Papa apela à entrada de ajuda "digna" em Gaza. Emirados Árabes Unidos acordam com Israel envio urgente
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Papa apela à entrada de ajuda "digna" em Gaza. Emirados Árabes Unidos acordam com Israel envio urgente

Ajuda humanitária urgente pelos Emirados Árabes Unidos irá satisfazer, inicialmente, necessidades de cerca de 15.000 pessoas. Médicos Sem Fronteiras acusam Israel de continuar a limitar a ajuda a Gaza
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“Renovo o meu apelo para que se permita a entrada de uma ajuda humanitária digna e se ponha fim às hostilidades, cujo preço devastador é pago pelas crianças, idosos e doentes". O pedido foi feito esta quarta-feira pelo Papa Leão XIV na primeira audiência pública semanal na Praça de São Pedro, desde que foi eleito sucessor de Francisco, a 8 de maio.

"A situação na Faixa de Gaza é cada vez mais preocupante e dolorosa", destacou o líder da Igreja Católica, dirigindo-se aos peregrinos.

Esta não é a primeira vez que o Papa faz referência à situação que se vive no enclave palestiniano. A 11 de maio, por exemplo, na primeira mensagem de domingo feita diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, Robert Francis Prevost apelou a um cessar-fogo imediato e à libertação de todos os reféns israelitas detidos pelo grupo palestiniano Hamas.

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Entretanto, os Emirados Árabes Unidos chegaram esta quarta-feira a um acordo com Israel para permitir a entrega de ajuda humanitária urgente à faixa de Gaza, de acordo com um comunicado publicado pela agência de notícias oficial dos Emirados, WAM.

O chefe da diplomacia dos Emirados, Abdullah bin Zayed Al-Nahyan, "conversou por telefone com Gideon Saar, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, o que levou a um acordo que autoriza a entrega de ajuda humanitária urgente pelos Emirados Árabes Unidos", é referido na nota.

Esta entrega de ajuda irá satisfazer numa fase inicial as necessidades de aproximadamente 15.000 pessoas, é adiantado.

A organização Médicos Sem Fronteiras acusou Israel de estar a condicionar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, permitindo apenas quantidades consideradas insuficientes.

Para a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras, a ajuda foi autorizada, mas é "ridiculamente insuficiente" em relação às necessidades do território.

Na opinião da organização, o Estado de Israel apenas pretende não "ser acusado de matar a população à fome".

"Este plano é uma forma de utilizar a ajuda como um instrumento ao serviço dos objetivos militares das forças israelitas", disse Pascale Coissard, coordenadora de emergência dos Médicos Sem Fronteiras em Khan Younis, sul de Gaza, através num comunicado de imprensa.

O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, alertou na terça-feira que cerca de 14 mil bebés poderão morrer na Faixa de Gaza nas próximas 48 horas se os mantimentos não chegarem imediatamente ao enclave palestiniano.

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Também na terça-feira, as autoridades israelitas anunciaram que 93 camiões de ajuda humanitária da ONU entraram na Faixa de Gaza, um dia depois de apenas nove terem sido autorizados, disseram as Nações Unidas.

No mesmo dia, a União Europeia anunciou que vai rever o acordo de associação com Israel, por bloquear há mais de dois meses a entrada de comida e ajuda humanitária na Faixa de Gaza e pelos bombardeamentos no enclave.

“Há uma maioria a favor de fazer uma revisão do artigo [sobre o respeito pelos direitos humanos] do nosso acordo de associação com Israel”, anunciou a alta-representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, no final de uma reunião dos chefes da diplomacia dos 27, em Bruxelas.

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