A informação fiável é tão importante hoje quanto o carvão ou o vapor foram na Revolução Industrial e é urgente que os decisores a nível global tenham essa consciência, diz um painel de economistas no documento “O imperativo económico de investir em meios de comunicação de interesse público” a publicar nesta segunda-feira para coincidir com o início da semana de debate da Assembleia Geral da ONU.Firmado por 11 economistas de renome, entre os quais Joseph Stiglitz e Daron Acemoglu, laureados com o Prémio Nobel, o documento do alto painel argumenta que a defesa do jornalismo independente e livre é essencial para a saúde não só das democracias, mas também das economias. “São como bancos centrais da economia da informação, fornecendo a confiança no sistema de que necessita para funcionar.” Este painel reconhece a grave crise dos meios de comunicação tradicionais, cujo modelo de financiamento baseado em publicidade entrou em colapso devido à captura do valor informativo para lucro próprio por parte das grandes plataformas tecnológicas, por um lado; e pela tendência crescente de interferência governamental, que ameaça a independência editorial e a liberdade de imprensa, por outro..A informação fiável produzida por meios de comunicação livres é hoje tão crucial quanto foi o carvão e o vapor na Revolução Industrial..Perante este quadro, o painel propõe o investimento em jornalismo livre e independente com novos modelos de financiamento (subsídios diretos ou indiretos, vouchers para cidadãos, fundos nacionais, taxas sobre plataformas digitais...) e com uma regulação atualizada para moldar o ecossistema informativo ao interesse público. Quais as vantagens? Dizem os economistas que meios de comunicação livres e independentes ajudam a fortalecer a confiança dos investidores e a reduzir distorções no mercado, conduzindo a um aumento de produtividade e de investimento, tanto doméstico como estrangeiro. Uma investigação recente em 97 países demonstra não apenas que a liberdade de imprensa tem um efeito positivo sobre o crescimento económico, mas também que a deterioração das liberdades de imprensa pode comprometer os padrões de vida económica. Em concreto, o documento identifica seis áreas-chave onde os meios de comunicação de interesse público geram valor: crescimento económico e bem-estar social - dando como exemplo o dinheiro recuperado com a investigação dos Panama Papers; boa governação e confiança social; produtividade e valor público; combate à desinformação; limitação do poder dos monopólios; e redução das desigualdades. Este trabalho, publicado pelo Forum on Information and Democracy, vai ser discutido numa conferência sobre a integridade da informação, durante o Fórum para a Paz de Paris, no final de outubro.