Israel e Hamas retomam negociações de cessar-fogo, com bombardeamentos intensos em Gaza
Israel e o grupo palestiniano Hamas retomaram neste sábado as negociações de cessar-fogo em Doha, no Qatar, enquanto as forças israelitas intensificam a sua ofensiva sobre a Faixa de Gaza, numa das fases mais violentas da guerra até agora.
Segundo as autoridades de saúde palestinianas, pelo menos 146 pessoas morreram nas últimas 24 horas sob bombardeamentos contínuos de Israel, elevando o número de mortos desde o final do último cessar-fogo, em março, para mais de 53.000. Outras centenas de pessoas ficaram feridas ou presas sob os escombros, enquanto os hospitais trabalham à beira do colapso.
Apesar das negociações, o exército israelita anunciou a mobilização de tropas para uma nova ofensiva terrestre massiva. O governo de Netanyahu afirma que o objetivo é alcançar “controlo operacional” sobre amplas zonas de Gaza, ao mesmo tempo que mantém o bloqueio total à entrada de bens no enclave desde março.
O conselheiro de imprensa do Hamas, Taher Al-Nono, confirmou este sábado à agência Reuters que as conversações para um cessar-fogo foram retomadas "sem pré-condições". A delegação do grupo palestiniano apresentou exigências como o fim da guerra, a retirada israelita de Gaza, troca de prisioneiros e a entrada imediata de ajuda humanitária.
Israel, por sua vez, confirmou a participação nas negociações em Doha, com foco prioritário na libertação dos reféns israelitas ainda detidos pelo Hamas desde o ataque de 7 de outubro de 2023. No entanto, o ministro da Defesa, Israel Katz, reforçou que Telavive não aceitou interromper os combates nem suspender o bloqueio como condição prévia.
Enquanto isso, ataques aéreos israelitas continuam a atingir com força o norte de Gaza. No total, 459 pessoas ficaram feridas apenas neste sábado. O Hamas acusa Israel de executar uma "campanha sistemática de extermínio" e apela à ação urgente dos líderes árabes reunidos numa cimeira em Bagdade, no Iraque.
Guerra sem fim à vista
O governo de Benjamin Netanyahu insiste que a campanha militar vai continuar até que o Hamas seja totalmente desmantelado — tanto a nível militar como político. O ataque inicial do grupo, em outubro de 2023, matou cerca de 1.200 pessoas e levou à captura de 250 reféns, desencadeando o conflito atual. As negociações em Doha podem representar uma nova tentativa de trégua.