Lecornu pede fim do "espectáculo ridículo" e desafia os partidos políticos a ultrapassarem as  diferenças
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Lecornu pede fim do "espectáculo ridículo" e desafia os partidos políticos a ultrapassarem as diferenças

Primeiro-ministro foi reconduzido por Macron e tem até segunda-feira para apresentar um projeto de orçamento.
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O recém-reconduzido primeiro-ministro francês reconheceu este sábado, 11 de outubro, que não havia “muitos candidatos” ao cargo e admitiu que poderá não permanecer muito tempo na função, face às profundas divisões políticas no país.

Sébastien Lecornu, nomeado novamente pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, na noite de sexta-feira, após uma semana de caos político, apelou à calma e ao apoio dos partidos para viabilizar um orçamento para a segunda maior economia da União Europeia (UE) antes dos prazos que se aproximam.

O primeiro-ministro pediu aos partidos que trabalhem em conjunto para pôr fim ao "espetáculo ridículo" verificado nos últimos dias e criticou o impasse político que se abateu sobre o país. "O que é ridículo é o espetáculo que todo o mundo político tem vindo a encenar há vários dias", disse o governante, que tem até segunda-feira para apresentar um projeto de orçamento.

Essa é a data-limite para que o parlamento disponha dos 70 dias previstos na Constituição para analisar o documento antes de 31 de dezembro. Mas, antes de ser entregue aos deputados, o texto tem de passar pelo Conselho de Ministros.

O primeiro-ministro instou os partidos políticos a ultrapassarem as diferenças para aprovar um orçamento até ao final do ano, um passo crucial para controlar o crescente défice orçamental da França. “Estou a colocar-me perante uma uma missão bastante clara, e ou as forças políticas me vão ajudar e vamos trabalhar juntos para a alcançar, ou não”, disse Lecornu. “Trata-se de como garantir que, a 31 de dezembro, há um orçamento para a segurança social e um orçamento para o Estado”, completou. Em relação à polémica lei que aumentou a idade da reforma admitiu que "todas as discussões são possíveis desde que sejam realistas".

Rivais de todo o espetro político, da extrema-direita à extrema-esquerda, criticaram a decisão de Macron de reconduzir, na sexta-feira, Lecornu, o quarto primeiro-ministro da França em menos de um ano, numa altura em que o país enfrenta desafios económicos crescentes e um forte aumento da dívida, e a crise política agrava as dificuldades, gerando preocupação na União Europeia.

Lecornu, que se demitiu segunda-feira após apenas um mês no cargo, afirmou que aceitou regressar devido à necessidade urgente de encontrar soluções financeiras para França. No entanto, avisou que só permanecerá enquanto “as condições forem cumpridas” e admitiu a possibilidade de ser derrubado por uma moção de censura no parlamento fragmentado.

O primeiro-ministro não avançou datas para a formação de um novo Governo nem nomes para o compor, mas garantiu que não incluirá potenciais candidatos às presidenciais de 2027.

Lecornu pede fim do "espectáculo ridículo" e desafia os partidos políticos a ultrapassarem as  diferenças
Emmanuel Macron reconduz Sébastien Lecornu como primeiro-ministro francês

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