Reunião em Madrid para pressionar Israel a mudar de rumo em Gaza
A Autoridade Palestiniana pediu pressão internacional para pôr cobro ao “inferno” que se vive na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, enquanto os ministros de 20 países, Portugal incluído, querem que se rompa o “círculo vicioso” de violência em que os territórios palestinianos caíram.
A comunidade internacional deve considerar sancionar o Estado de Israel para que este ponha fim à sua ofensiva na Faixa de Gaza, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares. “A muito curto prazo, para parar esta guerra, que já não tem propósito, e permitir que a ajuda humanitária entre de forma maciça, sem entraves e de forma neutra, e que não seja Israel a decidir quem pode comer e quem não pode”, disse à Franceinfo.
Albares organizou, em nome do governo espanhol, a iniciativa Grupo de Madrid, com países que promovem a solução dos dois Estados (Israel e Palestina), tendo mais do dobro da participação do que na primeira reunião, no ano passado. Juntou dois primeiros-ministros (do Qatar e da Autoridade Palestiniana), sete ministros dos Negócios Estrangeiros (Arábia Saudita, Brasil, Egito, França - este por videoconferência -, Islândia, Malta, Noruega e Portugal), seis vice-ministros e representantes da União Europeia, da Liga Árabe e da Conferência Islâmica.
“Deve fazer-se tudo, considerar tudo para parar esta guerra”, concluiu Albares, que depois pediu um embargo de armas a Israel. A UE decidiu, há dias, rever o acordo de cooperação com Israel e um dos Estados-membros, Malta, anunciou que vai reconhecer o Estado da Palestina. Este reconhecimento terá lugar durante a conferência internacional relativa à questão palestiniana, convocada pela Assembleia-Geral da ONU, a decorrer de 17 a 20 de junho em Nova Iorque. Quase 150 países reconhecem o Estado palestiniano. O ministro português Paulo Rangel definiu a situação em Gaza como “catástrofe total” e considerou a reunião na capital espanhola como “crucial” para preparar a conferência em Nova Iorque.
Em sentido oposto quanto ao reconhecimento diplomático, o ministro norueguês Espen Barth Eide pediu para mais países árabes reconhecerem Israel.
O primeiro-ministro palestiniano Mohamed Mustafa pediu para se intensificar a pressão internacional para Telavive acabar “imediata e incondicionalmente” com o “inferno” que se vive em Gaza e na Cisjordânia e “medidas urgentes e decisivas” para permitir a entrada de ajuda humanitária “por terra, mar e ar” ao enclave palestiniano.