De Haniyeh aos irmãos Sinwar: que dirigentes do Hamas já foram mortos por Israel desde o 7 de Outubro?

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou a morte do líder do Hamas na Faixa de Gaza, Mohammed Sinwar. Era o irmão mais novo de outro líder do grupo terrorista, Yahya Sinwar, que já tinha sido morto em outubro.

Quantos líderes do Hamas já foram mortos por Israel desde o ataque de 7 de outubro de 2023, em que o grupo terrorista matou cerca de 1200 pessoas e levou cerca de 250 como reféns para a Faixa de Gaza?

Ismail Haniyeh

O líder político do Hamas, que vivia no Qatar, foi morto num ataque a um edifício onde estava hospedado em Teerão, a 31 de julho de 2024.

Haniyeh, que era visto como o líder de facto do grupo e desempenhava um papel nas negociações para um cessar-fogo, tinha viajado até ao Irão para assistir à tomada de posse do novo presidente.

Membro do Hamas desde o final da década de 1980, Hanyeh passou pelas prisões israelitas após a Primeira Intifada.

Após ser libertado e passar um ano no exílio, regressou à Faixa de Gaza e em 1997 assumiu o cargo de chefe de gabinete do líder espiritual do Hamas, Ahmed Yassin.

Em 2006 foi nomeado primeiro-ministro pelo líder da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, depois de o Hamas ter ganho as eleições legislativas.

A sua demissão, um ano depois, que considerou "inconstitucional", levou à expulsão da Fatah de Abbas da Faixa de Gaza, com o Hamas a passar a governar o enclave palestiniano após uma semana de guerra civil.

Desde 2017 que era o líder político do Hamas, tendo vivido nos últimos anos de vida no Qatar.

Yahya Sinwar

O líder do Hamas na Faixa de Gaza era considerado o arquiteto dos ataques de 7 de Outubro, tendo sucedido a Haniyeh como líder do grupo terrorista após a sua morte.

Mas não esteve muito tempo no cargo. Foi morto por Israel a 16 de outubro do ano passado, em Rafah, no sul do enclave palestiniano, depois de os militares israelitas se terem apercebido de três atiradores a correr de casa para casa.

Atingido a tiro, Sinwar entrou numa casa. Os militares enviaram um drone, que o filmaram sentado num cadeirão. O líder do Hamas atirou um pedaço de madeira contra o drone, antes de ser morto.

Sinwar, que nasceu em 1962, fundou o Majd, os serviços de informação do Hamas. Foi detido três vezes por Israel, tendo estado entre os mais de mil prisioneiros que foram trocados por um soldado israelita que estava nas mãos do grupo terrorista há mais de cinco anos.

Desde 2017 que liderava o gabinete político do Hamas na Faixa de Gaza.

Mohammed Deif

O líder das Brigadas Al-Qassam, a ala militar do Hamas, terá sido um dos que ajudaram a planear o ataque do 7 de Outubro.

Foi morto num ataque aéreo israelita a um complexo em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, mas o Hamas só confirmou a sua morte em janeiro deste ano.

Era considerado o número dois do grupo depois de Yahya Sinwar, sendo considerado o responsável pelo desenho dos rockets Qassam usados pelo Hamas e pela construção dos túneis que permitiram aos combatentes entrar em Israel.

Para os israelitas era "o gato com nove vidas", tendo sobrevivido a várias tentativas de assassinato. Numa delas, em 2002, perdeu um olho. Noutra, em 2014, sobreviveu, mas a mulher e dois dos seus filhos morreram.

Detido pela primeira vez em 1989 e depois novamente em 2000 (fugiu no início da Segunda Intifada), era um dos homens mais procurados em Israel devido a uma série de atentados à bomba contra autocarros israelitas e a morte de três soldados em meados dos anos 1990.

Marwan Issa

Em janeiro deste ano, o Hamas confirmou também a morte do número dois das Brigadas Al-Qassam, outro dos que planearam o ataque de 7 de outubro de 2023.

Os EUA já tinham confirmado a sua morte em março de 2024 num ataque aéreo israelita contra um túnel localizado sob um campo de refugiados no centro da Faixa de Gaza.

Detido durante cinco anos na Primeira Intifada, voltaria a ser preso em 1997, mas quando a segunda revolta palestiniana começou, em 2000, já tinha sido libertado.

Também foi alvo de múltiplas tentativas de assassinato, uma em 2006 e outras em 2014 e 2021, tendo a sua casa sido bombardeada em ambas as ocasiões.

Mohammed Sinwar

O irmão mais novo de Yahya Sinwar herdou a liderança política e militar do Hamas em Gaza quando este foi morto, em outubro do ano passado. Netanyahu anunciou esta quarta-feira que também já foi morto por Israel.

Mohammed Sinwar era o alvo de um ataque israelita contra o hospital europeu em Khan Yunis, a 13 de maio, no qual 28 pessoas terão morrido segundo as contas do Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista.

Antigo comandante da brigada de Khan Yunis, terá sido um dos responsáveis pelo rapto do soldado Gilad Shalit em 2005, que seria libertado em 2011 em troca de mais de mil prisioneiros - entre os quais o seu irmão, Yahya Sinwar.

A sua morte chegou a ser anunciada por Israel em 2014, mas ele manteve-se escondido nos túneis sob a Faixa de Gaza. Também tinha sido alvo de várias tentativas anteriores de assassinato e tinha passado, ainda nos anos 1990, pelas prisões israelitas.

A 17 de dezembro de 2023, as IDF partilharam um vídeo que, alegadamente, mostra Mohammed Sinwar no lugar de passageiro num carro que segue pelos túneis do Hamas na Faixa de Gaza.