Foram necessárias duas horas exatas para o mundo conhecer a primeira deliberação do conclave: da chaminé instalada pelos bombeiros na sexta-feira passada foi expelida uma generosa coluna de fumo negro, indicador para os 45 mil fiéis na praça de São Pedro e para incontáveis mais mundo fora de que entre os 133 cardeais eleitores não se encontrou um candidato que recolhesse dois terços dos votos. A partir desta quinta-feira estão previstas até quatro votações diárias, duas de manhã e outras tantas à tarde. Se não causou espanto a ninguém o facto de a primeira votação ter sido inconclusiva, já a missa que antecedeu a reunião do colégio cardinalício produziu especulações em torno do secretário-geral do Vaticano e tido como um dos favoritos a suceder a Francisco na cadeira de São Pedro. A espera foi longa, e o resultado esperado. Afinal, é preciso recuar mais de 500 anos para se encontrar um conclave que tenha acabado no dia em que começou, com a eleição de Júlio II. O facto de haver um número inaudito de países representados entre os cardeais - 70 - abre o leque de diversidade e, ao mesmo tempo, pode complicar a escolha. E tem outras consequências. Segundo a agência ANSA, o facto de haver mais 18 cardeais do que no conclave anterior, recém-chegados e sem falarem italiano explica a demora no processo de votação e o anúncio do resultado ter demorado mais 1h20 do que a primeira votação ocorrida em 2013. A agência noticiosa, recorrendo a fontes no Vaticano, diz que outro fator atrasou o processo: entre o juramento de cada cardeal e depois de o mestre de cerimónias cardeal Diego Ravelli ter declarado “Extra omnes”, ou seja, ter dado ordem de saída da Capela Sistina a quem não participa na eleição, decorreu a meditação prevista no cerimonial da sede vacante. Acontece que o encarregado deste momento, que deve versar sobre a “gravíssima tarefa” dos cardeais solum Deum prae oculis habentes (apenas com Deus em mente) sob o Juízo Final, foi o frade capuchinho Raniero Cantalamessa, o qual, do alto dos seus 90 anos, tomou três quartos de hora a conduzir a reflexão cardinalícia.Coube ao decano dos cardeais, Giovanni Battista Re, de 91 anos, oficiar a missa matinal que antecedeu o conclave na basílica de São Pedro. Tal como Cantalamessa, por ser maior de 80 anos não pôde participar no conclave. Aos purpurados eleitores, o italiano fez um “forte apelo para manutenção da unidade da Igreja” Católica. “Uma unidade que não significa uniformidade, mas uma comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho”, disse. .Decano dos cardeais ignorou Francisco na missa prévia ao conclave.Leão XIV contra “ateísmo prático” num tempo em que fé é vista como "absurda". Missa inaugural a 18 de maio