Delegação do Parlamento Europeu, com Catarina Martins, impedida de entrar no Saara Ocidental
Uma delegação de eurodeputados, incluindo a portuguesa Catarina Martins (Bloco de Esquerda), foi esta quinta-feira impedida de entrar em Aaiun, capital do Saara Ocidental, pelo que regressou às ilhas Canárias, onde dará uma conferência de imprensa para esclarecer o sucedido, disse fonte oficial.
A delegação engloba também o finlandês Jussi Saramo (Aliança de Esquerda) e Isabel Serra (Podemos).
O representante da Frente Polisário em Portugal, Omar Mih, adiantou que indivíduos não identificados retiveram a delegação do Parlamento Europeu (PE) dentro do avião e apresentou um vídeo em que se pode ver um indivíduo, "que se presume ser da segurança marroquina" a impedir a saída da comitiva.
Mih indicou que a delegação está numa missão de observação para analisar o cumprimento da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, que anulou vários acordos de agricultura e pesca entre os 27 e Marrocos, por violarem a autonomia do Saara Ocidental.
Segundo Mih, a comitiva foi impedida de concretizar "uma viagem de observação" organizada com a Frente Polisário, movimento que defende a independência do Saara Ocidental, uma antiga colónia espanhola anexada por Marrocos em 1976.
Além da agenda organizada para conhecer as violações dos direitos humanos e do encontro com a missão da ONU encarregada de supervisionar o referendo de autodeterminação do Saara Ocidental, a delegação teria mais encontros com associações do território "que denunciam o saque dos recursos naturais por empresas europeias e marroquinas no território ocupado", lê-se num curto comunicado oficial da delegação do PE.
Os ministérios dos Negócios Estrangeiros de Portugal e de Espanha já pediram, por via diplomática, que Marrocos trate com "respeito e dignidade" os eurodeputados. O chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, anunciou ter dado "instruções precisas" para que o embaixador espanhol em Marrocos se empenhe "pessoalmente" na resolução do problema.
Entretanto, o Bloco de Esquerda apresentou um requerimento dirigido ao MNE questionando sobre medidas para apurar as circunstâncias desta recusa e se haverá um "protesto junto do embaixador de Marrocos" em Portugal.