O Presidente deposto da Coreia do Sul foi detido esta quarta-feira, anunciaram as autoridades do país, quase um mês e meio após Yoon Suk-yeol ter declarado lei marcial.A equipa de investigação "executou um mandado de detenção contra o Presidente Yoon Suk-yeol hoje às 10:33 [01:33 em Lisboa]", declarou o Gabinete de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO, na sigla em inglês), em comunicado.Depois de uma primeira tentativa falhada de deter Yoon, no início de janeiro, agentes do CIO e da polícia chegaram em grande número, antes de amanhecer, à residência presidencial, num bairro nobre de Seul, onde o antigo procurador permanece sem sair há semanas.Numa mensagem de vídeo gravada antes de ser escoltado, Yoon disse que concordou submeter-se ao interrogatório para evitar "derramamento de sangue"."Decidi responder ao Gabinete de Investigação de Corrupção", anunciou Yoon numa mensagem de vídeo, acrescentando que não reconhece a legalidade da investigação, mas que o fará "para evitar qualquer infeliz derramamento de sangue", afirmou na mensagem, gravada antes de as forças da ordem invadirem a residência presidencial esta manhã.Ainda assim, o presidente deposto está "a exercer o seu direito de permanecer em silêncio", disse horas depois à imprensa um responsável do Gabinete de Investigação da Corrupção.Yoon, que está a ser investigado por rebelião, na sequência da declaração de lei marcial em 03 de dezembro, é o primeiro presidente sul-coreano em exercício a ser detido.Suspenso pelos deputados e objeto de investigação por rebelião, o líder conservador tem-se recusado desde o início a prestar declarações sobre a declaração de lei marcial, o que levou os procuradores a emitirem um mandado de detenção.Yoon pode permanecer sob custódia policial durante 48 horas, ao abrigo do atual mandado. Os investigadores terão de solicitar um novo mandado para prolongar a detenção.Yoon surpreendeu o país em 03 de dezembro ao declarar lei marcial, uma medida que fez lembrar os dias negros da ditadura militar sul-coreana e que justificou com a intenção de proteger o país das "forças comunistas norte-coreanas" e de "eliminar elementos hostis ao Estado".No entanto, a Assembleia Nacional (parlamento) frustrou os planos presidenciais ao votar a favor do levantamento do estado de emergência.Pressionado pelos deputados e por milhares de manifestantes pró-democracia, Yoon foi obrigado a revogar a decisão.Em 03 de janeiro, os serviços de segurança presidencial, responsáveis pela proteção do chefe de Estado, bloquearam uma primeira tentativa do COI de executar o mandado de detenção. Na segunda incursão, esta quarta-feira, as autoridades avisaram que deteriam qualquer pessoa que impedisse a detenção..A detenção do presidente deposto da Coreia do Sul, é "o primeiro passo" para o regresso à ordem, reagiu a oposição, mais de um mês e meio após o líder conservador declarar lei marcial."A detenção de Yoon Suk-yeol é o primeiro passo para o regresso à ordem constitucional, à democracia e ao Estado de direito", declarou o líder dos deputados do Partido Democrático na Assembleia Nacional (parlamento), Park Chan-dae, numa reunião da formação política.