O procurador especial Jack Smith demitiu-se do Departamento de Justiça dos Estados Unidos após ter apresentado o relatório final sobre os processos criminais que liderou contra o presidente eleito, Donald Trump.De acordo com um documento apresentado no sábado num tribunal federal da Florida (sudeste), Smith abandonou o cargo na sexta-feira, três dias depois de entregar o relatório ao procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, que tem o poder de decidir se publica ou não o documento.O relatório de dois volumes detalha decisões sobre possíveis acusações nas duas investigações lideradas por Smith: uma relacionada com a retenção de documentos confidenciais na residência de Trump em Mar-a-Lago e outra sobre as tentativas do ex-presidente (2017-2021) de reverter os resultados das eleições de 2020, que culminaram com a invasão do Capitólio, a 6 de janeiro de 2021.A demissão é conhecida um dia depois do Departamento de Justiça pediu a um tribunal federal de recurso para reverter rapidamente a decisão de uma juíza que impediu a divulgação de qualquer parte do relatório.Ambas as investigações resultaram em acusações contra Trump, embora a equipa de Smith tenha abandonado os casos em novembro, após a vitória de Trump nas eleições. Smith citou a política do Departamento de Justiça que proíbe a acusação federal de um presidente em exercício.O 11.º tribunal de recurso do circuito dos EUA, baseado em Atlanta, negou uma ação de emergência da defesa na quinta-feira para bloquear a divulgação do relatório de interferência eleitoral, que cobre os esforços de Trump antes do motim no Capitólio em 06 de janeiro de 2021.O tribunal deixou em vigor uma decisão de uma juíza de primeira instância nomeada por Trump, Aileen Cannon, que dizia que nenhuma das descobertas poderia ser divulgada até três dias após a questão ser resolvida pelo tribunal de recurso.A demissão de Smith não é surpreendente, uma vez que Trump tinha dito que uma das primeiras coisas que faria quando regressasse à Casa Branca seria afastar o procurador especial.Na sexta-feira, Trump foi condenado, mas sem punição, por pagamentos ilegais para comprar o silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels, com quem terá mantido uma relação extraconjugal.A sentença do juiz Juan Merchan, pronunciada durante uma audiência em Nova Iorque, condenou Trump a uma "libertação incondicional", o que não acarreta pena de prisão ou de multa nem liberdade condicional.Trump entrará na Casa Branca em 20 de janeiro como o primeiro Presidente norte-americano a ser condenado num processo criminal.