Exército israelita anuncia novas operações terrestres em Gaza. Ataques fazem mais de 100 mortos neste domingo
O exército israelita afirmou este domingo ter iniciado extensas operações terrestres no norte e no sul de Gaza como parte de um nova ofensiva de larga escala no território palestiniano. As forças terrestres israelitas estão a ser apoiadas pela força aérea do país.
Numa publicação na rede scocial X, as Forças de Defesa de Israel (IDF) escreveram
"Na semana passada, a IAF [força aérea israelita] conduziu uma onda preliminar de ataques, atingindo mais de 670 alvos terroristas do Hamas em Gaza para interromper os preparativos inimigos e apoiar as operações terrestres.
A IAF continua a fornecer suporte consistente às tropas operacionais em Gaza.
Até agora, as tropas eliminaram dezenas de terroristas, desmantelaram instalações de infraestrutura terrorista acima e abaixo do solo e estão atualmente a ser mobilizadas para posições-chave em Gaza.
As IDF continuarão a operar contra as organizações terroristas em Gaza, conforme necessário, para defender os civis israelitas."
De acordo com a agência de notícias norte-americana AP, o comunicado das forças armadas de Israel surge para pressionar o Hamas a concordar com os termos dem um acordo de cessar-fogo proposto por Israel.
A comunicação do exército israelita surge num dia em que pelo menos 107 pessoas morreram, neste domingo, em novos bombardeamentos israelitas sobre a Faixa de Gaza, segundo informou o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. As mortes ocorreram entre a meia-noite e o meio-dia, em diferentes regiões do enclave palestiniano: 28 no norte, 8 na Cidade de Gaza, 21 na região central e 50 no sul, segundo adianta a agência espanhola EFE.
A ofensiva intensificada do exército de Israel ocorre no contexto da operação militar denominada "Carruagens de Gideão", que tem avançado sobre várias áreas de Gaza nos últimos dias. Só no sábado, 153 pessoas morreram em ataques semelhantes, segundo a mesma fonte, enquanto o governo israelita tem uma delegação no Qatar para negociar um cessar-fogo com o Hamas.
Netanyahu aberto a acordo para fim dos combates
O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu indicou este domingo que Israel está aberto a um acordo com o Hamas que inclua "o fim dos combates" em Gaza. “Neste exato momento, a equipa de negociação em Doha está a trabalhar para esgotar todas as possibilidades de um acordo — seja dentro do espírito da proposta (do enviado especial dos EUA, Steve) Witkoff seja como uma parte do fim dos conflitos, o que incluiria a libertação de todos os reféns, o exílio dos terroristas do Hamas e o desarmamento da Faixa de Gaza ”, disse o gabinete de Netanyahu, em comunicado.
“Graças à política (de Netanyahu) de exercer pressão militar e diplomática, o governo conseguiu até agora trazer para casa 197 reféns e está a fazer todo o possível para devolver os 58 cativos restantes”, disse o gabinete do primeiro-ministro.
Enquanto isso, os ataques prosseguem no terreno. Um dos episódios mais letais das últimas horas aconteceu no fim da noite de sábado, quando drones israelitas atingiram acampamentos de deslocados internos na região de Mawasi, no sul da Faixa de Gaza. Pelo menos 34 pessoas morreram nesse ataque, segundo autoridades médicas palestinianas.
Mawasi era considerada uma "zona segura" até ao quebrar do cessar-fogo em 18 de março, abrigando centenas de milhares de pessoas forçadas a fugir de outras partes do território.
Segundo informa a agência EFE, vídeos partilhados nas redes sociais mostram civis a tentar resgatar feridos e a apagar incêndios com areia, num cenário de caos e destruição.
As tropas israelitas também avançaram sobre Deir al-Balah, no centro de Gaza, uma área até então fora das incursões terrestres e onde operam diversas organizações humanitárias internacionais.
Desde o início da ofensiva israelita em 7 de outubro de 2023, mais de 53.300 palestinianos foram mortos em Gaza, de acordo com autoridades locais. A campanha militar de Israel começou como retaliação a um ataque coordenado pelo Hamas, que provocou cerca de 1.200 mortos em Israel e resultou no sequestro de 251 pessoas.