Os líderes europeus e de outros países ocidentais defenderam este sábado, 22 de novembro, que o plano de paz dos EUA é uma base para as negociações que visam pôr fim à guerra da Rússia na Ucrânia, mas que necessita de "trabalho adicional". "Saudamos os esforços contínuos dos EUA para trazer a paz à Ucrânia. A versão inicial do plano de 28 pontos inclui elementos importantes que serão essenciais para uma paz justa e duradoura. Acreditamos, portanto, que a versão inicial é uma base que exigirá trabalho adicional. Estamos prontos para nos envolvermos de forma a garantir que uma paz futura seja sustentável", diz uma declaração conjunta do president do Conselho Europeu, António Costa, da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e por líderes de vários países ocidentais, como o chanceler alemão, os presidentes de França e Finlândia e os primeiros-ministros de Reino Unido, Itália, Espanha, Países Baixos, Irlanda, Noruega, Canadá e Japão."Somos claros no princípio de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força. Estamos também preocupados com as limitações propostas às forças armadas da Ucrânia, que deixariam o país vulnerável a futuros ataques", dizem, salientando que "a implementação de elementos relacionados com a União Europeia e a NATO exigirá o consentimento dos membros da UE e da NATO, respetivamente".Esta declaração, que surge à margem da reunião do G20, na qual sublinham ainda o "apoio contínuo à Ucrânia", faz parte dos esforços ocidentais para obter um acordo mais vantajoso para Kiev antes do prazo final de quinta-feira dado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que a Ucrânia aceite o seu plano de paz de 28 pontos.A Ucrânia vai, segundo anunciou este sábado, Rustem Umerov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa deste país, realizar consultas com os Estados Unidos na Suíça sobre o fim da guerra. "...estamos a iniciar consultas entre altos funcionários da Ucrânia e dos Estados Unidos sobre os possíveis parâmetros de um futuro acordo de paz", escreveu no Telegram."Nos próximos dias, serão realizadas consultas com os nossos parceiros sobre as medidas necessárias para pôr fim à guerra. Os nossos representantes sabem como defender os interesses nacionais da Ucrânia e exactamente o que deve ser feito para impedir que a Rússia lance uma terceira invasão, outro ataque contra a Ucrânia – tal como já cometeu repetidamente crimes contra o nosso povo e contra outras nações no passado", afirmou este sábado o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky nas redes sociais.. Na sexta-feira, Zelensky tinha garantido que recusava trair a nação e anunciou que iria propor alternativas ao plano dos Estados Unidos para o conflito com a Rússia, que implica cedências territoriais a Moscovo."Apresentarei argumentos, persuadirei e proporei alternativas", disse o líder ucraniano, admitindo que este “é um dos momentos mais difíceis e de maior pressão” da história da Ucrânia, que se confronta com “escolhas muito difíceis” face à proposta de 28 pontos do homólogo norte-americano.“Ou perde a sua dignidade ou corre o risco de perder um aliado fundamental” declarou, referindo-se aos Estados Unidos, e acrescentando: “Ou 28 pontos difíceis ou um inverno extremamente complicado”.Advertindo que “o interesse nacional da Ucrânia deve ser tido em conta" e que exige um “tratamento justo” para o seu país, Zelensky mantém a disponibilidade para negociar com os Estados Unidos e com os seus parceiros, ao mesmo tempo que se abstém de “declarações bombásticas” neste processo.“Em caso algum daremos ao inimigo [Rússia] motivos para dizer que a Ucrânia não quer a paz, que está a sabotar o processo e que não está preparada para a diplomacia”, afirmou, apesar de prever que as futuras conversações “serão muito difíceis"..Zelensky sob pressão para aprovar plano dos EUA. Trump ameaça retirar apoio à Ucrânia e Rússia avisa que pode perder mais território.Já o Presidente russo, Vladimir Putin, considerou que o plano dos Estados Unidos para o conflito na Ucrânia pode "servir de base para uma solução definitiva", ameaçando ocupar mais território ucraniano caso Kiev o rejeite."Pode servir de base para uma solução definitiva e pacífica, mas este plano não foi discutido connosco de forma concreta", declarou Putin, durante uma reunião governamental transmitida na televisão russa. Em caso de rejeição por parte da Ucrânia, Putin ameaçou continuar os ganhos territoriais na frente de batalha, onde o seu Exército detém a vantagem.O plano da Casa Branca (presidência norte-americana) corresponde às principais exigências russas, ao prever que Kiev retire as suas tropas das áreas que ainda controla no Donbass, região no leste do país que inclui as províncias de Lugansk e Donetsk, uma substancial redução do seu efetivo militar e a renúncia à adesão da NATO, em troca de garantias de segurança para prevenir uma nova agressão russa.Da reunião do G20 em Joanesburgo, à margem da qual surgiu a declaração dos líderes ocidentais, saiu apenas um apelo a uma paz "justa" e "duradoura" na Ucrânia, assim como no Sudão, na República Democrática do Congo e nos "territórios palestinianos ocupados". Esta é a única referência à Ucrânia no documento de 30 páginas.Com agências .Funcionamento do G20 está ameaçado, diz Lula da Silva. Adotada declaração conjunta apesar da ausência dos EUA