China e Rússia dão novo sinal da sua parceria
Depois de ter assumido na quinta-feira que estava a realizar exercícios militares conjuntos com a Bielorrússia junto à fronteira com a Polónia, um país da NATO, esta sexta-feira a China anunciou estar também a conduzir exercícios militares com a Rússia ao longo da sua costa sul, notícias que surgem na semana em que a Aliança realizou uma cimeira em Washington na qual Pequim foi acusado de alimentar a máquina de guerra de Moscovo contra a Ucrânia e de o Japão ter alertado para a ameaça crescente dos fortes laços entre os dois países.
O Ministério da Defesa chinês referiu que os dois países iniciaram os exercícios, denominados Joint Sea-2024, no “início de julho” e durariam até meados do mês, nas águas e no espaço aéreo ao redor de Zhanjiang, uma cidade no sul da província de Guangdong. E que têm como objetivo “demonstrar a determinação e as capacidades dos dois lados na abordagem conjunta das ameaças à segurança marítima e na preservação da paz e estabilidade global e regional”, bem como “aprofundarão ainda mais a parceria estratégica abrangente de coordenação China-Rússia para a nova era”. As forças chinesas também estão a realizar exercícios este mês com a Bielorrússia, outro aliado russo, na fronteira oriental da NATO.
Na declaração final da cimeira da NATO que terminou na quinta-feira, os seus 32 Estados-membros afirmaram que que a China se tinha “tornado um facilitador decisivo” da invasão da Ucrânia por Moscovo, o que levou Pequim a alertar a Aliança contra “provocar confronto”.Esta sexta-feira, o Japão, um país parceiro da NATO, afirmou que as atividades militares conjuntas da China e da Rússia em torno do Japão são de “grave preocupação”, notando que as repetidas incursões conjuntas de navios chineses e russos ao redor do Japão “são claramente concebidas como uma demonstração de força contra o Japão.
O livro branco da Defesa japonesa deste ano observa ainda que Pequim envia regularmente navios para áreas próximas de ilhas disputadas no Mar da China Oriental - reiterando que as ambições militares da China são “o maior desafio estratégico” para o Japão e para o mundo. Pequim respondeu, dizendo estar “fortemente insatisfeito e se opunha resolutamente” às reivindicações do documento. Moscovo também reagiu esta sexta-feira, mas à notícia da CNN divulgada no dia anterior de que a Rússia estava a planear assassinar Armin Papperger, presidente do fabricante de armas alemão Rheinmetall, que fornece armas à Ucrânia.
Questionado sobre a notícia, entretanto também veiculada pela Der Spiegel, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, apelidou-a de “falsa” e disse que não poderia ser levada “a sério”.
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