Coreia do Sul. Após longo impasse, guarda presidencial e tropas militares impedem detenção de presidente
Após várias horas de impasse, o mandado de detenção do presidente deposto da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, foi suspenso. Segundo a Reuters, a guarda presidencial e as tropas militares da Coreia do Sul impediram as autoridades de deter o presidente deposto.
“Considerou-se que era praticamente impossível executar o mandado de detenção devido ao impasse em curso”, declarou, em comunicado, o Gabinete de Investigação da Corrupção de Altos Funcionários (CIO, na sigla em inglês), que já tinha dado conhecimento do início da execução da detenção, mas os seus agentes foram bloqueados dentro da residência presidencial.
"A execução do mandado de detenção contra o presidente Yoon Suk-yeol já começou", anunciou, anteriormente, o CIO, que está a centralizar a investigação contra o ainda chefe de Estado.
A agência de notícias sul-coreana Yonhap informou, porém, que os agentes do CIO foram "bloqueados por uma unidade militar no interior" da residência presidencial.
A agência de notícias AFP começou por testemunhar a transposição de uma barreira de segurança erguida em frente à residência presidencial por um dos procuradores do CIO, acompanhado por várias outras pessoas, cerca das 08:00 locais (23:00 de quinta-feira em Lisboa).
A eventual detenção de Yoon Suk-yeol, que continua oficialmente a ser chefe de Estado e apenas está suspenso até à confirmação da sua destituição pelo Tribunal Constitucional, esperada para até meados de junho, não tem precedentes na história da Coreia do Sul.
"A execução do mandado de captura é ilegal e inválida", segundo o advogado do dirigente, Yoon Kap-keun, que anunciou a interposição de mais um recurso judicial para a bloquear, depois de outras ações entretanto apresentadas para contestar a validade do próprio mandado de detenção.
O CIO, que está a centralizar as investigações sobre o golpe de Estado de 0 de dezembro, tem até 6 de janeiro para executar o mandado de detenção emitido por um tribunal de Seul a seu pedido.
Centenas de apoiantes de Yoon, incluindo conhecidos youtubers de extrema-direita e padres cristãos evangélicos, acamparam perto da residência presidencial durante toda a noite passada.
De acordo com a Yonhap, cerca de 2.700 polícias foram destacados para a zona, na sequência de confrontos entre apoiantes e detratores do presidente deposto na noite anterior.
Não se sabe ao certo qual a unidade do exército que se está hoje a opor fisicamente à detenção de Yoon. Nas últimas semanas, membros do seu serviço de segurança já tinham bloqueado tentativas de busca na residência presidencial.
O diretor do CIO, Oh Dong-woon, sublinhou que qualquer pessoa que tente impedir a detenção de Yoon poderá ser processada.
Yoon surpreendeu o país na noite de 3 de dezembro ao declarar a lei marcial e enviar o exército para o parlamento. Yoon foi forçado a recuar algumas horas mais tarde, sob pressão dos deputados e de milhares de manifestantes.
Desde a tentativa de impor a lei marcial na Coreia do Sul, Yoon não demonstrou qualquer arrependimento e a recusa sistemática em submeter-se às perguntas dos investigadores levantou receios de que uma tentativa de detenção possa terminar em violência, agravando a já difícil situação do caso.
O antigo procurador, de 64 anos, não respondeu por três vezes às convocatórias para ser interrogado sobre a tentativa de golpe de Estado, o que levou a justiça sul-coreana a emitir um mandado de detenção.