Há urgência, mas Ucrânia ainda não tem novos Patriot

O governo alemão desmentiu declarações do presidente dos EUA em como já estariam a ser transferidos sistemas de defesa aérea da Alemanha para a Ucrânia. O comandante supremo da NATO, que preside a uma reunião sobre o tema na próxima semana, garantiu que “os preparativos estão em curso”. Três dias depois de Donald Trump ter anunciado uma mudança de curso na sua política face à Ucrânia, ao apoiar a proposta do chanceler alemão Friedrich Merz e do secretário-geral da NATO Mark Rutte no qual países aliados vão transferir material de guerra norte-americano para Kiev e comprar substitutos a Washington, Berlim aclarou o ponto da situação. Em conferência de imprensa conjunta com o britânico Keir Starmer (página 23), o líder alemão disse que o envio de armas não é imediato, mas que acontecerá dentro de dias ou semanas. Na capital alemã, a mensagem foi telegráfica, “Não posso confirmar se há algo a caminho. Não tenho conhecimento de nada”, disse um porta-voz do Ministério da Defesa alemão. Na terça-feira, o presidente norte-americano havia dito que o primeiro envio de sistemas Patriot já tinha sido realizado e que este era oriundo da Alemanha. Estas declarações por parte do governo alemão, contudo, podem ser lidas à luz da política de cada país sobre a transferência de armamento: por razões de segurança, divulga-se quando se torna fait accompli. Por outro lado, segundo a Reuters, os aliados ficaram a saber da decisão de Trump quando este a anunciou ao lado de Rutte, na segunda-feira. Uma reunião de coordenação entre aliados vai decorrer na próxima semana, presidida pelo novo comandante das forças aliadas na Europa, Alexus Grynkewich. O objetivo é identificar quem pode contribuir com o quê, com a NATO a assumir o papel de coordenador logístico da operação. O general norte-americano, durante uma conferência em Wiesbaden, na Alemanha, disse ter instruções para entregar os sistemas de defesa aérea Patriot à Ucrânia o quanto antes. “Não vou revelar aos russos ou a qualquer outra pessoa o número exato de armas que estamos a transferir ou o calendário para estas entregas, mas o que posso dizer é que os preparativos estão em curso. Estamos a trabalhar em estreita colaboração com os alemães na transferência dos sistemas Patriot, e as instruções que recebi são para agir o mais rapidamente possível. Estamos também a analisar outras capacidades, a identificar necessidades e a trabalhar em propostas para submeter aos nossos líderes políticos.” Na mesma linha, o embaixador norte-americano junto da NATO, Matthew Whitaker, disse que “as coisas estão realmente a acontecer muito rapidamente”.Segundo o antigo representante para a Ucrânia de Trump (no primeiro mandato) Kurt Volker, a Ucrânia poderá vir a receber entre 12 e 13 baterias Patriot, num processo que pode demorar um ano. A produção dos Patriot não é rápida. No ano passado, a empresa Raytheon anunciou que iria aumentar a produção para 12 sistemas anuais. Essa demora explica por que a Suíça foi informada de que a sua encomenda de cinco unidades, prevista para entrega entre 2026 e 2028, foi adiada para dar prioridade aos sistemas que farão parte do acordo dos aliados.No que respeita ao outro anúncio de Trump - o ultimato de 50 dias à Rússia para terminar a guerra -, o chefe do gabinete da presidência ucraniana considerou que essa pode ser a chave para a paz até ao final do ano, caso o norte-americano cumpra a ameaça de aplicar sanções secundárias aos países que comprem petróleo e gás à Rússia, aplicando taxas aduaneiras de 100% a todos os produtos que exportem para os EUA. “Criará uma pressão muito forte sobre Putin, e este perderá uma enorme quantidade de dinheiro. E os países que compram petróleo russo também o pressionarão”, disse Andriy Yermak ao The Times..Governo ucraniano refrescado a pensar em TrumpCom 262 votos favoráveis em 332, o parlamento ucraniano, Verkhovna Rada, nomeou Yulia Svyrydenko primeira-ministra da Ucrânia, após ter sido convidada, na segunda-feira, pelo presidente Volodymyr Zelensky para assumir o cargo. Horas depois, foi a vez de o seu governo ter passado o crivo parlamentar, ao receber votos favoráveis de 253 deputados. .Vice-primeira-ministra e ministra da Economia desde 2021, Svyrydenko substitui Denis Shmyhal, o chefe de governo ucraniano mais tempo na função desde a independência do país, em 1991, o qual assume a pasta da Defesa. Ambos são vistos pelos analistas como pessoas leais ao presidente, e Svyrydenko como próxima do homem que é considerado o número dois da hierarquia, o chefe do gabinete da presidência Andriy Yermak. A remodelação deve-se a fatores internos e externos. Em termos domésticos, a suspeita de corrupção que recai sobre o vice-primeiro-ministro Oleksiy Chernyshov (que saiu entretanto) estava a causar desgaste ao executivo. Na frente internacional, Kiev quer aproveitar a boa relação estabelecida entre a nova PM e a administração Trump quando concluiu com sucesso o chamado acordo dos minerais. Nessa linha, Zelensky nomeou a até agora ministra da Integração Europeia, Olga Stefanishyna, embaixadora nos EUA, substituindo a diplomata que há muito os republicanos pediam para ser substituída.

Há urgência, mas Ucrânia ainda não tem novos Patriot

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