George Simion é o líder da Aliança para a União dos Romenos.
George Simion é o líder da Aliança para a União dos Romenos.

George Simion: “A Roménia nunca será uma amiga do Kremlin e de Putin”

Favorito às presidenciais romenas, com a primeira volta no domingo, diz ao DN que não esquece “a sombra que Moscovo lançou sobre Bucareste”. Tal como o “escândalo” da anulação das eleições de 2024.
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O líder do partido de direita soberanista Aliança para a União dos Romenos (AUR), George Simion, surge como o favorito nas sondagens para as eleições presidenciais, cuja primeira volta se realiza neste domingo, 4 de maio.

A votação decorre na sequência da anulação das presidenciais de 2024, por alegações de interferência russa que terá conduzido à vitória do nacionalista Calin Georgescu, enquanto Simion ficou então no quarto lugar, tendo agora o apoio de muitos dos que estiveram com Georgescu, que foi decretado inelegível.

Respondendo a perguntas do DN, na véspera das presidenciais, que deverão ser decididas numa segunda volta, a realizar-se a 18 de maio, George Simion garante que aceitará qualquer resultado, desde que as eleições sejam “justas, transparentes e verdadeiramente democráticas”. E que, a ser eleito, quererá uma solução diplomática para a guerra na Ucrânia.

Depois de tudo o que aconteceu no ano passado, acredita que esta eleição será um processo pacífico e que qualquer possível resultado não será questionado por ninguém, incluindo por si, caso não venha a ser o vencedor?

Sim. Se as eleições forem justas, transparentes e verdadeiramente democráticas, respeitarei o resultado, mesmo que não me seja favorável. No entanto, depois do escândalo de 2024, quando a vontade do povo foi apagada por decreto, a confiança tem de ser reconstruída e não remendada. É por isso que insistimos na presença de observadores internacionais e numa transparência total. O povo romeno merece eleições nas quais possa acreditar e não outra farsa eleitoral encenada à porta fechada.

Todos os principais partidos políticos portugueses, incluindo o Chega, que integra o grupo de direita dos Patriotas pela Europa [próximo dos Conservadores e Reformadores Europeus, de que faz parte a AUR], têm defendido a Ucrânia desde o início da invasão russa. É verdade que a posição romena em relação a esta guerra irá alterar-se se for eleito presidente e é justo dizer que a Vladimir Putin passará a ter um novo amigo na NATO e na União Europeia?

A Roménia esteve encurralada por detrás da Cortina de Ferro durante quase meio século. Vivemos no meio do medo, da censura e da pobreza. Sabemos muito bem o que significa a influência russa. Não esquecemos os tanques em Budapeste e em Praga ou a sombra que Moscovo lançou sobre Bucareste. Deixe-me ser muito claro: a Roménia nunca será uma amiga do Kremlin e de Putin. Só porque acredito numa solução diplomática, e não numa escalada sem fim, isso não significa que serei um amigo de Putin na NATO. É fácil endurecer o discurso quando não se tem uma enorme fronteira com a Ucrânia. É por isso que acredito numa Europa que respeita cada uma das nações na sua realidade económica e geopolítica. O compromisso da Roménia com a NATO é forte, mas nunca às custas da segurança do nosso povo. A NATO tem de continuar a ser uma aliança defensiva e é essencial que a Roménia, a Polónia e os países bálticos continuem a fazer parte da NATO.

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