Netanyahu diz que Israel irá controlar toda a Faixa de Gaza. Novos ataques israelitas fazem 22 mortos
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Netanyahu diz que Israel irá controlar toda a Faixa de Gaza. Novos ataques israelitas fazem 22 mortos

Governo turco apelou à comunidade internacional "medidas eficazes e decisivas contra Israel para garantir a paz e a segurança regionais".
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, fez saber esta segunda-feira que Israel vai controlar toda a faixa de Gaza depois de anunciar que o país vai permitir a entrada de uma quantidade limitada de ajuda humanitária em Gaza, após um bloqueio de quase três meses, para evitar uma “crise de fome”. Israel “vai apoderar-se de toda a Faixa de Gaza, é isso que vamos fazer”, declarou.

Netanyahu afirmou ainda que Israel pretende impedir o grupo islâmico Hamas de saquear a ajuda humanitária.

“Israel autorizará a entrada de uma quantidade básica de alimentos destinados à população, a fim de evitar o desenvolvimento da fome na Faixa de Gaza sitiada”, indicou, no domingo, gabinete de Benjamin Netanyahu, citado pela AFP.

Já esta segunda-feira, Netanyahu justificou a decisão de retomar a distribuição de ajuda humanitária ao enclave ao afirmar: “Não podemos chegar a uma situação de fome”, disse numa mensagem em vídeo, admitindo a pressão da comunidade internacional face à ofensiva militar no território palestiniano. “Substancialmente e diplomaticamente, não teremos apoio e não conseguiremos completar a missão de vitória”, disse, citado pela imprensa internacional.

"Senadores que conheço como apoiantes de Israel... dizem: ‘Vamos dar-vos toda a ajuda de que precisam para ganhar a guerra... mas não podemos estar a receber imagens de fome [em Gaza]’”, reconheceu Netanyahu.

Desta forma, “para completar a nossa vitória, para derrotar o Hamas e libertar os reféns, não podemos chegar a um ponto de fome”, frisou.

Na mensagem em vídeo publicada na plataforma Telegram, Netanyahu explicou que tinha suspendido as entregas de ajuda humanitária após saber que o Hamas estava a desviar o fornecimento.

O primeiro-ministro israelita disse que agora vai permitir a entrada de ajuda humanitária no território palestiniano, através de um novo método de distribuição que abrange centros de ajuda com proteção das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) e cooperação dos EUA. “Isto leva tempo”, afirmou Netanyahu, dando conta que os primeiros centros estarão a funcionar nos próximos dias.

Netanyahu disse ainda que Israel vai controlar todo o território da Faixa de Gaza. "Não vamos desistir", assegurou. Mas, para termos êxito, temos de agir de uma forma que não possa ser travada", vincou o chefe do governo israelita.

Entretanto, os ataques israelitas contra o enclave palestiniano continuam. Pelo menos 22 pessoas morreram esta segunda-feira na ofensiva israelita na Faixa de Gaza, sobretudo próximo de Khan Yunis, quando a Turquia voltou a apelar à comunidade internacional que trave a grande ofensiva de Israel no enclave palestiniano.

"O número de mortos é de 22. O exército de ocupação israelita realizou uma série de ataques aéreos violentos em Khan Yunis (sul) hoje pela manhã, particularmente em redor do Hospital Nasser", disse à AFP o porta-voz da Defesa Civil na Faixa de Gaza, Mahmoud Bassal.

Testemunhas disseram à AFP que houve confrontos perto do centro hospitalar, cujo edifício acabou por sofrer muitos danos.

No norte da Faixa de Gaza, várias pessoas foram também mortas. Pelo menos duas pessoas morreram num ataque com ‘drone’ a uma tenda que albergava pessoas deslocadas pela guerra.

"Vários mártires foram mortos pelas forças de ocupação no pátio do Hospital Indonésio no norte de Gaza (...)", disse Bassal à AFP.

Este hospital, localizado em Beit Lahia (norte), está cercado pelo exército israelita há vários dias. Contactado pela AFP, o exército israelita não comentou de imediato estes ataques.

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O Governo turco, liderado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, pediu hoje à comunidade internacional que interrompa a intensa operação militar realizada por Israel na Faixa de Gaza.

"É de extrema importância que a comunidade internacional tome medidas eficazes e decisivas contra Israel para garantir a paz e a segurança regionais. Instamos a comunidade internacional a agir em conformidade com as suas obrigações legais e humanitárias", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco em comunicado.

"A extensa operação terrestre de Israel em Gaza prejudica todas as tentativas de alcançar a paz e a estabilidade" quando as negociações estão em curso, indicou o Ministério turco, que instou à "cessação imediata de todas as operações, entrada de ajuda humanitária em Gaza e um cessar-fogo urgente".

O comunicado refere-se à nova ofensiva terrestre lançada por Israel no fim de semana enquanto decorrem negociações no Qatar para um acordo entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas para terminar com a guerra em Gaza, que teve início em outubro de 2023.

Um intenso bombardeamento na noite de sábado matou mais de 100 residentes de Gaza, incluindo dezenas de crianças, e obrigou ao encerramento do último hospital em funcionamento no norte de Gaza.

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