Leão XIV contra “ateísmo prático” num tempo em que fé é vista como "absurda". Missa inaugural a 18 de maio
Cardeal António Marto convidou Leão XIV para visitar Santuário de Fátima
O cardeal português António Marto, antigo bispo de Leiria-Fátima, afirmou hoje que convidou o novo Papa, Leão XIV, a visitar o Santuário de Fátima, elogiando a sua devoção mariana.
Numa conferência de imprensa dos cardeais portugueses que estiveram alojados no Colégio Português em Roma, por ocasião do Conclave, António Marto adiantou que disse a Leão XIV: “Trago votos de felicidade, trago o voto de todos dos peregrinos de Fátima” e “num momento oportuno esperamos uma visita sua”.
“Muito obrigado”, respondeu o Papa em português, por duas vezes, segundo António Marto, que elogiou a “devoção mariana” do antigo cardeal Robert Prevost.
Leão XIV, que rezou a Ave-Maria na sua saudação da varanda, é “mariano” e “tem uma grande devoção a Nossa Senhora”, disse António Marto.
Paulo Agostinho, enviado da Agência Lusa
Católicos nos EUA: a primeira-dama, o vice e seis dos nove juízes do Supremo
Em quase 250 anos de História, os EUA só tiveram dois presidentes católicos, ambos democratas: John F. Kennedy e Joe Biden.
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Leão XIV celebra missa inaugural a 18 de maio
A missa de inauguração do pontificado de Leão XIV realiza-se a 18 de maio, anunciou hoje o Vaticano, devendo a cerimónia contar com a presença de delegações e chefes de Estado de todo o mundo.
A missa servirá como uma tomada de posse formal do Papa Leão XIV, a que se seguirá a primeira audiência geral com os fiéis a 21 de maio.
Três dias depois, a 24 de maio, o novo Papa deverá reunir-se com a Cúria e os responsáveis do Vaticano, acrescentou.
O Vaticano adiantou ainda que o Papa pediu a todos os chefes de gabinetes, que tecnicamente perderam as posições com a morte do Papa Francisco, que regressassem ao trabalho até novas ordens.
O novo chefe da igreja católica quer reservar tempo para “reflexão, oração e diálogo” antes de tomar qualquer decisão sobre qualquer confirmação definitiva, indicou a mesma fonte.
Indonésia felicitou Leão XIV e destacou mensagem sobre a paz
A Indonésia, o maior país muçulmano do mundo, felicitou hoje o novo pontífice da Igreja Católica pela eleição, na quinta-feira, elogiando a mensagem de paz de Robert Prevost no Vaticano.
O ministro indonésio dos Assuntos Religiosos, Nasaruddin Umar, afirmou que a mensagem de paz do Papa Leão XIV no discurso inaugural, após ter sido eleito, é digna de apreço.
"É uma mensagem universal: temos de trabalhar em conjunto para tornar a vida neste mundo mais pacífica no futuro", afirmou Umar.
O antecessor de Leão XIV, o Papa Francisco, visitou a Indonésia em setembro de 2024, no âmbito de uma viagem à Ásia e Oceânia, incluindo Timor-Leste.
Na ocasião, o Papa Francisco assinou uma declaração em Jacarta, juntamente com o grande Imã da mesquita Istiqlal, apelando aos representantes das religiões para que "ajudassem a resolver os conflitos" mundiais.
Nasaruddin Umar referiu-se hoje à declaração de Jacarta sublinhando que se trata de um compromisso que precisa de "continuar a construir-se" e a consolidar-se sob a liderança do Papa Leão XIV, em busca de um "mundo mais humano".
Leão XIV contra “ateísmo prático” num tempo em que a fé é vista como "coisa absurda"
O novo Papa, Leão XIV, assumiu hoje perante os cardeais eleitores o desafio de ser sucessor de São Pedro, em tempos de “ateísmo prático” de muitos crentes e não crentes e em que a fé é considerada “coisa absurda”.
“Ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos em que em vez dela se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer”, afirmou o antigo cardeal Robert Prevost, que criticou a falta de prática religiosa, na sua primeira homilia como Papa.
“Não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático”, disse.
Numa homilia na Capela Sistina dirigida aos cardeais eleitores e que teve mulheres a fazer as leituras, Leão XIV mostrou-se consciente da responsabilidade de liderar a Igreja Católica.
Antes de iniciar a homilia, Leão XIV falou em inglês, o seu idioma natal, que não utilizou na saudação da varanda da Basílica na quinta-feira à tarde, e dirigiu-se aos cardeais eleitores: “Eu posso confiar em todos para continuarmos todos como Igreja, como uma comunidade de amigos de Jesus” para continuar a evangelização.
“Deus, de modo particular, chamando-me através do vosso voto a suceder ao primeiro dos apóstolos, confia-me este tesouro para que, com a sua ajuda, eu seja seu fiel administrador” para que a Igreja “seja cada vez mais cidade colocada sobre o monte, arca de salvação que navega sobre as ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo”, disse, já em italiano.
Num texto com várias referências ao Novo Testamento e com citações da constituição aprovada no Concílio Vaticano II, a “Gaudium et Spes”, sobre a Igreja no mundo contemporâneo, o novo Papa recorda as relações de Jesus com a atualidade de então, particularmente os poderosos.
A Bíblia “fala-nos de um mundo que considera Jesus uma pessoa totalmente desprovida de importância, quanto muito uma personagem curiosa, capaz de suscitar admiração com a sua maneira invulgar de falar e agir”, mas “quando a sua presença se tornar incómoda, devido aos pedidos de honestidade e às exigências morais que invoca, este ‘mundo’ não hesitará em rejeitá-lo e eliminá-lo”.
Mas, para as “pessoas comuns”, Jesus “não é um ‘charlatão’: é um homem justo, corajoso, que fala bem e que diz coisas certas, como outros grandes profetas da história” e “por isso, seguem-no, pelo menos enquanto podem fazê-lo sem demasiados riscos ou inconvenientes”, embora o abandonem na sua morte.
“Impressiona a atualidade destas duas atitudes”, porque “encarnam ideias que poderíamos facilmente reencontrar – talvez expressas com uma linguagem diferente, mas essencialmente idênticas – nos lábios de muitos homens e mulheres do nosso tempo”.
Hoje, a Igreja vive em “ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena”, afirmou o novo Papa.
Contudo, para Leão XIV, “a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação – sob as mais dramáticas formas – da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre”.
Lusa
Da unidade da Igreja às finanças do Vaticano: os desafios do novo papa
O sucessor de Francisco tem matérias urgentes e terrenas para tratar, mas também de aprofundar ou mudar o rumo sobre as reformas e as prioridades da missão evangélica.
Paquistão felicita o Papa Leão XIV em pleno conflito com a Índia
O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, enviou hoje uma mensagem de felicitações ao Papa Leão XIV, destacando o compromisso do seu país com a busca da paz e da dignidade humana quando está em pleno conflito com a Índia.
“Estendo as minhas mais sinceras felicitações à comunidade católica mundial pela eleição do Papa Leão XIV. Este momento histórico marca um novo capítulo de esperança e inspiração para milhões de pessoas em todo o mundo”, declarou Shehbaz Sharif na rede social X.
“O Paquistão valoriza os seus laços com o Vaticano e continua empenhado em promover a harmonia inter-religiosa, o respeito mútuo e a nossa busca partilhada pela paz e pela dignidade humana", afirmou o líder paquistanês.
Lusa
Hamas felicita Leão XIV por eleição pede que mantenha apoio a Gaza
O grupo islamita palestiniano Hamas felicitou Leão XIV pela eleição como Papa e pediu que mantenha o apoio demonstrado pelo antecessor à Faixa de Gaza.
“Felicitamos Leão XIV pela sua eleição como líder da Igreja Católica e esperamos que ele continue com a atitude do falecido Papa de apoiar os oprimidos e rejeitar o genocídio em Gaza”, disse o grupo, num comunicado divulgado na noite de quinta-feira.
Na nota, o Hamas desejou ao novo Papa sucesso no trabalho da Igreja, num mundo marcado por tragédias e, em especial, pela “brutal agressão sionista” contra Gaza, onde já morreram mais de 52 mil pessoas desde o início da ofensiva israelita, de acordo com um balanço das autoridades sanitárias de Gaza.
O grupo também recordou “as corajosas posições humanitárias” do Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos, a “constante solidariedade com o povo palestiniano” e a “sua rejeição à ocupação e às suas políticas repressivas”.
O Papa Francisco era um fervoroso defensor da paz mundial e exigia quase diariamente o fim da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, chegando mesmo a pedir que fosse investigada como um possível genocídio.
Após a morte de Francisco, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu demorou três dias a apresentar as condolências.
Lusa
China aguarda “diálogo construtivo” com Vaticano
A China felicitou hoje o novo Papa, Leão XIV, e manifestou esperança de que o Vaticano mantenha uma atitude construtiva no diálogo com Pequim, no contexto de uma relação complexa, mas em processo de aproximação.
“Estendemos as nossas felicitações ao Cardeal Robert Prevost pela sua eleição como novo Papa”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa.
“Esperamos que, sob a sua liderança, o Vaticano continue a manter um diálogo construtivo com a China, a aprofundar a comunicação sobre questões internacionais de interesse comum e a trabalhar em conjunto connosco para promover a melhoria contínua das relações”, acrescentou.
Lin referiu ainda que Pequim deseja que ambas as partes contribuam “para a paz, a estabilidade e a prosperidade globais”.
As duas organizações católicas chinesas apoiadas por Pequim, a Associação Patriótica Católica Chinesa e a Conferência Episcopal da Igreja Católica na China, felicitaram também hoje a eleição de Robert Francis Prevost como novo pontífice.
Ambas as organizações enviaram uma mensagem de felicitações ao novo papa, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.
Lusa
Papa celebra missa na Capela Sistina
Bom dia
Iniciamos agora a cobertura noticiosa relacionada com a eleição de Robert Francis Prevost para suceder a Francisco.
Após a eleição de ontem, o papa Leão XIV celebra esta sexta-feira às 11:00 locais (10:00 em Lisboa) uma missa com os cardeais na Capela Sistina, anunciou o Vaticano.
Robert Francis Prevost vai presidir também à oração "Regina Coeli" (Rainha do Céu) no domingo, às 12:00 (11:00 em Lisboa), a partir da varanda da basílica de São Pedro.
Novo papa na primeira página do recém-impresso L'Osservatore Romano
Leão XIV é, sem surpresa, o destaque da histórica primeira página, recém-impressa, do L'Osservatore Romano, o diário oficial da Santa Sé.
Comunidade Hindu de Portugal felicita Leão XIV e elogia trabalho próximo dos mais humildes
A Comunidade Hindu de Portugal felicitou hoje o Papa pela sua eleição como novo líder da Igreja Católica, considerando que Leão XIV “personifica um espírito de proximidade, humildade e serviço”.
Numa nota assinada pelo seu presidente, Manuel Mulji, a comunidade hindu diz ter recebido a nomeação do novo Papa “com satisfação e esperança”, acrescentando que é “conhecido pelo seu percurso missionário de mais de 30 anos no Peru, pelo trabalho próximo das comunidades mais humildes” e “sempre demonstrou um compromisso genuíno com a justiça social, a escuta das periferias e a promoção de comunidades locais fortes”.
“Reconhecemos e valorizamos a forma como Sua Santidade personifica um espírito de proximidade, humildade e serviço”, refere, destacando o trabalho “junto das comunidades indígenas no Peru, onde promoveu o diálogo intercultural e inter-religioso, e os esforços que empreendeu para reforçar a participação das igrejas locais nas decisões pastorais globais”.
“Estes são valores universais que partilhamos no Sanatan Dharma, a filosofia perene do hinduísmo, e que acreditamos serem essenciais para um mundo mais justo e harmonioso”.
Fazendo votos para que o pontificado do novo Papa seja “iluminado, inspirador e que traga frutos para toda a humanidade”, a comunidade hindu de Portugal assinala que nas primeiras declarações públicas Leão XIV disse desejar “uma Igreja que seja um lar para todos” e que “trabalhe incansavelmente pela paz e pela justiça”.
“Esta visão ressoa profundamente com os nossos princípios e inspira-nos a continuar a construir pontes entre comunidades”.
Netanyahu espera que Leão XIV traga "esperança e reconciliação"
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu hoje ao novo Papa, Leão XIV, que traga "esperança e reconciliação entre todos os crentes".
"Felicidades ao Papa Leão XIV e à comunidade católica mundial. Desejo ao primeiro Papa dos Estados Unidos êxito e que traga esperança e reconciliação entre todos os crentes", disse Netanyahu num comunicado divulgado pelo seu gabinete.
O Presidente de Israel, Isaac Herzog, já tinha pedido ao novo Papa para encorajar "a amizade entre judeus e cristãos".
Liga Operária Católica lembra enciclíca de Leão XIII na saudação a Leão XIV
A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos de Portugal (LOC/MTCP), recordou hoje o Papa Leão XIII, sublinhando que avançou “com uma grande resposta para a época”, que mudou as relações da Igreja com as autoridades temporais.
Numa mensagem na rede social Facebook de saudação ao Papa Leão XIV, hoje eleito, a LOC/MTCP evoca a encíclica Rerum Novarum, escrita por Leão XIII em 1891, para lembrar que é um “documento ainda hoje desafiante nas relações sociais e laborais e que surgiu numa época em que os grandes centros operários surgiam por todo o mundo industrializado”.
O direito dos trabalhadores a estarem organizados e lutarem pelos seus direitos, “onde se abordava o candente tema da questão operária, direitos e deveres do trabalho, da justiça social e o bem comum” foram pontos constantes da Rerum Novarum hoje sublinhados pela Liga Operária Católica.
Na mensagem, em que agradece também o pontificado do Papa Francisco, a LOC/MTCP deseja que “se reforce a vontade de continuar a contribuir para a construção de um mundo onde impere a justiça, a paz e a liberdade”.
Ex-presidentes Obama e Biden saúdam eleição de compatriota
Os ex-presidentes norte-americanos Barack Obama e Joe Biden saudaram hoje a eleição do seu compatriota Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV, desejando-lhe êxito no cargo.
"Este é um dia histórico para os Estados Unidos e rezamos [por Leão XIV] ao começar o seu trabalho sagrado de dirigir a Igreja Caólica e ser um exemplo para tanta gente, independentemente da sua fé", disse Barack Obama nas redes sociais.
Barack Obama dirigiu também as felicitações da sua mulher, Michelle Obama, a um "compatriota de Chicago", cidade onde o casal tem uma residência.
O ex-presidente católico Joe Biden e a sua mulher, Jill Biden, também desejaram êxito ao novo Papa.
"Que Deus abençoe o Papa Leão XIV. Jill e eu felicitamo-lo e desejamos-lhe muito êxito", disse Biden na rede social X.
Leão XIV celebra esta sexta-feira missa na Capela Sistina
O papa Leão XIV celebra esta sexta-feira às 11:00 locais (10:00 em Lisboa) uma missa com os cardeais na Capela Sistina, anunciou o Vaticano.
Robert Francis Prevost vai presidir também à oração "Regina Coeli" (Rainha do Céu) no domingo, às 12:00 (11:00 em Lisboa), a partir da varanda da basílica de São Pedro.
Na segunda-feira, Leão XIV terá um encontro com jornalistas, anunciou o diretor do serviço de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni.
A importância de se chamar Leão
O nome Leão XIV, escolhido hoje pelo novo Papa, sinaliza uma referência à postura política do último pontífice com esta designação no século XIX, e um compromisso com a justiça social de Francisco, segundo uma especialista em religião.
“Acho que muitos de nós ficaram na dúvida quando elegeram um americano, e depois ele escolheu o nome Papa Leão XIV”, observou Natalia Imperatori-Lee, chefe de estudos religiosos da Universidade de Manhattan, citada pela agência Associated Press (AP).
A especialista considerou que a escolha daquele nome pelo cardeal Robert Francis Prevost “significa realmente que ele vai continuar o trabalho de Leão XIII”.
O Papa Leão XIII, que liderou a Igreja Católica entre 1878 e 1903, lançou as bases para o pensamento social católico moderno, sobretudo na sua encíclica “Rerum Novarum” de 1891, que abordava os direitos dos trabalhadores e o capitalismo no início da era industrial.
Este Papa criticou tanto o capitalismo insensível como o socialismo centrado no Estado, dando forma a uma vertente de ensino económico distintamente católica.
O nome “é um profundo sinal de compromisso com as questões sociais”, defendeu Imperatori-Lee.
Além disso, “está a dizer algo sobre justiça social, ao escolher este nome, que será uma prioridade”, no sentido de “dar continuidade a grande parte do ministério de Francisco”.
O primeiro Papa com este nome, Leão I, ficou conhecido por repelir a invasão bárbara de Átila, o Huno, em 452 D.C. e dissuadi-lo de saquear Roma através da diplomacia, comentou o cardeal italiano Maurizio Piacenza à cadeia televisiva RAI.
Depois, referiu-se também a Leão XIII, lembrando que elevou o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia à categoria de basílica papal em 1901.
Durante a maior parte do primeiro milénio da Igreja Católica, os papas usaram os seus nomes próprios.
A primeira exceção foi o romano Mercúrio do século VI, que recebeu o nome de um deus pagão e adotou o nome mais apropriado de João II.
A prática de adotar um novo nome tornou-se enraizada durante o século XI, um período em que os papas alemães escolhiam nomes de bispos da igreja primitiva por "um desejo de significar continuidade", de acordo com Roberto Regoli, historiador da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Durante muitos séculos, os novos papas tiveram tendência a escolher o nome do papa que os tinha elevado a cardeal.
João foi o mais popular, escolhido por 23 papas, incluindo o português João XXI, seguido de Bento e Gregório, cada um com 16.
Foi a partir de meados do século XX que os novos papas começaram a escolher nomes que sinalizassem o objetivo do seu papado, afirmou Regoli, como terá sido o caso de Francisco.
Lusa
Presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa satisfeito com eleição de novo pontífice
O presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa declarou hoje estar satisfeito com a eleição de um novo Papa, desejando que Leão XIV “dê continuidade ao legado” do antecessor, o Papa Francisco.
“O nosso desejo é, sem sombra de dúvidas, que o Papa Leão XIV (…) dê continuidade ao legado do Papa Francisco, porque o Papa Francisco, com toda a franqueza deste mundo, fez um trabalho magnífico”, disse Mahomed Iqbal em declarações por telefone à agência Lusa.
Referindo que Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos, “se preocupava muito com as pessoas carentes, com as pessoas com dificuldades” e que “quis sempre utilizar a fé, a religião, para unir as fés”, adiantou que a comunidade espera que o novo Papa também “consiga, através da fé, unir as religiões”.
Mahomed Iqbal salientou ser “muito importante” que todas as religiões estejam “em harmonia” para fazer face ao que se passa no mundo, exemplificando com as guerras na Ucrânia, em Gaza e “agora infelizmente também entre o Paquistão e a Índia”.
“A nossa crença muito forte é que Sua Santidade, o Papa Leão XIV, possa trazer essa harmonia entre as pessoas do mundo inteiro”, acrescentou.
Conferência Episcopal diz que Leão XIV será construtor de pontes para paz e justiça
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou hoje que o Papa Leão XIV vai ser construtor de pontes para a paz e a justiça, e desejou a continuidade do caminho sinodal ao lado dos migrantes, dos pobres e dos marginalizados.
“Em pleno Jubileu de Esperança, neste mundo de hoje tão sedento de amor e misericórdia, estamos certos de que o Santo Padre, dando testemunho do Evangelho de Jesus, contribuirá para o diálogo inter-religioso e para o diálogo com a sociedade, na construção de pontes ao serviço da fraternidade para a busca de caminhos de paz e justiça, oferecendo à humanidade renovadas centelhas de esperança”, lê-se num comunicado da CEP por ocasião da eleição do Papa.
Antes, os bispos lembram que se vive “num contexto mundial complexo onde se avolumam as preocupações com os conflitos armados, as desigualdades sociais e as crises ambientais”, além de que “também as transformações sociais, culturais e tecnológicas acontecem a ritmos vertiginosos”.
“Desejamos ao Papa Leão XIV um trabalho pastoral fecundo na condução do Povo de Deus, na edificação da unidade na diversidade do que somos e na persecução do caminho sinodal para uma Igreja renovada e missionária, ao lado dos migrantes, dos pobres, dos mais frágeis e dos marginalizados”, adianta o comunicado da CEP, presidida pelo bispo da Diocese de Leiria-Fátima, José Ornelas.
Manifestando “comunhão e fidelidade para com o novo sucessor de Pedro”, os bispos rezam “para que o Espírito de Deus o fortaleça na missão que agora assume” e convidam “todos os fiéis a unirem-se em oração pelos desafios” deste ministério na Igreja e no mundo.
“Confiamos a Nossa Senhora de Fátima e à sua materna intercessão o ministério pastoral de Leão XIV”, adianta o comunicado da CEP, referindo que foi com imensa alegria que os bispos acolheram a eleição do novo Papa.
“Rerum Novarum”, a encíclica do Papa que inspirou Leão XIV
Leão XIII, o Papa que o cardeal Robert Prevost decidiu assumir a continuidade, foi o autor da encíclica Rerum Novarum (“Das coisas novas”), a primeira que aborda a condição dos operários, ainda no final do século XIX.
A encíclica foi publicada a 15 de maio de 1891, na sequência da revolução industrial. Foi o primeiro grande documento da Igreja católica que aborda explicitamente os problemas sociais e económicos, num contexto das grandes perturbações sociais, sendo considerada a base da doutrina social da Igreja em sentido estrito.
“A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social”, assim começa a Introdução da encíclica, referindo que “a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos de um pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito”.
Resguardando o papel e a função social da Igreja, a encíclica, na linguagem da época, estabelece entre os deveres do “pobre e operário” que “deve fornecer integral e fielmente todo o trabalho a que se comprometeu por contrato livre e conforme à equidade”.
Quanto aos ricos e patrões, “não devem tratar o operário como escravo”, respeitando nele “a dignidade do homem”. Entre os deveres principais do patrão – refere o documento – “é necessário colocar, em primeiro lugar, o de dar a cada um o salário que convém” mas, “certamente, para fixar a justa medida do salário, há numerosos pontos de vista a considerar”, entre eles “precaver-se” de todo “ato violento, toda a fraude, toda a manobra usurária” contra o pobre.
Mais tarde, outras encíclicas se seguiriam, acompanhando a evolução dos tempos, publicadas, entre outros papas, por Pio XI, João XIII e Paulo VI.
São, no entanto, atribuídas a Santo Agostinho - um dos mais importantes teóricos e filósofos dos primeiros tempos do cristianismo (século IV) – as primeiras considerações sobre a função da Igreja e o papel da dignidade humana e sobre o bem comum na vida em sociedade.
Não por acaso, o novo Papa é um agostiniano, tendo ingressado na Ordem de Santo Agostinho em 1977, em Saint Louis, no estado do Missouri (Estados Unidos).
Lusa
Peruanos e norte-americanos disputam “nacionalidade” de Leão XIV
Os norte-americanos festejaram a eleição de um Papa dos EUA na Praça de São Pedro, mas quem estava mais entusiasmado eram os poucos peruanos presentes, como é o caso de Carolina Hurtado.
“Ele é mais peruano do que dos Estados Unidos”, porque foi no Peru que “se fez bispo e cardeal”, afirmou a freira, segurando uma bandeira do seu país.
Ao seu lado, o sacerdote Michael Sims discordava. “Ele é de Chicago, como eu”, disse, brincando “USA, USA”.
Todo o percurso pastoral recente do cardeal Robert Prevost passou pelo Peru, onde foi missionário, antes de ter sido chamado a prior geral dos Agostinianos, durante dois mandatos, tendo depois regressado ao Peru, para gerir a diocese de Chiclayo.
Francisco nomeou-o cardeal e chamou-o a Roma para Prefeito do Dicastério dos Bispos, tendo sido eleito, aos 69 anos, Papa Leão XIV.
A sua eleição “foi uma bênção, porque ajudou na paz do nosso país. O Santo Padre conhece as pessoas que necessitam” e “foi um mediador” na sequência das várias crises políticas do país, afirmou Carolina Hurtado.
“Ele sabe bem o que fez Francisco, deve muito a Francisco e falou nele no seu discurso. As coisas vão continuar no mesmo caminho”, confiou a religiosa, salientando que o novo Papa “falou do Caminho Sinodal”, o que é “um sinal importante” que quer manter o diálogo com as bases da Igreja.
Leão XIV “fez um grande trabalho com os mais pobres e sabe bem como é a vida de quem sofre”.
Já Sims não conhece tão bem Robert Prevost feito Leão XIV. “Confesso que não conheço muito, é muito bem visto na América Latina e é um Papa do mundo”, afirmou.
“Seja quem for, fará o bem à Igreja”, confiou o sacerdote, estudante de teologia em Roma.
Maristel Jaime Salcedo, 25 anos, era outra peruana excitada com a escolha de Prevost. “Viu, ele falou em espanhol, não falou em inglês?”
“Eu sou católica, vivo em Londres e vim aqui por causa do Conclave. Foi uma aventura, mas quando falaram em Chiclayo fui a única que gritei, porque não havia mais nenhum peruano ao pé de mim”, afirmou Maristel, que se juntou depois a Carolina para festajarem com a bandeira do seu país.
Quanto ao futuro, Maristel considera que Leão XIV necessita de “sabedoria e humildade” para “procurar uma igreja unificada, mas que mude”.
Rachel Sand é outra jovem de 25 anos, com a bandeira norte-americana aos ombros e que estava esfusiante.
“Não sei nada sobre o novo Papa, mas é nosso. Ele é dos Estados Unidos”, gritou, prometendo “beber esta noite à saúde de Leão XIV”.
De férias em Roma, aproveitou para ir ver o fumo à Praça de São Pedro e teve sorte. “Só vim hoje, correu bem”, disse.
Quanto ao futuro, Rachel Sand, que se diz católica “pouco praticante”, espera que o Papa não seja “uma marionete do Presidente Trump”.
“Queremos um Papa que faça a paz e que não obedeça a loucos, como Trump ou Musk”, disse.
Lusa
Bispo de Leiria-Fátima antecipa pontificado marcado pela atenção mais frágeis
O bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, antecipou hoje um pontificado de Leão XIV marcado pela atenção aos mais frágeis e salientou a sua pertença à Ordem de Santo Agostinho, padroeiro da diocese.
“O novo pontífice escolheu o nome de Leão, evocando a memória de Leão XIII, o grande Papa da encíclica ‘Rerum Novarum’. Este nome faz-nos sonhar com um pontificado marcado pela atenção aos mais frágeis e pela promoção da justiça social, tema bem caro à herança que nos deixa o Papa Francisco”, afirmou, numa nota enviada à comunicação social, José Ornelas, também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
“O facto de o Papa Leão XIV pertencer à Ordem de Santo Agostinho, padroeiro da nossa Diocese de Leiria-Fátima, toca-nos particularmente. Sentimos que há uma ligação espiritual que nos aproxima e que o Santo Padre, com o seu carisma agostiniano, poderá trazer ao mundo uma mensagem de profunda interioridade e busca da verdade”, adiantou José Ornelas.
O bispo declarou-se ainda particularmente tocado quando o novo Papa rezou uma Avé Maria no final da sua apresentação na Praça de São Pedro, em Roma.
“Esse gesto simples e cheio de significado revela o seu coração mariano e faz-nos pensar em Fátima, na confiança de que Nossa Senhora o acompanhará nesta nova missão”, realçou o responsável da Diocese de Leiria-Fátima.
José Ornelas acrescentou que teve “a graça de conhecer o Papa Leão XIV quando ambos” serviam como superiores gerais nas respetivas congregações.
“Por diversas ocasiões pude testemunhar a sua humanidade, a sua profunda vida espiritual e a sua vasta experiência missionária”, sublinhou o prelado.
Para o bispo de Leiria-Fátima, “a Igreja está em boas mãos”.
“Rezamos por ele, pedindo a Deus que o ilumine, que o fortaleça e que lhe conceda a alegria de ser um bom pastor, guiando o povo de Deus com amor e sabedoria”, adiantou, referindo que “a escolha do Santo Padre é um sinal da presença e da ação do Espírito Santo na condução da Igreja”.
Teólogo diz que Leão XIV deverá recusar "modelos ultraconservadores" e orientar Igreja para o operariado
O teólogo João Manuel Duque considerou hoje que o novo Papa Leão XIV deverá recusar “modelos ultraconservadores” e que a escolha do nome revela preocupação com a doutrina social da Igreja orientada “para o mundo do operariado”.
O cardeal americano Robert Francis Prevost foi hoje eleito Papa pelos 133 cardeais reunidos em Roma e assumiu o nome de Leão XIV, que tem como antecessor com este nome Leão XIII, um pontífice conhecido por ser o autor da encíclica social Rerum Novarum (Das Coisas Novas) de 1891, que abordava os direitos dos trabalhadores e o capitalismo.
Em declarações à agência Lusa, o professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica lembrou Leão XIII, um italiano (Vincenzo Gioacchino Pecci) que liderou a igreja de 1878 a 1903, “foi um homem que conseguiu criar bastantes consensos”.
“Foi o grande impulsionador daquilo que é considerado a doutrina social da Igreja, sobretudo na orientação para o mundo do operariado. Parece-me que isso é um indício de uma preocupação eminentemente política, mas política no sentido da paz. Aliás, começou o discurso por aí: da paz e da reconciliação”, afirmou.
João Manuel Duque observou que o facto de ser norte-americano não lhe parece que “seja insignificante na geopolítica internacional” e que o foco mais político do novo Papa deverá ser orientado para a reconciliação.
“Uma vez que os Estados Unidos têm – continuam a ter e continuarão certamente a ter – um papel muito importante nessa dimensão internacional, o facto de ele ser de origem americana parece-me também ser muito significativo”, salientou.
O catedrático disse ainda que o Papa Leão XIV deverá dar continuidade ao trabalho do Papa Francisco, mas sem o carisma de Jorge Mario Bergoglio, mantendo “um estilo que recusa os modelos ultraconservadores”.
“Será um progressismo mais sereno. Também, internamente, na Igreja a formação em Direito Canónico normalmente não alimenta progressismos mais radicais. Nesse sentido, tratar-se-á de um certo progressismo equilibrado, que me parece também que, em continuidade com o trabalho do Papa Francisco, é significativo e poderá ser interessante para a fase próxima da Igreja”, vincou.
O estudioso ressalvou que, como já tinha acontecido com a escolha de Bento XVI para suceder João Paulo II, a Igreja poderá transitar “para uma fase mais calma” para “evitar, eventualmente, certas tensões exageradas” no Vaticano.
As previsões de que poderia ser eleito um Papa anti-Francisco “não se realizaram, significa que o Conclave e (…) a Igreja toda representada estão de acordo com uma certa continuidade de perfil de transformações internas ou externas da própria Igreja.
O professor da Universidade Católica Portuguesa sublinhou que, sendo formado em Direito Canónico, o Papa Leão XIV está mais atento às estruturas da Igreja, “orientado para a governação eclesial e não tanto para transformações de ordem pastoral”, sendo “um certo equilíbrio em relação a Francisco, mas na continuidade”.
“Talvez seja o que precisamos, agora, de seguida, na Igreja”, acrescentou.
Lusa
Santuário de Fátima convicto de que Leão XIV continuará trabalho de Francisco e espera visita
O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, disse estar convicto de que Leão XIV, hoje eleito Papa, vai continuar o trabalho do seu antecessor e deseja que visite a Cova da Iria.
“É minha convicção de que este homem que tinha sido escolhido pelo Papa Francisco para tarefas dentro da Igreja continuará aquilo que foi o pontificado que o antecedeu, o pontificado do Papa Francisco, um homem atento às dores e às feridas da Igreja e do mundo em que vivemos”, afirmou o padre Carlos Cabecinhas, numa mensagem vídeo disponibilizada à comunicação social.
O reitor do santuário adiantou que “a Igreja alegra-se sempre com a eleição de um novo Papa”, reconhecendo que “há sempre uma expectativa que rodeia estes momentos, de ‘sede vacante’, a expectativa em relação a quem será o eleito, quem será o escolhido”.
“Do ponto de vista de fé, nós acreditamos que é escolhido aquele que o Senhor entende que é a pessoa oportuna para o momento de vida da Igreja e do mundo que estamos a atravessar”, salientou, acrescentando: “Foi escolhido o Papa Leão XIV e, por isso, alegramo-nos com ele”.
Segundo o reitor do maior templo mariano do país, “um dos aspetos fundamentais de Fátima é esta comunhão com o Papa”.
“E, por isso, Leão XIV agora é o nosso Papa, aquele a quem estamos unidos”.
Para o reitor, este também é um momento para desejar que “ele possa visitar Fátima”, lembrando que alguns dos cardeais de quem se falava para a sucessão de Francisco já estiveram em Fátima.
“O cardeal Prevost, agora Leão XIV, não esteve e, por isso, o meu grande desejo é que ele possa visitar este santuário, fazer a experiência de oração neste santuário e experimentar aqui a força da oração dos peregrinos pelo Santo Padre”, declarou o padre Carlos Cabecinhas.
Israel espera estreitar laços com Igreja Católica
O Presidente de Israel afirmou hoje esperar estreitar relações entre o seu país e a Igreja Católica, após a eleição do novo Papa, o norte-americano Robert Francis Prevost, que adotou o nome de Leão XIV.
“Aspiramos a reforçar as relações entre Israel e a Santa Sé, bem como a amizade entre judeus e cristãos na Terra Santa e em todo o mundo”, declarou Isaac Herzog num comunicado.
Historicamente complicadas, as relações entre o Vaticano e Israel deterioraram-se após o ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas ao sul de Israel, a 07 de outubro de 2023, e a guerra que Israel desencadeou em retaliação no mesmo dia, na Faixa de Gaza, ainda em curso.
Marcelo: "Dá a sensação de ser um continuador de Francisco"
Marcelo Rebelo de Sousa comentou a escolha do novo papa, Leão XIV, considerando que "está escolhida uma pessoa para continuar o diálogo entre bispos".
"Tendo nacionalidade americana, passou muitos anos na América Latina e até tem dupla nacionalidade, americana e peruana. Permitirá o diálogo entre os vários continentes. Segue a linha de diálogo e pontes do papa Francisco", afirmou o Presidente da República à margem de uma visita à Feira de Arte e Antiguidades, na Cordoaria Nacional.
"Para muitos é uma surpresa, é muito novo. Tem 69 anos. Teoricamente terá um pontificado longo. Dá a sensação de ser um continuador de Francisco, próximo dele nos últimos anos, e não muito falado quando comparado com outros nomes. Vem das Américas. Vão rodando os continentes. Há uma ideia de compromisso com proximidade a Francisco, com origem americana e toque latino-americano", prosseguiu o chefe de Estado.
"Foi uma surpresa, mas que à primeira vista tem lógica. Pertence à linha de cardeais, feita em 2003, que era conhecida por todos os cardeais. Era dos muito poucos que era conhecido por todos. Talvez daí ter sido uma escolha rápida", concluiu Marcelo, que foi questionado sobre se Donald Trump tem razões para estar contente. "Nem pensei nisso", respondeu.
Nome de Leão XIV cria expectativa sobre atenção a questões sociais pelo novo pontífice
O novo Papa foi recuperar o nome de Leão, que tinha sido usado pela última vez por Leão XIII, pontífice mais conhecido como o autor da encíclica social Rerum Novarum.
Leão XIII, Vincenzo Gioacchino Pecci, nasceu em Carpineto (Itália) em 1810 e morreu em Roma em 1903, tendo sido eleito Papa em 1878.
Foi considerado um pontífice “das encíclicas”, pois publicou dezenas delas, embora a Rerum Novarum, de 1891, se destaque como a primeira grande encíclica social, que analisava a situação das classes trabalhadoras.
Se, como é habitual dizer-se, o nome de um Papa encerra todo um programa, o nome de Leão XIV assumido pelo Papa hoje eleito, pode indicar que as questões sociais, nomeadamente as que respeitam ao mundo do trabalho, estarão entre as preocupações do seu pontificado.
Na introdução da Rerum Novarum, Leão XIII lembrava que, “a sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social”.
“Efetivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos de um pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito”, escrevia o Papa Vincenzo Pecci naquela encíclica datada de 15 de maio de 1891.
Em pleno período pós-Revolução Industrial, Leão XIII assegurava ter-lhe parecido oportuno falar da “Condição dos Operários”, a fim de “pôr em evidência os princípios de uma solução, conforme à justiça e à equidade”.
“O problema nem é fácil de resolver, nem isento de perigos. E difícil, efetivamente, precisar com exatidão os direitos e os deveres que devem ao mesmo tempo reger a riqueza e o proletariado, o capital e o trabalho. Por outro lado, o problema não é sem perigos, porque não poucas vezes homens turbulentos e astuciosos procuram desvirtuar-lhe o sentido e aproveitam-no para excitar as multidões e fomentar desordens”, escrevia o Papa da transição do século XIX para o século XX.
Muitos consideram que esta encíclica, já com 134 anos, continua atual.
Aquando dos 130 anos, Manuel Pinto, no jornal 7Margens, recordava que “do ponto de vista dos problemas e preocupações enunciados pelo Papa”, alguns temas continuam a ter pertinência.
E como exemplos, apontava “a gravidade de descurar as condições dignas do trabalho operário”, a “importância de se instituir algum tipo de proteção social”, “a preocupação de que no valor do salário se tenha em conta também a família e a sua subsistência” ou “uma atenção especial às condições e exigências particulares do trabalho de crianças e das mulheres, considerando em especial, neste caso, o papel da maternidade”.
Lusa
Moçambique recebe eleição “com alegria e júbilo” e quer aprofundar laços
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou hoje que foi "com alegria e júbilo” que Moçambique recebeu a notícia da eleição do Papa Leão XIV, garantindo a disponibilidade para aprofundar os laços com a Santa Sé.
"Moçambique, um país de fé e de convivência inter-religiosa harmoniosa, renova, neste momento solene, a sua firme vontade de continuar a cooperar com vossa santidade para o estreitamento das relações entre a Santa Sé e a República de Moçambique e na promoção de valores comuns que contribuam para a edificação de um mundo mais justo, solidário e humano”, refere a Presidência da República, em comunicado, sobre a mensagem da felicitações enviada pelo chefe de Estado ao novo Papa.
Putin certo que "diálogo construtivo" vai continuar com Leão XIV
O Presidente russo felicitou hoje o novo Papa Leão XIV, de origem norte-americana, e afirmou estar certo que será mantida uma cooperação construtiva entre Moscovo e o Vaticano.
"Estou certo que o diálogo construtivo e a interação estabelecida entre a Rússia e o Vaticano vão continuar a desenvolver-se na base dos valores cristãos que nos unem", disse Vladimir Putin, numa mensagem de felicitações divulgada pelo Kremlin (presidência).
Zelensky espera que novo líder apoie “moral e espiritualmente” a Ucrânia
O Presidente ucraniano saudou hoje o Papa Leão XVI, esperando que o novo chefe da Igreja Católica apoie “moral e espiritualmente” a Ucrânia a “restabelecer a justiça e alcançar uma paz duradoura” com a Rússia.
“A Ucrânia aprecia profundamente a posição consistente da Santa Sé em prol do respeito pelo direito internacional, condenando da agressão militar da Federação Russa à Ucrânia e protegendo os direitos de civis inocentes”, acrescentou Volodymyr Zelensky, numa mensagem publicada na rede social X.
Pedro Nuno espera que Leão XIV seja "farol de paz, diálogo e dignidade humana"
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, manifestou hoje o desejo de que o novo Papa Leão XIV seja "um farol de paz, de diálogo e de dignidade humana" e prossiga o legado de Francisco.
"Hoje é um dia importante para o mundo — e não apenas para os católicos — com a eleição de Sua Santidade o Papa Leão XIV. Cabe-lhe agora a responsabilidade de assumir e prosseguir com o legado e o exemplo do Papa Francisco", pode ler-se numa mensagem das redes sociais de Pedro Nuno Santos.
O líder do PS espera que, num tempo de incerteza e conflito, "o novo Papa possa ser um farol de paz, de diálogo e de dignidade humana".
Bispo do Funchal saúda Leão XIV e promete estar com ele "no serviço do Evangelho"
O bispo do Funchal, Nuno Brás, saudou a eleição do cardeal norte-americano Robert Prevost como novo Papa Leão XIV, prometendo "estar sempre com ele no serviço do Evangelho e da salvação do mundo”.
Numa nota publicada na página da Diocese do Funchal na Internet, Nuno Brás assegura que reza “para que o seu testemunho, as suas palavras, expressões e gestos inspirem esperança e fortaleçam a fé dos cristãos em todo o mundo e seja voz que anuncie a paz e a fraternidade entre todos os povos”.
Os principais factos sobre o novo papa
Nasceu em Chicago, no estado norte-americano de Illinois, em 14 de setembro de 1955 (há 69 anos);
Filho de pais com ascendência francesa, italiana e espanhola;
Primeiro papa norte-americano e agostiniano;
Tem dois irmãos, Luis Martin e John Joseph;
Estudou na União Teológica Católica de Chicago, licenciando-se em Teologia;
Foi enviado pela Ordem para Roma aos 27 anos para estudar Direito Canónico na Pontifícia Universidade de S. Tomás de Aquino;
É conhecido como o “pastor de duas pátrias” devido à sua atuação missionária no Peru durante a década de 1980, sendo fluente em castelhano.
Foi nomeado bispo de Chiclayo, no Peru, em 2015;
Foi promovido a arcebispo em 2023 e foi nomeado cardeal no ano passado.
UE felicita Leão XIV e espera pontificado de "sabedoria e força"
A União Europeia (UE) felicitou hoje o novo Papa, Leão XIV, e disse esperar que seja uma voz "no palco global" e que o pontificado seja "guiado pela sabedoria e força" para "promover valores comuns".
"Felicitamos sinceramente a Sua Santidade Leão XIV pela sua eleição enquanto Papa e líder da Igreja Católica", disseram em comunicado conjunto os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.
A UE disse esperar que o pontificado de Leão XIV seja "guiado pela sabedoria e força", enquanto lidera a "comunidade católica e inspira o mundo através do seu compromisso com a paz e o diálogo".
Montenegro destaca “significado político” da escolha de um papa norte-americano
O líder da AD e primeiro-ministro destacou hoje o “significado político” da escolha de um cardeal norte-americano, Robert Francis Prevost, para novo Papa e salientou que o nome Leão XIV indicia uma vocação para o trabalho social.
Luís Montenegro falava aos jornalistas em Santarém, antes de uma iniciativa de campanha da AD – Coligação PSD/CDS-PP, e depois de já ter publicado uma nota de felicitações ao novo papa na sua conta oficial como primeiro-ministro na rede social X.
“Creio que a escolha tem significado político, tem significado social e a minha expectativa é de que agora se possa concretizar num pontificado cheio de intervenção positiva, independentemente dos credos de todos aqueles que professam outras fés”, afirmou, alertando que “a Igreja Católica não se esgota apenas nos seus fiéis”.
Luís Montenegro felicita Leão XIV e deseja-lhe pontificado pleno de luz e humanismo
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, felicitou hoje o novo Papa Leão XIV e desejou-lhe um pontificado pleno de luz, humanismo e universalismo, promovendo a paz e a compreensão num contexto internacional de instabilidade e de incerteza.
Esta reação de Luís Montenegro foi publicada na sua conta oficial na rede social X (antigo Twiiter), depois de a Santa Sé ter anunciado que o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de Chicago, foi eleito Papa pelos 133 cardeais reunidos no Vaticano, tendo assumido o nome de Leão XIV.
“Felicito Sua Santidade o Papa Leão XIV pela eleição e desejo um pontificado pleno de luz, humanismo e universalismo. Felicito os católicos portugueses e os católicos de todo o mundo”, escreveu o primeiro-ministro português.
A seguir, Luís Montenegro referiu-se à atual conjuntura mundial, afirmando esperar que “nesta hora internacional de grande instabilidade e incerteza, o Papa Leão XIV e a Santa Sé possam ser ouvidos na promoção da paz, da empatia, da compaixão e da compreensão entre todos”.
Trump saúda primeiro norte-americano eleito líder da Igreja Católica
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, felicitou hoje o primeiro Papa norte-americano, o cardeal Robert Francis Prevost, nomeado pelo conclave reunido na Capela Sistina, em Roma, como sucessor de Francisco.
“Parabéns ao cardeal Robert Francis Prevost, que acaba de ser nomeado Papa. É uma grande honra saber que ele é o primeiro Papa norte-americano. Que emoção e que grande honra para o nosso país”, escreveu Trump na sua rede social, Truth Social.
“Estou ansioso por conhecer o Papa Leão XIV. Será um momento muito significativo!”, acrescentou o chefe de Estado norte-americano.
Leão é um dos nomes mais escolhidos entre líderes da Igreja Católica
O novo Papa, o norte-americano Robert Francis Prevost, decidiu adotar o nome Leão XIV, um dos nomes mais escolhido entre os líderes da Igreja Católica.
Os nomes mais escolhidos pelos Papas ao longo da história da Igreja Católica foram João, por 23 vezes, Bento e Gregório ambos por 16, seguidos pelos nomes Clemente e também por Leão, agora com 14.
Entre os nomes mais escolhidos estão também Inocêncio, com 12, Bonifácio com nove e Urbano com oito.
Os cardeais reunidos na Capela Sistina elegeram o 267.º bispo de Roma e também líder da Igreja Católica no segundo dia do conclave.
Robert Francis Prevost, de 69 anos, é o primeiro norte-americano a ser eleito Papa.
Lusa
Prevost, o cardeal progressista das Américas recupera o nome de Leão
O cardeal Robert Francis Prevost, hoje eleito Papa, e que adotou o nome de Leão XIV, era até agora Prefeito do Dicastério para os Bispos, desde 12 de abril de 2023 e é considerado um progressista.
Arcebispo-Bispo Emérito de Chiclayo, no Peru, nasceu em 14 de setembro de 1955 em Chicago nos Estados Unidos da América, é considerado da linha progressista do colégio cardinalício.
Segundo informações disponibilizadas pelo Vaticano, em 1977 entrou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (O.S.A.), tendo feito os votos solenes em 29 de agosto de 1981.
Estudou na União Teológica Católica de Chicago, licenciando-se em Teologia.
Aos 27 anos, foi enviado pela Ordem para Roma para estudar Direito Canónico na Pontifícia Universidade de S. Tomás de Aquino.
Lusa
Marcelo saúda Leão XIV com "profunda alegria"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou hoje uma mensagem de felicitações ao novo Papa, Leão XIV, expressando com "profunda alegria" em seu nome pessoal e em nome do povo português.
"O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa expressa a profunda alegria com que, em seu nome pessoal e em nome do povo português, saúda o Papa Leão XIV", lê-se numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet .
Novo papa já apareceu na varanda: "Quero que a paz chegue a toda a Terra"
Robert Francis Prevost, o novo papa, Leão XIV, 267.º líder da Igreja Católica, já apareceu na varanda a saudar os fiéis na Praça de São Pedro.
O norte-americano foi bastante saudado pela multidão.
"Que a paz esteja convosco. Caros irmãos e irmãs, este é a primeira saudação do Cristo renascido, o pastor que deu a vida pelo corpo de Deus", começou por dizer aos fiéis, tendo lembrado o antecessor: "ainda temos nos ouvidos a voz de Francisco."
"Quero que a paz chegue a toda a Terra", afirmou o novo papa, emocionado, insistindo muito na palavra "paz".
"Temos de ter uma Igreja aberta para receber todos", salientou Leão XIV, parecendo seguir a mesma linha de Francisco.
O novo Papa agradeceu o legado do antecessor e pediu ajuda para “construir pontes”, na busca de justiça sem medo.
Norte-americano Robert Francis Prevost é o novo papa, Leão XIV
Já é conhecido o novo papa, o norte-americano Robert Francis Prevost. É o primeiro sumo pontífice proveniente dos Estados Unidos.
A decisão foi conhecida minutos depois de ter saído fumo branco da chaminé da Capela Sistina, perante o entusiasmo de milhares de fiéis que aguardavam novidades na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Robert Prevost havia sido nomeado por Francisco como prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Prevost, de 69 anos, é conhecido como o “pastor de duas pátrias” devido à sua atuação missionária no Peru durante a década de 1980, sendo fluente em castelhano.
Considerado modesto, tímido, próximo de Francisco e com um profundo conhecimento da Igreja de todo o continente americano, tem bastante experiência internacional, tendo já participado na nomeação de bispos em todo o mundo, o que lhe confere uma compreensão global da instituição.
Nasceu em Chicago em 14 de setembro de 1955 e é filho de um francês e de uma italiana, tendo feito formação em matemática e filosofia.
Milhares de fiéis aguardam pelo novo papa
Do fumo branco ao “Habemus Papam”. O que se segue?
Saiba quais as etapas protocolares a cumprir até o sucessor de Francisco aparecer na varanda da Basílica de São Pedro para dar início ao novo pontificado
“Habemus papam”. Fumo branco na chaminé da Capela Sistina
À quarta, foi de vez. Saiu esta quinta-feira à tarde, após a quarta votação do Conclave, a terceira do dia, fumo branco da chaminé da Capela Sistina do Vaticano. Um nome já obteve a maioria de dois terços (89 votos) de votos por parte dos 133 cardeais eleitores para ser eleito novo papa e esse nome deverá ser anunciado nos próximos minutos.
A decisão foi conhecida às 18:08 locais (17:08 em Lisboa).
Os sinos da basílica de São Pedro tocaram a repique, anunciando a escolha do novo chefe da Igreja católica.
Um imenso clamor percorreu a multidão de vários milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, ao verem fumo branco, momento que foi acompanhado por fortes aplausos.
Tal como nos dois anteriores, nos quais foram eleitos Bento XVI em 2005 e Francisco em 2013, este conclave durou dois dias.
Em seguida, o cardeal proto-diácono, o francês Dominique Mamberti, virá à varanda para anunciar a eleição com as conhecidas palavras em latim: "Nuntio vobis gaudium magnum: Habemus papam" (“Anuncio com grande alegria: temos Papa”).
Depois, dirá em latim o nome do cardeal eleito, assim como o nome pelo qual passará a ser conhecido como Papa.
O novo Papa aparecerá então perante os crentes na Praça São Pedro para se apresentar ao mundo.
Antes, o novo Papa, cujo nome será conhecido em breve, deslocar-se-á da Capela Sistina para a chamada Sala das Lágrimas para se vestir, no âmbito do ritual da eleição.
Entre os favoritos à eleição, contam-se, entre outros, o filipino Luis Antonio Tagle, os italianos Pietro Parolin e Pierbattista Pizzaballa, o maltês Mario Grech e o francês Jean-Marc Aveline.
Cardeal Giovanni Battista Re: "Espero que haja fumo branco esta noite"
O cardeal decano Giovanni Battista Re, de 91 anos, espera que os 133 cardeais eleitores cheguem a consenso esta quinta-feira sobre o sucessor do papa Francisco.
“Espero que quando regressar a Roma esta noite já encontre fumo branco. Estou particularmente feliz por estar aqui no início do Conclave para que o Espírito Santo sopre forte e seja eleito o papa de que a Igreja de hoje e o mundo de hoje necessitam", disse o cardeal em Pompeia, segundo o jornal Corriere della Sera.
Para o decano dos cardeais, o novo papa, "antes de mais, terá de tentar fortalecer a fé em Deus neste nosso mundo caracterizado pelo progresso tecnológico". "Mas do ponto de vista espiritual, notamos um certo 'esquecimento de Deus'", disse. Nesse sentido, defendeu, "há necessidade de um despertar".
Giovanni Battista Re presidiu à homilia da missa ‘pro eligendo Romano Pontifice’, que marcou o início do Conclave, tendo pedido aos cardeais eleitores que escolham o papa de que “a Igreja e a humanidade precisam” num “momento tão difícil e complexo”.
A duração média para escolher um papa é de três dias e sete votações desde o início do século XX
Desde o início do século XX (10 Conclaves) que a duração média para a escolha de um papa é de três dias e sete votações. As contas são da BBC, que recorda o que aconteceu nos últimos Conclaves.
Para a eleição de Francisco, em 2013, foram necessários dois dias e cinco votações.
O mesmo número de dias foram necessários para eleger o papa Bento XVI, mas ocorreram quatro rondas de votações.
Os cardeais eleitores demoraram mais tempo para escolher o papa João Paulo II. Só saiu fumo branco no Conclave de 1978 após três dias e oito votações.
Decisão adiada para esta tarde. Estão previstas mais duas votações na Capela Sistina
O fumo negro que saiu da chaminé da Capela Sistina por volta das 10:50 (hora em Lisboa) indica que os 133 cardeais eleitores vão retomar as votações no período da tarde.
Após as votações da manhã, os cardeais fazem uma pausa e regressam à Casa Santa Marta para depois voltarem à Capela Sistina, estando previstas mais duas rondas durante a tarde.
O resultado das votações dos cardeais deverá ser conhecido pelas 17:30 (16:30 hora em Lisboa ) e 19:00 (18:00).
Tal como aconteceu durante a manhã, na primeira votação da tarde só sairá fumo da chaminé da Capela Sistina caso seja eleito um novo papa.
A reação na Praça de São Pedro ao fumo negro da chaminé da Capela Sistina
Saiu fumo negro da chaminé da Capela Sistina
Ainda não há novo papa. Saiu fumo negro da Capela Sistina, o que significa que os 133 cardeais eleitores ainda não chegaram a consenso sobre o sucessor do papa Francisco.
Pela segunda vez neste Conclave, o fumo que saiu da chaminé da Capela Sistina foi negro, pelo que é necessário esperar pelas duas votações previstas para esta tarde para saber se vai ser eleito um novo papa.
O 267.º líder da Igreja Católica é eleito após ser alcançada uma maioria de dois terços.
Milhares na Praça de São Pedro na expectativa de saber se há sucessor de Francisco
Sem a possibilidade de se saber o que se passa no interior da Capela Sistina, onde estão reunidos os 133 cardeais eleitores, supõe-se que a ausência de fumo, até ao momento, significa que vai decorrer a segunda votação da manhã.
A segunda votação do segundo dia do Conclave terá obrigatoriamente um resultado, fumo branco ou negro.
A expectativa é grande entre os milhares que se encontram na Praça de São Pedro, no Vaticano.
De olhos postos na chaminé da Capela Sistina
No segundo dia do Conclave, as atenções voltam a estar centradas na chaminé da Capela Sistina para saber se os 133 cardeais, entre os quais quatro portugueses, escolheram o sucessor do papa Francisco, falecido a 21 de abril.
Para este segundo dia do Conclave, estão previstas quatro votações, duas de manhã e duas de tarde.
Caso não haja fumo a sair da chaminé a meio da manhã desta quinta-feira é sinal que não houve consenso entre os cardeais.
Desta forma, o primeiro sinal de fumo pode ser por volta do meio-dia (11:00 em Lisboa), a menos que seja escolhido um novo papa na primeira votação do dia e, nesse caso, o fumo branco sairá da chaminé por volta das 10:30 (09:30).
Durante a tarde, o resultado das votações dos cardeais será conhecido pelas 17:30 (16:30) e 19:00 (18:00).
Para escolher o 267.º líder da Igreja Católica é necessário que seja alcançada uma maioria de dois terços.
Será que hoje haverá decisão? Começa o segundo dia do Conclave
Bom dia.
Começa agora a cobertura do segundo dia do Conclave, depois de ontem não se ter chegado a uma decisão relativamente ao sucessor de Francisco.
Estão previstas quatro votações, duas de manhã e duas de tarde.
O primeiro sinal de fumo pode ser por volta do meio-dia (11:00 em Lisboa), a menos que seja escolhido um novo papa na primeira votação do dia, caso em que o fumo branco sairá da chaminé por volta das 10:30 (09:30).
À tarde, o resultado das votações dos cardeais será conhecido pelas 17:30 (16:30) e 19:00 (18:00).
Vaticano explica motivos para atraso na votação
Estava previsto um sinal de fumo às 18h, mas este só surgiu por volta das 20h, devido a um atraso na primeira ronda de votações.
Segundo o Vaticano, o sermão de Raniero Cantalamessa, um cardeal italiano, foi mais longo do que o esperado, tendo durado entre 45 minutos e uma hora.
Por outro lado, vários cardeais precisaram de ajuda na tradução, pois muitos não falam italiano nem latim e estão em funções há pouco tempo.
Romanos cumprem tradição de ver o fumo, mesmo atrasado duas horas
A Praça de São Pedro encheu-se hoje de crentes e não crentes para saber o resultado da primeira votação dos cardeais, com muitos romanos a suportarem o atraso de duas horas à espera do nome do seu bispo.
Quanto, pelas 21 horas locais (20:00 Lisboa), saiu o fumo negro da Capela Sistina, os ecrãs que transmitiam para a Praça de São Pedro falharam e ouviu-se um padre filipino a gritar: “foram os russos que bloquearam o sinal”.
Mas quase ninguém se riu porque já era visível o cansaço de muitos, à espera há várias horas do resultado da primeira votação do Colégio Cardinalício para escolher o sucessor de Francisco.
Ali ao lado, perto da estátua dos imigrantes, estava Tomásio e Rosália, dois jovens de 24 anos que, apesar de não acreditarem, insistiram em cumprir a tradição de vir “ver o fumo à Praça”.
“Os meus pais estão também ali mais perto do altar, mas eles rezam. Eu não”, afirmou Rosália, que promete vir todos os dias à Praça ver o resultado das votações.
E porquê, se não é católica? “Por curiosidade”, responde por três vezes, sem conseguir justificar mais.
“Não sei porquê, mas interessa-me saber quem será o novo Papa”, porque “o antigo [Francisco] era um homem do povo e isso é importante”, explicou.
Ao seu lado, Tomásio era também a face do cansaço, pelas duas horas de espera. “Eu queria ir embora, mas ela é que insistiu. Ela e eles”, disse, apontando para o grupo de raparigas e rapazes romanos que se juntaram para ver a votação.
A poucos metros, Sérgio Diniz é imigrante brasileiro e quis vir hoje ver o resultado. “Sempre que puder vir, venho. Vivo perto e é importante saber quem manda aqui”, disse, apontando para a Basílica de São Pedro.
Evangélico “pouco praticante”, Sérgio Diniz olha para o catolicismo com simpatia. “A Igreja é importante, porque ela foi nossa mãe, mas depois nós seguimos o nosso caminho. Somos todos cristãos”, explicou.
A espera de duas horas permitiu muitas conversas entre os peregrinos. Maria e a companheira são italianas e vieram assistir ao fumo da chaminé da Capela Sistina.
“Deveria sair de várias cores”, disse, numa alusão ao movimento LGBT.
Ao lado, uma freira italiana comentava que já tinha rezado um rosário de três terços e que tinha de recomeçar porque o fumo demorava muito.
Pelo meio, Tomasio insistia em deixar a Praça, mas Rosália queria ficar, fosse por curiosidade, fosse por se sentir mais próxima de Roma.
“Depois vamos a Trastevere [uma tradicional zona de vida noturna de Roma], mas agora ficamos aqui”, disse.
Antes do resultado final, muitos aplaudiam como que quisessem acelerar a divulgação da decisão.
“É um empurrão”, explicou um padre norte-americano que estava num grupo de seminaristas alemães.
No final, apesar da tensão dos ecrãs desligados, o fumo negro acabou por nem desiludir muito, até porque muitos, como Tomásio, só queriam que a espera acabasse.
“’OK, è nero, andiamo. Torneremo domani’” [Pronto, é negro, vamo-nos. Voltamos amanhã], respondeu Rosália aos amigos.
Com o fecho das portas, ‘extra omnes’, teve início o Conclave, que junta 133 eleitores de 70 países e, para conseguir uma vitória, o nome escolhido terá de obter 89 votos do colégio eleitoral.
Serão feitas, a partir de quinta-feira, quatro votações diárias, duas de manhã e duas de tarde. Ao final de cada conjunto de votações, os boletins serão queimados e serão adicionados químicos para garantir que o fumo seja negro, no caso de uma votação não conclusiva, ou branco, no caso de uma votação que eleja o 267.º líder da Igreja Católica.
Ao fim de três dias de votação sem uma maioria de dois terços, os cardeais suspendem a votação durante um dia.
Depois da eleição e do fumo branco, o novo Papa irá escolher o seu nome e será apresentado aos fiéis presentes na Praça de São Pedro.
Nessa ocasião, o Conclave terminará e os cardeais deixarão a Casa de Santa Marta. Só dias depois, como é tradição na Igreja Católica, é que o novo Papa irá presidir à sua missa de início de Pontificado.
Paulo Agostinho, enviado da Agência Lusa
Fumo negro na chaminé da Capela Sistina. Ainda não há novo papa
Saiu fumo negro da chaminé da Capela Sistina, ou seja, ainda não há novo papa.
Milhares de fiéis acompanharam o momento na Praça de São Pedro, no Vaticano.
O primeiro sinal de fumo estava previsto para as 19h locais (18h em Lisboa), mas só surgiu duas horas depois.
O fumo é negro porque os boletins de voto foram queimados e foram adicionados químicos para garantir que o fumo é negro, para comunicar um que a votação não foi conclusiva.
Serão feitas, a partir de quinta-feira, quatro votações diárias, duas de manhã e duas de tarde.
O Conclave junta 133 eleitores de 70 países. Para ser eleito, o cardeal escolhido terá de obter 89 votos.
Esta foi a única votação do dia e a primeira do conclave para escolher o sucessor do papa Francisco (2013-2025).
Portas fechadas, cardeais iniciam formalmente a escolha do novo Papa
Os 133 cardeais eleitores fecharam-se esta quarta-feira, pela primeira vez, na Capela Sistina, em Roma, para iniciar o Conclave eleitoral que vai escolher o 267.º Papa da Igreja Católica, sucessor de São Pedro e de Francisco.
Fechadas as portas da Capela Sistina, os eleitores impedidos de qualquer contacto com o mundo exterior.
Como já aconteceu no passado, as autoridades italianas estão a condicionar as telecomunicações para impedir qualquer passagem de informação do Conclave para o exterior.
Os trabalhos do conclave são dirigidos pelo secretário de Estado de Francisco, Pietro Parolin, por ser o primeiro da precedência hierárquica dos eleitores presentes. Pietro Parolin é também o favorito das casas de apostas entre os ‘papabilis’ (os cardeais com mais probabilidade de serem eleitos).
A ordem de votação dos cardeais também está definida pelos serviços, de acordo com a precedência de cada um na hierarquia formal do Vaticano, ficando, no caso dos portugueses, o patriarca emérito de Lisboa Manuel Clemente com o número 38, seguindo-se António Marto (59.º), Américo Aguiar (97.º) e Tolentino de Mendonça (118.º).
A numeração tem como número um Pietro Parolin, seguido pelo italiano Fernando Filoni e depois pelo filipino Luis Tagle, este último também um ‘papabili’.
Com o fecho das portas, tem início o Conclave, que junta 133 eleitores de 70 países. Para ser eleito, o cardeal escolhido terá de obter 89 votos.
Serão feitas, a partir de quinta-feira, quatro votações diárias, duas de manhã e duas de tarde.
Ao final de cada conjunto de votações, os boletins serão queimados e serão adicionados químicos para garantir que o fumo seja negro, no caso de uma votação não conclusiva, ou branco, no caso de uma votação que eleja o 267.º líder da Igreja Católica.
Ao fim de três dias de votação sem uma maioria de dois terços, os cardeais suspendem a votação durante um dia.
Depois da eleição e do fumo branco, o novo Papa irá escolher o seu nome e será apresentado aos fiéis presentes na Praça de São Pedro.
Nessa ocasião, o Conclave terminará e os cardeais deixarão a Casa de Santa Marta. Só dias depois, como é tradição na Igreja Católica, é que o novo Papa irá presidir à sua missa de início de Pontificado.
Cardeais portugueses já prestaram juramento
Os cardeais portugueses que fazem parte do Conclave já prestaram juramento. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, foi o 38.º dos 133 a fazê-lo, António Marto, bispo-emérito de Leiria-Fátima, foi o 59.º, enquanto Américo Aguiar, bispo de Setúbal, foi o 97.º, e finalmente José Tolentino Mendonça foi o 118.º a fazer o juramento.
“Extra Omnes” vai dar início ao Conclave
"Extra Omnes" é a frase que significa “tudo para fora” com a qual Dom Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas, deu início oficialmente ao Conclave. Os 133 cardeais vão ser são chamados a votar no novo papa.
Cardeais juram sobre o Evangelho antes do início do conclave
Antes de iniciar os trabalhos do conclave, os 133 cardeais eleitores juram primeiro todos juntos e depois individualmente sobre o Evangelho.
Juram ser fiéis à sua tarefa se forem eleitos e juram manter segredo sobre os trabalhos do conclave.
Cardeais fazem a procissão em direção à Capela Sistina
Os 133 cardeais eleitores seguiram em procissão até a Capela Sistina, cantando o hino Veni Creator Spiritus, que marca o início do Conclave. A primeira votação.
Os cardeais assumiram os respetivos lugres e preparam-se para a primeira e única votação do dia, cujo resultado é conhecido por volta das 18h00 em Lisboa, mais uma no Vaticano.
Quinze dos 133 cardeais estiveram em Fátima em grandes peregrinações
Quinze dos 133 cardeais que vão estar a partir de hoje reunidos em conclave, em Roma, para eleger o sucessor do Papa Francisco, já estiveram no Santuário de Fátima a presidir a grandes peregrinações.
Além dos quatro cardeais portugueses – António Marto (bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, Américo Aguiar (bispo de Setúbal e principal responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude, em 2023, em Lisboa, com o Papa Francisco), Tolentino Mendonça (prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé) e Manuel Clemente (patriarca emérito de Lisboa) -, já presidiram a grandes peregrinações naquele templo mariano (nos dias 12 e 13 dos meses de maio a outubro) outros 11 cardeais.
Segundo informação do Santuário de Fátima, entre os cardeais eleitores de língua portuguesa que já estiveram na Cova da Iria nas peregrinações com maior participação de fiéis contam-se também Arlindo Gomes Furtado (bispo de Santiago, Cabo Verde), Leonardo Steiner (arcebispo de Manaus, Brasil), Orani João Tempesta (arcebispo do Rio de Janeiro, Brasil), Sérgio da Rocha (arcebispo de Salvador da Bahia, Brasil) e João Braz de Avis (cardeal brasileiro que foi prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica).
Jean Claude Hollerich (arcebispo do Luxemburgo e presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia) e Juan Jose Omella (arcebispo metropolita de Barcelona, Espanha) presidiram igualmente a grandes peregrinações ao Santuário de Fátima, assim como o italiano Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano e considerado um dos favoritos à sucessão de Francisco (1936-2025) na bolsa de apostas.
Pietro Parolin presidiu a duas peregrinações no Santuário de Fátima, tendo estado ainda no templo por ocasião da visita do Papa Francisco a Fátima, em maio de 2017, no centenário dos acontecimentos na Cova da Iria e canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.
De outras geografias, os cardeais Luis Antonio Tagle (das Filipinas, prefeito do Dicastério para a Evangelização e também um dos ‘papabili’), Filipe Néri Ferrão (arcebispo de Goa e Damão, Índia) e Peter Turkson (arcebispo emérito de Cape Coast, no Gana, e chanceler das pontifícias academias das Ciências e das Ciências Sociais) marcaram presença no Santuário de Fátima na presidência de grandes peregrinações.
Na mesma informação, o Santuário de Fátima adiantou que no templo “todas as missas oficiais são hoje celebradas com a intenção da eleição do Sumo Pontífice e, a partir do início do Conclave e até que seja eleito o novo Papa, os peregrinos são convidados a rezar para que o Espírito Santo inspire e guie os cardeais eleitores, em todas as missas e momentos de oração”.
Já no dia da eleição, “o Santuário de Fátima expressará a sua alegria com toque festivo dos sinos da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima”, acrescentou.
Lusa
Terminou a missa 'pro eligendo Romano Pontifice'
A missa 'pro eligendo Romano Pontifice', que marca o início do Conclave para escolher o sucessor do papa Francisco, já terminou. Os cardeais irão fazer agora uma pausa para depois se reunirem na Capela Sistina ao início da tarde.
Durante a homilia, o cardeal Giovanni Re, Decano do Colégio dos Cardeais, realçou a importância da “diversidade”.
“A unidade da Igreja é desejada por Cristo; uma unidade que não significa uniformidade, mas uma comunhão firme e profunda na diversidade, desde que seja mantida a plena fidelidade ao Evangelho”, disse o cardeal Re, citado pela CNN International.
Decano dos Cardeais pede eleição do Papa que a humanidade precisa
O cardeal Giovanni Battista Re pediu hoje aos cardeais eleitores do Conclave Cardinalício que escolham o Papa de que “a Igreja e a humanidade precisam” num “momento tão difícil e complexo”.
“Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar a sua luz e a sua força, a fim de que seja eleito o Papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história”, afirmou o decano dos cardeais na basílica de São Pedro, na homilia da missa ‘pro eligendo Romano Pontifice’, a última eucaristia pública antes de os eleitores recolherem à Capela Sistina e à casa de Santa Marta, onde passarão a residir.
Ao final do dia, os cardeais eleitores, entre os quais não se inclui Re (91 anos), reunidos na Capela Sistina, farão a primeira votação e caso nenhum candidato obtenha dois terços, irá sair fumo negro da chaminé.
Para o decano dos cardeais, entre as tarefas do futuro líder católico, “conta-se a de fazer crescer a comunhão de todos os cristãos com Cristo, comunhão dos bispos com o Papa e comunhão dos bispos entre si”.
Num momento em que a Igreja está dividida numa clivagem entre progressistas e conservadores, Re considera que “é forte o apelo à manutenção da unidade da Igreja, segundo o caminho indicado por Cristo aos apóstolos”.
Contudo, essa unidade “não significa uniformidade, mas comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel” à doutrina.
Re salientou que os “cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excecional importância”, um “ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade”.
Para o decano, “o amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e as ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico no seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização”.
“A eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas”, avisou o cardeal, que pediu aos fiéis para rezarem para que seja escolhido alguém que siga a tradição dos “últimos cem anos”, que deu à Igreja “uma série de pontífices verdadeiramente santos e notáveis”.
“Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus”, pediu ainda o decano, salientando que o “mundo de hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda daqueles valores fundamentais, humanos e espirituais”.
Primeira votação acontece ainda hoje
O cardeal Giovanni Battista Re assinala esta quarta-feira o início do Conclave eleitoral para escolher o sucessor do Papa Francisco, falecido a 21 de abril, com a última missa pública dos cardeais antes de se reunirem à porta fechada.
A missa ‘Pro Eligendo Romano’ começou às 10:00 locais (09:00 em Lisboa) na Basílica de São Pedro, sendo presidida pelo decano do Colégio de Cardeais, que já havia celebrado a missa exequial do Papa Francisco, no dia 26 de abril.
Durante a tarde, os 133 cardeais eleitores vão recolher à Casa Apostólica de Santa Marta, no interior do Vaticano, e às 16:30, em procissão reúnem-se na Capela Sistina, para o início fechado do Conclave, fazendo a primeira votação.
A Capela Sistina já está preparada para a votação, a chaminé já foi colocada, os funcionários e assessores já fizeram juramento de segredo, seguindo-se hoje a mesma cerimónia para os 133 cardeais eleitores.
A ordem de votação dos cardeais também já está definida, de acordo com a precedência de cada um na hierarquia formal do Vaticano, ficando, no caso dos portugueses, o patriarca emérito de Lisboa Manuel Clemente com o número 38, seguindo-se António Marto (59.º), Américo Aguiar (97.º) e Tolentino de Mendonça (118.º).
A numeração tem como número um Pietro Parolin, o secretário de Estado do Vaticano que é também o favorito na bolsa de apostas, seguido por Fernando Filoni e depois por Luis Tagle, este último também um dos ‘papabili’.
Os serviços do Vaticano já indicaram que hoje só será feita uma votação, perto das 19:00 locais.
Para conseguir uma vitória, um dos cardeais terá de obter 89 dos 133 votos do colégio eleitoral e serão feitas, a partir de quinta-feira, quatro votações diárias, duas durante a manhã e duas durante a tarde.
No final de cada conjunto de votações, os boletins serão queimados e serão adicionados químicos para garantir que o fumo seja negro, no caso de uma votação não conclusiva, ou branco, no caso de uma votação que eleja o 267.º líder da Igreja Católica e sucessor de São Pedro.
Depois da eleição e do fumo branco, o novo papa irá escolher o seu nome e irá ser apresentado aos fiéis presentes na Praça de São Pedro.
Nessa ocasião, o Conclave termina e os cardeais deixam a Casa de Santa Marta.
Só dias depois, como é tradição na Igreja Católica, é que o novo papa irá presidir à sua missa de início de Pontificado.
O futuro da Igreja é debatido entre progressistas e tradicionalistas, com cada grupo a pedir um papa que responda às suas preocupações.
A discussão sobre mudanças estruturais na relação da Igreja com o mundo iniciada por Francisco aponta que exista uma maioria de cardeais menos conservadores, mas há muitos analistas que apontam ao jesuíta argentino a falta de alterações concretas na prática da Igreja.
Os mais conservadores acusam Francisco de ter aberto a Igreja em demasia ao diálogo, colocando em causa os alicerces da instituição.
Na sua homilia durante a missa exequial, Giovanni Battista Re (91 anos), da velha guarda dos cardeais, sublinhou o trabalho do antigo Papa na abertura da Igreja aos mais pobres e excluídos, em particular os imigrantes.
"Com o vocabulário que lhe era característico e com a sua linguagem rica de imagens e metáforas, procurou sempre iluminar os problemas do nosso tempo com a sabedoria do Evangelho, oferecendo uma resposta à luz da fé e encorajando-nos a viver como cristãos os desafios e as contradições destes anos cheios de mudanças, que ele gostava de descrever como uma 'mudança de época'", disse o cardeal Re, perante uma Praça de São Pedro cheia de fiéis anónimos e membros de mais de centena e meia de delegações oficiais.
Em mais do que um momento do seu discurso, o cardeal ouviu aplausos, particularmente quando referenciava a abertura de Francisco.
Ao longo do pontificado, o jesuíta argentino tentou promover a discussão interna, a partir das bases, sobre que mudanças executar na Igreja.
Temas polémicos como padres casados, o acesso das mulheres ao diaconado permanente, o regresso dos divorciados, o tratamento a dar aos 'gays' e a relação da Igreja com outras religiões são parte dessa discussão interna, que partiu de movimentos de leigos, denominada Processo Sinodal.
2500 jornalistas acreditados para acompanhar Conclave
A acompanhar o Conclave vai estar o mundo mediático, com 2500 jornalistas acreditados para estes dias no Vaticano, como é evidente nos vários diretos televisivos na zona em redor da Praça de São Pedro.
O número de jornalistas é tal que o Vaticano organizou uma segunda sala de imprensa para colocar os profissionais acreditados.