O cenário do ataque em Cali.
O cenário do ataque em Cali.EPA/Ernesto Guzman

Dois ataques terroristas elevam nível de violência na Colômbia a um ano das eleições

Um camião-bomba explodiu perto de uma base em Cali, matando pelo menos seis pessoas, e drones foram usados para abater um helicóptero da polícia, causando mais 12 mortos.
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Um camião-bomba e drones explosivos em dois ataques terroristas separados esta quinta-feira (21 de agosto) na Colômbia fizeram, pelo menos, 18 mortos e dezenas de feridos, revelando uma intensificação forte da violência no país, a um ano das presidenciais.

Os dois incidentes ocorrem a um ano das eleições presidenciais, processo que está, para já, marcado pela morte a tiro, no passado dia 11 de agosto, do favorito da direita, o senador Miguel Uribe, em consequência de um atentado em julho.

Na tarde de quinta-feira, um camião-bomba explodiu perto de uma base aérea em Cali (sudoeste do país), terceira maior cidade da Colômbia, causando, pelo menos, seis mortos e 65 feridos, segundo as autoridades.

O presidente da câmara local, Alejandro Éder, denunciou o que classificou como um “ataque narcoterrorista” e pediu a “militarização” da cidade.

Imagens nas redes sociais mostraram várias pessoas no chão, a ser atendidas pelos serviços de emergência, após a explosão, bem como um camião em chamas, vários veículos danificados e muitas janelas estilhaçadas.

O ministro colombiano da Defesa, Pedro Sanchez, acusou o grupo armado Estado Mayor Central (EMC), um grupo dissidente da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), como responsável, denunciando o “ataque terrorista (...) injustificável contra a população civil de Cali”.

“Este ataque covarde contra civis é uma reação desesperada perante a perda de controlo do narcotráfico” na região, disse.

O presidente da câmara de Cali anunciou a proibição da circulação de camiões na cidade e ofereceu uma recompensa de dez mil dólares (8630 euros) por qualquer informação que possa levar à detenção dos responsáveis.

Pela manhã, num ataque separado em Amalfi, departamento de Antioquia, a cerca de 150 quilómetros de Medellín, confrontos e um ataque com drones a um helicóptero da brigada antidroga da polícia colombiana causaram mais 12 mortos.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, também atribuiu a autoria deste ataque ao EMC, descrevendo-o como uma “reação terrorista” a uma ofensiva do exército colombiano na região do Cañón del Micay, no departamento vizinho de Cauca, contra o grupo armado.

O balanço de doze policias mortos foi avançado por Andrés Julián Rendón, governador do distrito de Antioquia, na noite de quinta-feira.

Imagens partilhadas nas redes sociais mostraram o helicóptero sobrevoando a região, seguido de uma detonação e da sua queda.

Andrés Julián Rendón atribuiu a autoria deste ataque ao grupo guerrilheiro Calarca, uma guerrilha batizada com o nome de guerra do seu líder, surgida de uma cisão do EMC.

No poder desde 2022, e ele próprio um antigo guerrilheiro, o presidente Gustavo Petro (esquerda) tentou relançar as negociações de paz com a maioria dos grupos armados que operam na Colômbia, seis anos após o acordo histórico concluído com as FARC.

A maioria destas negociações falhou ou encontra-se atualmente num impasse. Em 2023, o EMC apoiou essas negociações, mas o seu líder, Ivan Mordisco, abandonou a mesa de negociações um ano depois.

Em junho, uma série de ataques matou cinco civis e dois polícias no sudoeste do país. O EMC reivindicou a autoria dos ataques.

Os ataques foram condenados pelo Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia, que instou os grupos armados não estatais a “respeitarem os direitos humanos e o direito internacional humanitário (DIH), em particular, o princípio da distinção”, que obriga a diferenciar entre combatentes e população civil, para evitar ataques contra pessoas não envolvidas no conflito.

“Apelamos ao Estado para que atenda as vítimas e avance com as investigações pertinentes para esclarecer os factos e garantir a justiça”, acrescentou o escritório da ONU em Bogotá.

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