Portugueses da flotilha estão bem de saúde, mas embaixadora fez protesto. PM admite atraso na deportação
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Portugueses da flotilha estão bem de saúde, mas embaixadora fez protesto. PM admite atraso na deportação

Montenegro espera regresso de portugueses "o mais rápido possível". Ministro da Segurança Nacional de Israel classificou como “terroristas” os ativistas da Flotilha Global Sumud.
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"Estão bem apesar das condições difíceis", disse a embaixadora de Portugal em Israel depois de visitar os quatro portugueses da Flotilha Global Sumud detidos por Israel, segundo uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros enviada à Lusa esta sexta-feira, 3 de outubro.

"Não foram sujeitos a violência física, não obstante queixas várias - queixas estas que levaram a um protesto imediato por parte da embaixadora de Portugal em Israel", diz o MNE.

A embaixadora Helena Paiva visitou os portugueses no centro de detenção e confirmou que estes se encontravam "bem de saúde apesar das condições difíceis e duras à chegada ao porto de Ashdod e no centro de detenção".

Os 473 tripulantes das embarcações da Flotilha Global Sumud que foram detidos pelas forças navais israelitas, entre os quais os quatro portugueses, foram transferidos para uma prisão no deserto de Negev, no sul de Israel após a detenção, segundo anunciou esta sexta-feira, 3 de outubro, a equipa jurídica que apoia a flotilha, a Adalah.

Loubna Yuma, advogada da Adalah, adiantou à agência de notícias EFE que os ativistas foram levados para a prisão de Saharonim, de onde serão provavelmente deportados para os países de origem.

A dirigente bloquista Marisa Matias tinha anunciado durante a manhã ter recebido do Ministério dos Negócios Estrangeiros a informação de que a embaixadora portuguesa em Israel estava a caminho do centro onde estão detidos os portugueses em Israel.

Infelizmente não há muitas informações novas, a informação que nos chega neste momento a é de que a embaixadora de Portugal em Israel está a aproximar-se do centro de detenção para entrar em contacto com os tripulantes que estão detidos mas pouco se sabe para além disso”, disse numa ação de campanha em Condeixa-a-Nova, defendendo que “Portugal tem de ter mão firme e o Governo português tem de ter uma posição firme, neste caso em concreto, para exigir a libertação [dos tripulantes]”, disse.

Entretanto, Luís Montenegro já tinha referido que a embaixadora estava a visitar os portugueses "à guarda das autoridades israelitas", manifestando a expectativa de que regressassem a Portugal "o mais rápido que seja possível".

"Nós estamos a fazer tudo para acompanhar a situação, para contribuir para que eles possam regressar ao nosso território o mais rápido que seja possível. A última informação de que disponho é de que a nossa embaixadora em Telavive estará por esta altura a contactá-los diretamente com vista a agilizar precisamente este procedimento", disse o primeiro-ministro, à margem de uma iniciativa autárquica na Nazaré.

O líder do Governo admitiu que o regresso dos portugueses poderá acontecer a "uma velocidade não tão elevada como gostaríamos". "A minha perspetiva é que muito rapidamente esse assunto possa estar ultrapassado e que haja condições para haver um regresso tranquilo, normal", frisou.

Por outro lado, o ministro da Segurança Nacional de Israel classificou como “terroristas” os ativistas da Flotilha Global Sumud, durante uma visita aos detidos no porto israelita de Ashdod.

“Estes são os terroristas da flotilha. São terroristas”, insistiu o ultranacionalista Itamar Ben Gvir, de acordo com um vídeo divulgado nas redes sociais, em que acrescenta que os ativistas “apoiam assassinos” e que o seu objetivo não era ajudar os palestinianos, mas sim “os terroristas de Gaza”.

“São terroristas, apoiam o terrorismo”, continuou a insistir, enquanto alguns dos detidos, que se encontram a aguardar deportação, gritavam “Palestina livre”.

O governante israelita adiantou ainda que a situação a bordo de uma das embarcações “era um caos” e alegou que não havia ajuda humanitária.

“Tudo era uma grande festa. Não vejo nada aqui. Não há ajuda e não há missão humanitária”, declarou Ben Gvir, que tutela a Polícia de Israel no Governo liderado por Benjamin Netanyahu, composto por forças da direita radical e partidos ultraortodoxos.

MNE de Itália diz que Israel quer repatriar ativistas "através de uma única medida de expulsão forçada"

Antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália disse que o Governo de Israel pretende repatriar todos os tripulantes da flotilha "através de uma única medida de expulsão forçada".

Antonio Tajani explicou que os ativistas deverão ser deportados "a bordo de dois voos fretados", nas próximas segunda e terça-feira, "em duas capitais europeias", que deverão ser Londres e Madrid.

Fontes da diplomacia de Itália confirmaram que um total de 46 cidadãos italianos, entre os quais quatro deputados e três jornalistas, estavam entre os detidos, mas que se encontravam "bem". Os quatro deputados já foram inclusivamente transferidos para o aeroporto de Telavive, para embarcar num voo regular para Roma.

Tajani explicou que, assim que os procedimentos de identificação estiverem concluídos, os restantes ativistas serão transferidos de autocarro para o centro de detenção de Ketziot, no sul de Israel, perto da cidade de Bersheva, onde esta sexta-feira receberão visitas consulares.

Entre os quase 500 detidos estão quatro portugueses: a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.

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Intercetado último barco da flotilha

Já esta sexta-feira, o último barco da Flotilha Global Sumud, o Marinette, foi intercetado pelas forças israelitas. A interceção ocorreu depois de a embarcação, de bandeira polaca e supostamente com seis pessoas a bordo, ter sofrido problemas mecânicos, o que a fez atrasar em relação à restante flotilha.

Horas antes, a organização da iniciativa havia anunciado que o Marinette continuava a navegar, mas que esperava ser intercetada em breve. "Ela sabe o que a espera", escreveu nas redes sociais.

"Se o barco se aproximar, a sua tentativa de entrar numa zona de combate ativa e quebrar o bloqueio será igualmente impedida", já tinha anunciado o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel na quinta-feira.

A embarcação estava a menos de 100 quilómetros da costa do enclave palestiniano ao início da manhã desta sexta-feira, de acordo com a geolocalização partilhada no portal da flotilha na Internet. Pouco depois, surgiu como "intercetado".

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