sobre os planos do governo de Giorgia Meloni, que pretende evitar "um incidente diplomático" com Israel. Além de Itália, também Espanha mobilizou um navio militar para prestar apoio à flotilha, depois de a frota humanitária ter denunciado ataques com drones em águas internacionais perto da Grécia."Israel provavelmente vai atacar-nos esta noite, porque todos os sinais apontam para isso", disse a porta-voz italiana num vídeo partilhado no Instagram. .Ainda esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, revelou ter pedido ao homólogo israelita, Gideon Sa’ar, para que não recorresse à violência contra os cidadãos italianos que integram a flotilha.“Não estão ali com intenções bélicas. Devemos evitar absolutamente qualquer problema com quem quer que seja”, afirmou o chefe da diplomacia italiana, sublinhando que a missão visa levar ajuda humanitária e não representa uma ameaça militar.A flotilha humanitária, composta por cerca de 50 embarcações (incluindo uma com bandeira portuguesa), partiu recentemente com o objetivo de romper o bloqueio israelita e entregar mantimentos à Faixa de Gaza, iniciativa rejeitada por Telavive que argumenta que a ação é apoiada pelo grupo extremista palestiniano Hamas.A Flotilha Global Sumud vai entrar esta noite na zona de risco israelita, e encontrava-se, ao fim da manhã, a 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilómetros) da costa de Gaza, indicou Tony La Piccirella, um dos ativistas italianos que integra a flotilha, citado pelas agências internacionais.Nas mesmas declarações, La Piccirella disse que as embarcações não vão parar.Na semana passada, Israel assegurou que “tomará as medidas necessárias” para deter a flotilha.A Flotilha Global Sumud é considerada a maior flotilha organizada até ao momento.A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns.A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças..Espanha envia navio militar para apoiar flotilha que ruma a Gaza.Flotilha rejeita transferir ajuda humanitária em porto israelita. Israel diz que “tomará medidas” para detê-la