As autoridades brasileiras resgataram 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravatura nas obras de uma fábrica de automóveis da empresa chinesa BYD..Os trabalhadores trabalham para o Grupo Jinjiang, uma das empresas contratadas pela companhia chinesa para construir a fábrica em Camaçari, município da região metropolitana de Salvador, no estado da Bahia. .Esta fábrica tinha sido anunciada pelo chefe Estado brasileiro, Lula da Silva, no início do mês, com a vice-presidente executiva da BYD, Stella Li, que afirmou que a fábrica de produção de veículos no Brasil seria a maior e mais avançada fora da China, onde tem a sede e a maior parte da produção..Supostamente, até ao final de 2025, a unidade de produção brasileira deveria produzir 150 mil veículos, principalmente para abastecer os mercados sul-americanos, e em 2026 para 300 mil..Segundo nota do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia, as condições dos trabalhadores, tanto no alojamento quanto no canteiro de obras, eram precárias e degradantes, com 60% dos salários a serem retidos pela empresa, assim como os passaportes..Nos alojamentos, dormiam em camas sem colchões, não tinham onde guardar os seus pertences e "a situação sanitária era particularmente crítica, com apenas uma casa de banho para cada 31 trabalhadores", detalharam as autoridades..Em zonas de alimentação, as cozinhas funcionavam em "condições alarmantes", sem armários para o armazenamento adequado dos alimentos, alguns dos quais se encontravam perto das casas de banho e em condições insalubres..No estaleiro, havia apenas oito casas de banho químicas para cerca de 600 trabalhadores, que se encontravam em estado "deplorável", sem papel higiénico, sem água e sem manutenção adequada..As autoridades constataram ainda que os trabalhadores estavam expostos a "radiações solares intensas", com "sinais visíveis de lesões na pele", e que se registaram vários acidentes de trabalho..Referiram ainda que a situação dos trabalhadores era enquadrada como "trabalho forçado", uma vez que, para além da retenção de parte dos seus salários e passaportes, os trabalhadores enfrentavam punições severas se rescindissem o contrato..Os trabalhadores poderiam perder 40% do salário retido e teriam que pagar do próprio bolso a passagem de volta para a China, além do custo da passagem que utilizaram para chegar ao Brasil..De acordo com o MPT, alguns dos trabalhadores resgatados permanecem em alojamentos, enquanto outros estão num hotel..Os alojamentos e as obras permanecerão sob embargo, não podendo ser exercidas quaisquer atividades até que estejam totalmente regularizados pelos respetivos órgãos de fiscalização..Uma audiência virtual conjunta do MPT e do Ministério do Trabalho está marcada para quinta-feira, 26 de dezembro, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as medidas necessárias para garantir condições mínimas aos trabalhadores..No início do mês, o Governo brasileiro indicou que fabricante de carros elétricos chinês BYD (Build Your Dreams), líder no setor, disse que previa começar a produzir veículos no Brasil a partir de março de 2025.