Lula da Silva com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang.
Lula da Silva com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang.EPA/ANDRE COELHO

Lula na abertura da COP30: "É o momento de levar a sério os alertas da ciência"

Presidente brasileiro discursou na Cúpula dos Líderes, que antecede a Cimeira do Clima, que começa oficialmente na segunda-feira. Antes, discursou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
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O presidente brasileiro, Lula da Silva, disse esta quinta-feira (6 de novembro) que a COP30 que se realiza em Belém do Pará será a "COP da verdade", considerando que "é o momento de levar a sério os alertas da ciência" e avisando que "forças extremistas" estão a espalhar mentiras sobre as alterações climáticas para obter ganhos políticos.

Lula discursou na abertura da Cúpula dos Líderes, que reúne mais de meia centena de chefes de Estado e de Governo e antecede o início oficial dos trabalhos da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP30), que arranca na segunda-feira (10 de novembro).

"As palavras ditas aqui serão bússola da jornada a ser percorrida pelas delegações", referiu o presidente brasileiro.

"As convergências já são conhecidas. O nosso objetivo é enfrentar as divergências", reforçou Lula, considerando que para avançar é preciso superar "dois descompassos".

O primeiro, indicou, é "a desconexão entre os salões diplomáticos e o mundo real". E explicou que as pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas entendem o que é poluição. Ou podem não ser versadas em financiamento convencional ou misto, mas sabem que nada se faz sem recursos.

"A participação da sociedade civil será crucial", reforçou Lula.

O segundo "descompasso" é o "descasamento entre o contexto geopolítico e o aquecimento global".

"Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam a atenção de recursos que deviam ser destinados para o enfrentamento do aquecimento global", disse, lembrando que "enquanto isso, a janela de oportunidades está se fechando. A mudança do clima é resultado das mesmas dinâmicas que fraturam a nossa sociedade entre ricos e pobres. Será impossível contê-la sem superar as desigualdades entre nações".

Lula da Silva com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang.
Belém do Pará. Novos espaços e velhos problemas na COP da teimosia de Lula

Lula defendeu também a realização da COP30 em Belém do Pará, comparando a Amazónia à Bíblia. "Todo o mundo sabe que existe e cada um interpreta da sua forma", afirmou. "Queríamos que as pessoas viessem aqui ver o que é a Amazónia", não só conhecer a floresta, mas os seus povos, a sua cultura ou culinária.

Guterres e a "linha vermelha" dos 1,5 graus

"Uma falha moral e negligência mortal." Foi desta forma que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu o facto de o mundo não conseguir limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais.

Discursando antes de Lula, Guterres classificou o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus como uma “linha vermelha” para um planeta habitável e instou os governantes a promover uma “mudança de paradigma fundamental” para que os efeitos da ultrapassagem desse limite possam ser minimizados.

“Cada fração de grau a mais significa mais fome, mais deslocações, mais dificuldades económicas e mais vidas e ecossistemas perdidos. Cada ano acima de 1,5°C prejudicará as economias, aprofundará as desigualdades e infligirá danos irreversíveis – sendo os países em desenvolvimento, que menos contribuíram para isso, os mais afectados. Isto não é solidariedade. É uma falha moral – e negligência mortal”, disse.

Guterres disse que a ONU "não vai desistir" da meta dos 1,5 graus.

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