Exército dos EUA anuncia novo ataque contra embarcação e mais um morto nas Caraíbas

Exército dos EUA anuncia novo ataque contra embarcação e mais um morto nas Caraíbas

O presidente norte-americano afirmou que seria "sensato" o homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, abandonar o poder, enquanto Washington aumenta a pressão militar sobre Caracas.
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As Forças Armadas dos Estados Unidos informaram na segunda-feira que realizaram outro ataque contra uma embarcação que, segundo a fonte militar, se encontrava a contrabandear droga no leste do Oceano Pacífico, matando uma pessoa.

De acordo com o Comando Sul dos Estados Unidos numa publicação nas redes sociais: "A inteligência confirmou que a embarcação de baixo perfil estava a transitar por rotas conhecidas de narcotráfico no leste do Pacífico e estava envolvida em operações de narcotráfico".

A entidade não forneceu quaisquer provas de que a embarcação estivesse envolvida no contrabando de drogas.

Um vídeo publicado pelo Comando Sul dos EUA mostra salpicos de água perto de um dos lados da embarcação e, após uma segunda salva, a parte traseira da mesma foi envolvida pelas chamas, que em seguida envolveram a embarcação. No último segundo do vídeo, a embarcação pode ser vista à deriva com uma grande mancha de fogo ao redor.

Vídeos de ataques anteriores a embarcações pelas forças norte-americanas mostraram pequenos barcos a explodir repentinamente, sugerindo ataques com mísseis. Outros vídeos mostraram projéteis semelhantes a foguetes a atingir as embarcações.

A Administração do presidente norte-americano Donald Trump tem afirmado que estes ataques têm como objetivo impedir o fluxo de drogas para os Estados Unidos e aumentar a pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que a Casa Branca acusa de ser o líder de um cartel de narcotráfico.

Pelo menos, 105 pessoas foram mortas em 29 ataques conhecidos desde o início de setembro.

Estes ataques têm enfrentado o escrutínio crescente de políticos e ativistas de direitos humanos, dentro e fora dos Estados Unidos, que alegam que estes ataques configuram a prática de execuções sumárias extrajudiciais.

Paralelamente, a Guarda Costeira dos Estados Unidos intensificou esforços para interceptar petroleiros no Mar das Caraíbas, como parte da campanha crescente da Administração Trump contra Maduro.

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Trump afirma que demissão de Maduro seria "sensata"

Também na segunda-feira, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que seria "sensato" o homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, abandonar o poder, enquanto Washington aumenta a pressão militar sobre Caracas.

"Cabe-lhe a ele (Maduro) decidir o que quer fazer. Acho que seria sensato da parte dele", disse o presidente norte-americano, questionado sobre se o objetivo de Washington era forçar o líder venezuelano a abandonar o poder.

Numa conferência de imprensa na Florida, Trump afirmou ainda que os Estados Unidos vão apoderar-se do petróleo dos navios apreendidos nas últimas semanas e também das embarcações apresadas em operações visando as exportações petrolíferas do regime de Maduro.

"Vamos ficar com ele (petróleo). Podemos usá-lo para reservas estratégicas. Também vamos ficar com os navios", declarou 

Questionado sobre as suas declarações relativamente a intervenções em terra, além do mar, para conter o narcotráfico, Trump afirmou que se aplicam “a qualquer lugar de onde venham drogas, não apenas à Venezuela".

O bloqueio petrolífero foi ordenado após meses de mobilização militar dos Estados Unidos no Caribe, visando intercetar embarcações supostamente carregadas de drogas que Washington associa ao Governo de Maduro, acusado de liderar o chamado Cartel dos Sóis, o que Caracas nega veementemente.

Depois de Trump ter anunciado um bloqueio à entrada e saída da Venezuela de todos os navios sancionados pelo Governo norte-americano, os EUA afirmaram no domingo que mantêm uma "perseguição ativa" para intercetar um terceiro petroleiro perto da costa venezuelana.

Por sua vez, Maduro acusou os Estados Unidos de "pirataria" pela apreensão de navios com petróleo venezuelano e anunciou medidas para que esses atos não fiquem impunes, entre elas uma denúncia ao Conselho de Segurança da ONU.

Enquanto Washington prosseguia a perseguição de um terceiro petroleiro nas Caraíbas, intensificando o bloqueio a navios ligados à empresa estatal PDVSA, no domingo Caracas anunciou o envio de petróleo venezuelano para os Estados Unidos através da Chevron.

A vice-presidente executiva e ministra dos Hidrocarbonetos da Venezuela, Delcy Rodríguez, informou no seu canal na plataforma Telegram que o navio "Canopus Voyager" partiu "com petróleo venezuelano rumo aos Estados Unidos", em "rigoroso cumprimento das normas" e dos compromissos da indústria petrolífera do país.

Apesar das sanções impostas ao crude venezuelano, a Chevron opera no país em associação com a estatal PDVSA ao abrigo de uma licença especial emitida pelo Departamento do Tesouro dos EU A.

Embora Trump tenha afirmado que Maduro "tem os dias contados", o objetivo oficial da estratégia da administração de Washington em relação à Venezuela é travar o narcotráfico e recuperar os "direitos petrolíferos" das empresas norte-americanas.

Também na segunda-feira, a secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, afirmou que Maduro "tem de sair", acusando-o de "manter atividades ilegais". 

"Não estamos apenas a intercetar esses navios. Também estamos a enviar uma mensagem para todo o mundo: a atividade ilegal em que Maduro está envolvido não pode ser tolerada. Ele tem de sair. Vamos defender o nosso povo", afirmou Noem numa entrevista à cadeia de televisão Fox News.

A responsável pela Segurança Nacional dos Estados Unidos insistiu que o Governo de Maduro "usa os dólares" do negócio do petróleo para propagar drogas que "estão a matar a próxima geração de americanos".

"Este é um inimigo dos Estados Unidos contra o qual estamos a tomar medidas enérgicas", sublinhou.

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