O secretário de Estado das Comunidade portuguesas disse à Lusa que o Governo brasileiro lhe transmitiu “grande preocupação” relativamente à lei de estrangeiros aprovada na quarta-feira na Assembleia da República. “Essa foi claramente a grande preocupação que me foi transmitida pela senhora ministra-adjunta. Há neste momento uma grande preocupação e apreensão no brasileiro com esta alteração à leis estrangeiras e fronteiras”, afirmou na noite de quinta-feira, 17 de julho, Emídio Sousa, que realiza a sua primeira visita oficial ao Brasil, na embaixada de Portugal em Brasília.O secretário de Estado das Comunidade portuguesas reuniu-se mais cedo do palácio Itamaraty com a secretaria-geral das Relações Exteriores do Brasil, a embaixadora Maria Laura da Rocha, tendo Emídio Sousa procurado transmitir que esta lei não é contra o imigrante brasileiro.“O que eu procurei transmitir à senhora ministra é que Portugal sentiu a necessidade de olhar para a situação da imigração com muita urgência, porque recebemos nos últimos seis anos, cinco, seis anos, um excesso de pessoas e que este processo completamente desregulado que estava a acontecer, não estava a ser bom nem para quem procura Portugal, nem para quem lá está”, disse, frisando que “estava a ser, do ponto de vista humanista, mau”.“Nós como país, um Estado de direito que somos, um país humanista, um país de imigrantes que somos, e fomos e seremos” e onde “as questões sociais são levadas muito a sério”, não pode “aceitar que as pessoas cheguem a Portugal e não tenham condições dignas de vida”, sublinhou Emídio Sousa. “Nós queremos e vamos continuar a precisar de receber imigrantes em Portugal”, garantiu o secretário de Estado, até porque existem vários setores de atividades económicas que precisam da força de obra imigrante.“Nós temos essa plena consciência e queremos continuar a receber imigrantes, só que não pode ser desta forma absolutamente descontrolada, que provocou fenómenos que nós já tínhamos erradicado há anos”, insistiu o responsável, acrescentando que “o país manifestamente não tinha nem tem condições assim imediatas para responder a esta avalanche de pessoas".Emídio Sousa, desta forma, disse que procurou transmitir que “não é nada nem de perto nem de longe contra o imigrante brasileiro” até porque a comunidade brasileira “sempre bem vista e bem vinda a Portugal”. “É muito mais pela defesa da dignidade do imigrante”, afirmou.Possível reciprocidadeQuanto a possíveis medidas de reciprocidade por parte do Brasil já admitidas numa entrevista à Lusa no início de julho por parte do ministro da Justiça brasileiro, Emídio Sousa demonstrou preocupação. “Embora eu pense que há aqui a consciência da parte dos governantes do Brasil que Portugal não depende exclusivamente da sua vontade” porque Portugal está inserido no espaço Schengen e por isso sujeito “a regras que não são apenas de Portugal, são da União Europeia”.“Eu penso que os governantes brasileiros também têm essa consciência e eu espero que haja toda uma consciência, uma razoabilidade, em qualquer medida, que perceba este condicionamento que Portugal tem”, disse.A visita do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas ao Brasil decorre de 10 a 21 de julho, abrangendo cinco cidades ao longo de 12 dias. Já esteve no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, seguindo-se agora Salvador e Recife, numa agenda que pretende reforçar laços culturais, institucionais e aproximação às comunidades portuguesas..Governo fecha as portas ainda mais à imigração. “Economia terá que se adaptar”, diz ministro.Com apoio do Chega, Governo aprova no Parlamento pacote anti-imigração em 16 dias úteis