Marine Le Pen.
Marine Le Pen.EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Le Pen exige eleições antecipadas perante potencial crise governamental em França

A líder da extrema-direita, que prevê a queda do governo de François Bayrou, recusa negociar o orçamento e pressiona o presidente Macron a convocar os franceses às urnas.
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A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, exigiu esta terça-feira, 2 de setembro, ao presidente Emmanuel Macron que convoque eleições legislativas "ultra-rápidas". Este apelo surge na sequência da previsível queda do Governo liderado pelo primeiro-ministro François Bayrou.

O momento decisivo ocorrerá no próximo dia 8 de setembro, quando Bayrou enfrentar um voto de confiança na Assembleia Nacional sobre um ajustamento orçamental de 44 mil milhões de euros. O partido de Le Pen, o Rassemblement National (RN), já anunciou que votará contra a moção, uma posição partilhada pelas restantes forças da oposição. Caso os votos contra se confirmem, espera-se que o primeiro-ministro centrista se demita de imediato.

A posição da extrema-direita foi reforçada esta terça-feira, após uma reunião entre Le Pen, o presidente do RN, Jordan Bardella, e o primeiro-ministro François Bayrou. Durante o encontro, a líder do RN rejeitou categoricamente as tentativas do chefe de governo para negociar o Orçamento do Estado. "Se ele queria realmente ouvir as reivindicações dos vários partidos políticos, devia tê-lo feito em julho e não agora como forma de negociação", afirmou Le Pen aos jornalistas, citada pela Lusa.

Jordan Bardella classificou as medidas de austeridade propostas como "anedóticas e prejudiciais". Como alternativa, o RN sugere cortes nas despesas públicas relacionadas com a imigração e na contribuição da França para a União Europeia, defendendo que estas medidas poderiam poupar "vários milhões de euros". Le Pen insiste que a solução passa por chamar os franceses às urnas para que "a nova maioria que emergir destas eleições" possa elaborar um novo orçamento.

Perante este cenário, o Presidente Macron — que já descartou a sua própria demissão — terá de decidir entre nomear um novo primeiro-ministro capaz de obter apoio parlamentar ou ceder à pressão da oposição e convocar eleições legislativas antecipadas. O vice-presidente do RN, Sébastien Chenu, mostrou-se confiante, afirmando que as sondagens indicam que a extrema-direita pode alcançar a "maioria absoluta" devido ao "colapso" do bloco central.

A ronda de consultas de Bayrou com os líderes partidários, que se iniciou na segunda-feira, tem encontrado resistência, com os ambientalistas e o partido França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon, a declararem que não irão comparecer às reuniões.

Marine Le Pen.
Bayrou convoca voto de confiança que oposição vê como uma “demissão”

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